O Sindicalista Van Zeller

Estava o país mergulhado numa profunda apatia até que o salário e os prémios de António Mexia o despertaram dessa terrível modorra.
Felizmente que António Mexia é sindicalizado, na CIP, e que o seu delegado sindical saiu em sua defesa. Francisco Van Zeller (ex-patrão dos patrões, convertido agora em conselheiro para a internacionalização da economia, do Ministério da Economia) não só manifestou a sua preocupação com a fuga para o estrangeiro dos gestores, como defendeu que os contratos assinados são para cumprir. Não podia estar mais de acordo. Premonitoriamente, sei-o agora, defendeu até o alargamento do subsídio de desemprego a gestores e administradores.
Abelhuda como sou, e temendo ter sido injusta com FVZ todos estes anos, fui em busca de algumas das suas tomadas de posição sobre alterações das regras a meio do jogo. Debrucei-me sobre a Função Pública e deparei-me ora com um enorme muro de silêncio, ora com uma anuência comprometida relativamente aos ataques aos direitos, que FVZ gosta de denominar por privilégios, das e dos funcionários públicos. Defendeu o congelamento de salários, opôs-se ao aumento de 25 euros do salário mínimo nacional, nada disse quanto à lei dos e das disponíveis, etc. Afinal, a alteração das regras a meio do jogo não é uma bitola que FVZ aplique uniformemente. Bem sei que me responderia que a EDP é uma empresa que dá lucro e que o Estado, ao invés, dá prejuízo. Mas o problema é esse mesmo: o Estado não só não é uma empresa como tem responsabilidades sociais acrescidas. Apesar da burguesia nacional bradar constantemente contra o Estado, também sabemos que dele depende em absoluto. Disso nos dá conta VFZ precisamente quando defende o alargamento do período de lay-off até aos 18 meses.
Acredito que seja complicado viver nessa tensão de não saber que bitola aplicar, mas FVZ tem-no feito com extrema mestria.

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