amanhã, na praça da liberdade

Amanhã é dia de Greve Geral. É a primeira, destas assim mesmo gerais, em que participo. Eu, que sou trabalhadora do sector privado, deparo-me com a necessidade de ter de explicar que fazer greve não é necessariamente combater o «nosso» patrão. O que está em causa é muito mais do que a nossa relação laboral com o patrão que nos emprega. O que está em causa são as escolhas feitas pelo Governo, com o apoio dos partidos da oposição do dito arco governativo, e que estrangulam as nossas vidas. As razões para aderir à Greve são várias e diversificadas, de tal modo que todos e todas cabemos neste apelo.
Reclamas porque te cortaram o abono? Reclamas porque apesar de estares no desemprego não tens direito ao subsídio? Reclamas porque te congelaram a pensão? Reclamas porque tens mais mês do que salário? Reclamas porque aumentaram os impostos? Reclamas porque te vão cortar o salário? Reclamas porque nos roubaram o Teatro Nacional de São João? Reclamas porque a banca te aumentou o spread? Reclamas porque não consegues um contrato de trabalho? Reclamas porque vives em regime de falsos recibos verdes? Reclamas porque apesar de ainda não teres acabado o curso já te estão a cobrar o empréstimo? Reclamas porque ficaste sem bolsa? A resposta é Greve Geral.

Fazer greve é transformar este permanente estado de indignação em resposta colectiva. Uma greve geral é isso mesmo, é a expressão da recusa e da alternativa. Amanhã é dia de dizermos que não engolimos o discurso da inevitabilidade, que não aceitamos a austeridade socialmente selectiva, que recusamos uma política de competitividade feita à custa de reduções salariais e de baixos salários. Amanhã é dia de nos afirmarmos como alternativa ao pensamento único e ao discurso da inevitabilidade.

Porque recuso a atomização, porque não dispenso de ânimo leve um dia do meu salário, porque vivo numa cidade onde o presidente da Câmara manda arrancar das fachadas dos sindicatos o apelo à greve geral, porque trago muita coisa entalada na gargante, amanhã vou juntar-me ao protesto no Porto, marcado para as 14h30, na Praça da Liberdade. Em nome da justiça e do direito ao futuro.

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