Os milhares de portugueses e portuguesas que residem em França estão incluídos neste pacote. E não será o facto de Sarkozy ter casa de férias na Comporta e usar sapatos de luxo made in Portugal que os dispensará do respectivo chuto no rabo.
Nos anos 1990, Le Pen parecia um anacrónico fascista em ascenção; alguns anos depois, o discurso da Frente Nacional é legitimado pelo actual presidente e convertido em lei.
Mas a escalada securitária está a provocar não só o esfrangalhamento da UMP como a questionar a própria estabilidade governativa. Alain Juppé, presidente da câmara de Bordéus e ex-primeiro-ministro, perguntava, a propósito da proposta de revogação da nacionalidade francesa a quem atente contra as autoridades: «É mais grave matar um polícia quando se é francês, bretão, há X gerações ou quando o somos de segunda geração magrebina?». Villepin e Raffarin, mais dois ex-primeiros-ministros da UMP, criticaram-no publicamente. Bernard Kouchner, ministro dos negócios estrangeiros confessou que ponderou demitir-se na sequência do escândalo das expulsões; Hervé Morin, ministro da defesa, denunciou o «discurso do ódio, do medo e dos bodes-expiatórios»; Fadela Amara, secretária de Estado, manifestou-se contra as propostas relativas à perda da nacionalidade; e até François Fillon, primeiro-ministro, reconheceu um certo mal-estar na maioria governamental e criticou certas propostas desta política securitária.
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