Branquear a memória


Uma acção de protesto realizada a 5 de Outubro de 2005 frente à antiga sede da PIDE/DGS, em Lisboa, marcou a criação do movimento cívico Não Apaguem a Memória (NAM), posteriormente transformado em associação. Tratava-se então de impedir a construção de um condomínio de luxo nesse edifício da rua António Maria Cardoso. A verdade é que o condomínio acabou mesmo por avançar. Mais tarde, e alegadamente por motivos de obras, a placa evocativa das últimas vítimas da PIDE/DGS foi retirada pela GEF – Gestão de Fundos Imobiliários, SA. Após pressão do NAM, a placa foi agora recolocada da forma que a Joana Lopes indica e a foto tão bem ilustra: à altura da cintura, tapada pelos carros e sem qualquer ângulo de leitura. A indignação pode ser directamente canalizada para gef@gef.pt. Mas guardem alguma para o que der e vier. É que alguma coisa está mal num país que aprova em 2008 uma resolução que vincula o Estado ao «dever de memória» e depois convive com placas desaparecidas, antigas cadeias políticas em vias de se transformarem em pousadas de luxo e museus e arquivos sem dinheiro para funcionar.

ADENDA: Entretanto foi posta a rolar uma causa no facebook: «Exigir que a placa na sede da PIDE regresse ao seu lugar». Um «programa mínimo» que alguém com preocupação pela memória e com respeito pelas vítimas não pode deixar de aderir.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sou, nem nada que se pareça, perseguidor dos "grafitters" e até acho que o condomínio de luxo da António Maria Cardoso se transformou numa tela em branco que teria os meus aplausos se decorada a preceito.

Anônimo disse...

Numa Pseudodemocracia que só é Democracia para os poderosos, o que é que nós os que lutaram pelo 25 de Abril podería-mos esperar de um Estado Déspota. Está a vista! O Estado Novo e os seus esbirros da PIDE DGS é tudo invenção, portanto há que apagar rapidamente o que possa avivar as memórias dos que sofreram ou viveram as cevícias infligidas por esses srs.
Num país onde o parlamento é maioritáriamente composto por (miudos) onde as leis são gisadas em face destes elementos, sem experiencia de vida e sem conhecimento histórico, que numca fizeram nada, a não ser militar nas hordes partidárias, o que é que se podia esperar.
Tenho dito!!!

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