O Sr. Ratzinger não tem mão no seu rebanho

8 comentários:

João Amaro Correia disse...

depreendo que a andrea - belíssima grafia, a deste nome - é uma avançada modernaça para quem é irrelevante tudo o que fuja ao controlo da racionalidade mais jihadista?

j

Andrea Peniche disse...

Darei conta a meus pais do seu elogio à grafia do meu nome!
Aquilo que me alegra é saber que a prática e o pensamento dos católicos e das católicas transgride a mordaça e os grilhões da doutrina do Vaticano. Isso, sem dúvida, é para mim motivo de alegria e esperança.

João Amaro Correia disse...

andrea, permita-me, a "mordaça e os grilhões da doutrina do Vaticano" são calabouços para voluntários, apenas. voluntários.
que tenha conhecimento, nas sociedades liberais ocidentais - essas, as herdeiras da cultura judaico-cristã e do iluminismo - só se submete à "mordaça e os grilhões da doutrina do Vaticano" quem quer.
talvez a hipocrisia viva mais nessa elegíaca vanguarda que celebra que nos corredores que tresandam cheiro a vela e a incenso, do vaticano.

j

Anônimo disse...

Habemos catolico ressabiado

João Amaro Correia disse...

onde?, onde?


j

Miguel Serras Pereira disse...

As sociedades ocidentais são herdeiras de muitas coisas, muitas criações históricas, nem sempre concordantes, e por vezes, o que é mais importante, antagónicas. Assim, um dos mais conhecidos pensadores das Luzes, o autor do Dicionário Filosófico, que assinava com o pseudónimo de Voltaire, fizera divisa sua as palavras (referidas à Igreja de Roma) : "écrasez l'infâme" - "esmagai a infame".
Não se trata de discutir aqui - pode ficar para outra altura - a exortação de Voltaire. Trata-se de não falsificar a história.
Historicamente, outra verdade elementar é que a liberdade religiosa que vamos tendo, desde o 25 de Abril de 1974 - embora a laicização democrática permaneça por cumprir, e a religião em geral, e a Igreja de Roma em particular, gozem de prerrogativas abusivas -, não foi livremente consentida nem, por maioria de razão, promovida pela Santa Sé, mas teve de lhe ser imposta por vários movimentos de reivindicação de liberdades e direitos que a mesma Santa Sé considerava ímpios. A separação entre a Igreja e o Estado foi igualmente imposta à primeira… e acho que não vale a pena continuar.

msp

Diogo disse...

MSP,

Concordo consigo quando diz que "trata-se de não falsificar a história".
É por isso que deveria ser mais prudente nas suas análises porque aquilo que diz sobre a relação entre Igreja e Estado antes do 25 de Abril é, pura e simplesmente, falso.
1ºO Estado Novo não só manteve o regime de separação (separação não é opressão) entre Igreja e Estado que aliás já vinha dos ultimos tempos I Republica (quando esta percebeu que hostilizar a Igreja era hostilizar milhões de portugueses), como celebrou uma Concordata que, se comparada com outras da altura, nem sequer foi nada meiga com a Igreja.
2ºCarta do Bispo do Porto Ferreira Gomes de hostilização do regime(deu exílio). Roma não o substituiu para dar um sinal de força.
3ºO Papa Paulo VI recebeu os líderes dos movimentos de libertação em Roma e já antes havia ido à Índia portuguesa depois da independência em 1963.
4ºA contribuição dos católicos foi importantíssima para a queda do Estado Novo e, sobretudo, para a sobrevivência da democracia depois do 25 de Abril (o Tiago saber-lhe-á explicar a importância das elites católicas naquele contexto muito melhor do que eu.)

Miguel Serras Pereira disse...

Diogo,
eu não propus uma análise das relações complexas e que foram variando ao longo de tempo entre a Igreja e o Estado Novo. Nem sequer estava a pensar particularmente na história desta região da Península. E, por outro lado, o horizonte temporal da leitura que indico é multisecular e muito mais amplo.
Historicamente, os passos dados no sentido da destituição política da Igreja de Roma, da sua exclusão de postos e prerrogativas da maior importância nos aparelhos hierárquicos de exercício do poder temporal, foram dados contra a vontade da Santa Sé e apesar da sua oposição. E isso, com as adaptações necessárias, vale também para o caso português.Dizer que durante o Estado Novo reinava liberdade religiosa ou, em geral, de consciência é pelo menos irresponsável. Sustentar que a Igreja não beneficiava de um estatuto privilegiado pelas leis portuguesas é absurdo: a lei que proibia os que tivessem casado religiosamente de obterem o divórcio civil e de voltarem a contrair matrimónio, por exemplo, só foi abolida depois do 25 de Abril… É evidente que muitos católicos - que contaram com pouca solidariedade e muita hostilidade por parte da hierarquia no seu conjunto - fizeram o que puderam para derrubar a ditadura e por democratizar a Igreja ou para, pelo menos, a "desconstatinizar". Mas seria ridículo que a Igreja reivindicasse um papel de oposição à ditadura: os próprios católicos oposicionistas sempre contestaram, de resto, a "corina de incdenso" (Eduardo Lourenço) que maioritariamente os seus pastores e, sobretudo, maioraiss puseram ao serviço do regime.
Bom, o espaço não me permite continuar… Acrescento apenas que é visível que o Diogo e eu não entendemos a mesma coisa por democracia, e que isso não facilita a discussão no contexto de uma caixa de comentários. Mas tentei fazer o que pude.
Saudações republicanas

msp

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