Topete

Relativamente à indignação de muito boa gente com o anúncio da Super Bock, subscrevendo em grande medida a posição do Diogo Augusto, acrescentaria que o problema não está no objecto da mensagem publicitária, nem naquilo que ele simultaneamente testemunha e prescreve. São contas de outro rosário e a sociologia sabe há muito que os estereótipos não circulam por mero acaso ou por extravagância de fulanos ricos, brancos e mal-intencionados. O problema está nas derivas regulacionistas que muita da contestação política ao (sub)texto publicitário tende a alimentar e nessa matéria não alinho nem em chantagens judiciais (como já aconteceu) nem em respeitinhos cagões à la Freitas do Amaral. Se o anúncio é foleiro e sexista? É e não é pouco. Mas a liberdade tem destas coisas. Habituem-se.

12 comentários:

  1. Caríssimo, esses gritos pela liberdade estão-se a tornar numa paranóia de feição particularmente histriónica. Mas alguém está a contestar a liberdade de outrem a pretexto da stout? (faço fé que ninguém, mas posso estar errado). Sendo que sexismo e publicidade são grandemente redundantes, a questão interessante neste anúncio é exactamente o modo como esse sexismo assume carácter explícito e boçal (é essa boçalidade que o demarca dos anúncios da Martini, bons exemplo).

    A ser assim, parece-me sensato expor o estereótipo contra o anunciante que julgava capitalizá-lo. Ou seja, se o público alvo do anúncio são homens, um pouco mais de subtileza seria suficiente para não perder o público feminino e, já agora, o público masculino mais sensível à cristalização caricatural de papeis. Azar.

    A liberdade é o anunciante usar o seu dinheiro para fazer os cartazes e spots que quiser, mas a liberdade também é podermos permitir-nos a expor o ridículo boçal do anúncio numa contra-campanha home made. Nenhuma censura, nenhum proibicionismo, parece-me.

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  2. Concordo inteiramente. Todo o estardalhaço é bem-vindo, com a devida observância da sua eventual boçalidade. Tu é que alinhas em futebóis... ;)

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  3. Bruno, quanto à eficácia do anúncio, acho que podemos confiar no anunciante, não?

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  4. Diogo,

    A ideia que o racionalismo capitalista é uma optimização infalível, resultado de uma de depuradíssima selecção natural é - como temos visto com frequência - falsa. Até porque, para manter a analogia cara a muito economicismo, as condições do meio são voláteis. Por exemplo, se uma campanha contra a stout viesse a emergir com alguma visibilidade teríamos uma mudança de perspectiva pública - má publicidade, no fundo - que decerto baralharia as contas aos anunciantes.

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  5. Alinho em futebóis? Pois sim, e até aprecio o feminino, vejam só :).

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  6. Certo. Não ponho isso em causa, mas enternece-me a preocupação, só isso. :)

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  7. Catarina Carneiro de Sousa25 de fevereiro de 2010 às 21:10

    Mas nós estamos mais do que habituadas!
    Eles podem fazer os anúncios idiotas que quiserem e eu posso dizer que os anúncios são idiotas, a liberdade tem destas coisas: dá para os dois lados!
    É claro que os esteriótipos não circulam por mero acaso, fazem parte de uma relação de poder muito anterior à publicidade, mas esta ajuda e perpetuá-los (se calhar até ajuda mais nas subtis do que nestas idiotices).
    O que acontece com esta publicidade é que me insulta! É estúpida e vulgar.

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  8. sociologia? isso nao é aquela coisa de brincar aos inquéritos?

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  9. Claro que o sexo vende. Então porque tanto alarido com a publicidade da ILGA? Ainda não percebi. Será que é porque quem consome Super Bock reproduz automaticamente? :O

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  10. Eu acho é que ela é bem boa!

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  11. Desculpem lá, mas alguém sério bebe Super Bock? Cerveja é Sagres, ponto.

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