o derby

Diz a imprensa que uma equipa do FMI tem andado a aterrar na Portela para vir reunir em salas soturnas com altas entidades portuguesas. Com o frio que está, os aquecedores devem estar ligados no máximo, o que sendo ruinoso para as contas públicas é até bastante simpático para os accionistas da EDP.

Parece-me um desperdício que uma equipa inteira do FMI se desloque ao nosso país e que não aproveitemos para organizar uma partidinha de futebol. Aliás, pode até ser interpretado como mau perder por causa daquela coisa em que a Rússia passou a perna à Ibéria. Cedíamos o Jamor e até podíamos inventar um novo imposto sobre o vinho e as bifanas, que reverteria para o tal fundo de apoio ao desemprego, tão ao gosto dos patrões e do FMI, aquele que obriga quem trabalha a pagar o seu próprio despedimento, financiado com o dinheiro dos impostos e da segurança social.

A equipa do FMI parece que é capitaneada por um iraniano a viver há vários anos nos EUA. Espero ansiosamente que a Wikileaks revele o nome deste senhor porque nem Silva Peneda nem o Banco de Portugal o desvelaram à imprensa. Na verdade, para causar respeitinho, basta dizer que é iraniano. A notícia dá também conta que António Borges se encontra lesionado, pelo que seríamos poupados à humilhação de ter mais um português a jogar contra Portugal.

Se eu fosse treinadora, como primeira chicotada psicológica, anunciaria já Carlos Santos Ferreira como capitão da nossa equipa: para safado, safado e meio! Para nos defender do FMI, poria a jogar dois candidatos presidenciais de esquerda: o justo e o patriótico. Como o meio campo é o lugar dos troca-tintas, a escolha é mais difícil. Entre aqueles que deixaram de achar o que achavam no passado, os que acham que o FMI é mau, mas, enfim, não é bicho papão, e os que conseguem pensar e dizer uma coisa e simultaneamente o seu contrário, as minhas escolhas recairiam, entre outros, em Pina Moura, Silva Lopes, Mário Soares e Miguel Beleza. Ao ataque, de PEC e Orçamento do Estado na mão, daria a titularidade a José Sócrates, Teixeira dos Santos e Cavaco Silva. Eles fariam ver ao FMI que a nossa austeridade é bem melhor do que a deles.

É um jogo difícil, bem sei, até porque há atletas lusos que jogam do lado de lá. Porque não sei em que forma está Pedro Passos Coelho, socorro-me de João Pinto e só faço prognósticos no fim do jogo.
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Um comentário:

Anônimo disse...

"O meu clube estava à beira do precipício mas tomou a decisão certa: deu um passo em frente" - João Pinto
Como esta frase se aplica ao país de hoje!

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