E agora, Sarkozy?

Das burqas à expulsão dos ciganos, da identidade nacional ao folhetim Woerth-Bettencourt, a França entrou em ebulição.

Com ministros a afirmarem a necessidade de escolher entre ser «francês ou vadio» e a defenderem penas de prisão até dois anos para os pais de menores delinquentes, como foi o caso de Christian Estrosi, ministro da indústria; com o porta-voz da UMP, Frédéric Lefebvre, a sustentar a relação entre delinquência e emigração, como Sarkozy também já havia feito, a chuva de críticas à deriva securitária não tem tido fim: da ONU à Igreja Católica, do Conselho da Europa às associações de imigrantes, da esquerda à direita.

Se é um facto que há neste rol de críticas bastante hipocrisia e memória muito curta, a verdade é que Sarkozy já não tem apenas que enfrentar a fúria expectável da esquerda e das associações de imigrantes.

Dois antigos primeiros-ministros, Villepin e Raffarin, juntaram a sua voz ao coro de críticas. Sarkozy foi ministro do interior do governo Villepin mas nem por isso este deixou de classificar as suas declarações de «provocatórias» e «extremamente perigosas». Raffarin apelidou estas políticas de «deriva direitista». Sarkozy tem, portanto, entre mãos mais uma batata quente para gerir: o esfrangalhamento da UMP.

Mas nem tudo foram más notícias para Sarkozy. A solidariedade também se fez sentir. Berlusconi, pela voz do ministro do interior (da Liga Norte), Roberto Maroni, fez saber da sua «intenção de ir mais longe do que a França».

Nos próximos dias Sarkozy e Fillon enfrentarão o poder das ruas. No sábado, 4 de Setembro, a rua dirá o que pensa sobre o racismo e a xenofobia. E três dias depois as ruas voltarão a encher-se em defesa da segurança social pública.

Por cá, as concentrações contra a expulsão dos ciganos também já têm sítio e hora marcados:

Porto: Consulado de França, Avenida da Boavista, nº 1681, às 15h30.
Lisboa: Embaixada de França, Calçada Marquês de Abrantes, nº 5, às 15h30.

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