Super Nojo II

Há dois anúncios da Super Bock Stout em discussão: o da televisão e o dos mupis. Aquilo que penso sobre o da tv está aqui. Sobre o outro, estou de acordo com o Bruno.
Há, no entanto, um pormenor que gostava de salientar no anúncio do mupi. Aqui, a mulher nem cara tem. Aceitando que os «olhos são o espelho da alma», esta mulher não existe sequer como sujeito. É apenas corpo. Falamos, portanto, de sexismo explícito.
Sobre a questão do poder que cada sexo tem, gostava de dizer que o dito poder da mulher não é verdadeiramente poder (se o fosse, há muito que seria cobiçado). O que as mulheres têm são pequenas margens de poder, como todos os grupos subordinados. A forma como o usam poderá, ou não, constituir-se em agência. E, que me lembre, não foram as mulheres que escolheram o poder doméstico; ficaram com os restos, com aquilo que ninguém quis. É que o poder público dá prestígio, estatuto, e o poder doméstico dá canseira.
Também me chateia essa exigência de excelência, que faz certo discurso meritocrático (às vezes envergonhado), para consentir às mulheres a entrada na esfera pública. O mundo não será necessariamente melhor se houver paridade ou se todo o poder estiver nas mãos das mulheres. Mas também há mais mundo para lá do mito de que os grupos subordinados apenas reproduzem o poder dos seus opressores. O mundo será necessariamente diferente porque a partilha do poder altera a natureza do próprio poder.

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