é o povo, pá!

Em Março, o movimento «E o povo, pá?» colou cartazes nas agências do BPN que diziam: O vosso roubo custou 13 milhões de salários mínimos.

Na madrugada de ontem, o mesmo movimento denunciou a humilhação por que passam os desempregados e desempregadas: o termo de identidade e residência imposto pelas apresentações quinzenais; a prova da procura activa de emprego feita através de uma colecção de carimbos mendigados e, não raras vezes, pagos; o acantonamento numa espécie de gueto onde são vistos como gente preguiçosa que vive à sombra do Estado. E por isso disseram: Não queremos subsídios, queremos emprego, reclamando para os desempregados e desempregadas a dignidade que lhes tem sido roubada: «Neste país há 700 mil trabalhadores sem trabalho e que querem trabalhar. Confundir a excepção com a regra é, deliberadamente, querer imputar a responsabilidade de não ter trabalho a quem o perdeu ou a quem o procura. Não aceitamos a mentira e exigimos respeito».

E o dito povo, de que se reclamam e a quem se dirigem, parece não só ter percebido a mensagem como também ter-se revisto nela.

O manifesto, que apresentam no blogue, explica a escolha dos Centros de Emprego como alvo: «Actualmente, num Centro de Emprego não se encontra emprego. Encontram-se fiscalizações sucessivas, propostas formativas muitas vezes desajustadas, encontra-se trabalho quase gratuito através dos contratos de emprego-inserção, encontram-se ameaças constantes de cortes nos subsídios. Mas não se encontra emprego». E atribuem este estado de coisas à desistência e ausência de políticas públicas de criação de emprego e de combate ao desemprego.

O escritor José Luís Peixoto foi o rosto que escolheram para amplificar o protesto. Citando Dante, diz o escritor que «"os lugares mais quentes do Inferno estão reservados para aqueles que durante a crise escolheram a neutralidade". Este é o momento para falar». Diz ele e digo eu.

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