A crise vista de Carnaxide


O director do Expresso e Maria João Avillez fazem parte do pacote de comentadores profissionais que nas últimas 24h desfilaram pela tv cabo em apoio às medidas de austeridade para "acalmar os mercados". Foi mesmo à beira do fim da homilia das 22h, desta vez na "Edição da Noite" da SIC, que Ricardo Costa se deixou levar pelo entusiasmo e atribuiu ao PEC III a responsabilidade pela goleada do Sporting sobre os búlgaros do Levski Sofia, num jogo a contar para a Liga Europa. Por esta nem o Miguel Cardina esperava...

o sol aos quadradinhos

Li hoje a seguinte notícia no Destak:

«O Parlamento da Islândia aprovou por 33 votos a 30 que o ex-primeiro-ministro conservador Geir H. Haarde seja julgado num tribunal especial por alegada negligência durante o seu mandato, no qual houve um colapso bancário no país».

Tendo em conta as notícias de ontem, suspiro de alívio por não haver por cá essa possibilidade. Das Nações Unidas à Comissão Europeia, passando por Belém e São Bento chegariam camionetas de arguidos, e não sei onde íamos arranjar espaço para meter esta gente toda.

Conspiradores maricas ameaçam estado de Israel

As crónicas de Alberto Gonçalves no Diário de Notícias costumam ser um arquivo de raivas contra a esquerda, disfarçado de tentativa de humor. São textos com procedimentos argumentativos fracos e manipulativos que são geralmente ignorados à esquerda. A mim hoje deu-me para reagir, fazer o exercício de pegar num texto “‘Gays’ pela Palestina" incluído na sua última crónica e rebatê-lo. Como se ele não se enterrasse a si próprio…

Ponto 1: Da mentira como ponto de partida
“É notável a quantidade de grupinhos subsidiários do Bloco de Esquerda.” O autor revela-nos então, o que deve ser resultado de algum estudo sociológico desconhecido ou de um trabalho profundo de jornalismo de investigação, a relação deste grupos: “Do Comité de Solidariedade com a Palestina à Frente de Combate à LesBiGayTransfobia, da Pobreza Zero ao SOS Racismo, da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental ao meu preferido, o Colectivo Mumia Abu-Jamal (é uma delícia imaginar que espécie de gente se junta no culto de um homicida).” Descontando a necessidade de responder ao insulto do “culto ao homicida” lançado sobre quem defende a inocência de Abu-Jamal, o autor não apresenta quaisquer provas para a insinuação de que estes grupos estão sob a alçada do Bloco de Esquerda (mais adiante fica esclarecido que é isso que entende por "subsidiários"). Acontece que, sabe quem conhece estes grupos, isto é mentira. E, aliás, sabe mesmo muita gente que isto é mentira. Será que António Gonçalves afinal não sabe do que fala?

Ponto 2: A revelação do grande objectivo conspiratório escondido
“Os nomes constituem uma fachada. Essencialmente, os grupinhos do Bloco têm um só objectivo: promover acções de propaganda contra Israel.” Devo dizer que fiquei entusiasmado nesta parte do texto porque achei que seria um exercício interessantíssimo demonstrar que todas as acções destes grupos se reduziam a este objectivo. Conseguiria o autor apresentar provas de que o SOS Racismo ou o Pobreza Zero (e sinceramente aqui não sei a que se refere o autor porque a única plataforma Pobreza Zero que conheço é esta que diz de si ter sido co-financiada pela FLAD que não será propriamente uma organização anti-sionista…) têm como único objectivo promover acções contra Israel? Claro que me desiludi porque tal como não são precisas provas sobre a pertença ao BE também não são precisas provas sobre este objectivo. Pelo que fiquei a pensar: terei perdido alguma crónica anterior em que o autor prova que o único objectivo do Bloco de Esquerda é fazer grupos “compostos apenas por uma ou duas criaturas” com o objectivo de acabar com Israel?

Ponto 3: O habitual insulto da loucura sempre tão benéfico ao debate político…
O autor classifica de seguida algumas acções destes grupos como de “pequena demência”. Exemplos: as “tentativas de boicote a um concerto de Leonard Cohen (que cantou em Telavive) ou do jogo entre o Benfica e o Hapoel (que é de Telavive)”. Descontando também o princípio de que o sociólogo transformado em psiquiatra deveria explicar em que consistiram estas acções para não utilizar argumentativamente factos que a maioria dos leitores desconhece distorcendo-os com a sua interpretação muito própria, caberia sobretudo explicar de que forma participar nelas, concordando-se ou não, implica “demência”.
Mas das pequenas demências não se guardam rancores. Interessam mais outras acções que já são de outra liga: são “demência completa” e seu o único exemplo é “o protesto pelo patrocínio da embaixada israelita em Portugal a um Festival de Cinema Gay e Lésbico”. Também não se explica porque se trata de demência completa porque há urgências maiores: fazer uma piadola com maricas. “Se apetece ceder a meia dúzia de graçolas a propósito de um festival de cinema sexualmente orientado, a graça maior está no facto de "activistas" alegadamente em prol dos direitos gay defenderem a Palestina, que formal e informalmente discrimina, tortura e mata os "pervertidos", e abominarem Israel, que faz dos seus homossexuais plenos cidadãos (…). Não seria diferente se uma associação de perdizes reivindicasse o alargamento do período de caça.” Portanto, defender um Estado Palestiniano é igual a defender a homofobia. Quais perdizes, este é o estranho caso dos maricas suicidas que reivindicam o direito de alastrar a homofobia… Bichas loucas.

Ponto 4: Quem o diz é quem o é; entre a amalgama e a reversão do insulto.
Reitere-se a conclusão acrescentando-lhe algo: “Os gays, os transgénicos, as mulheres, os pobres, as minorias étnicas, os palestinianos, o Abu-Jamal e restantes "oprimidos", com ou sem aspas, são o meio que "justifica" o desporto favorito dos bandos em causa, chame-se-lhe anti-semitismo ou, para consumo público, "anti-sionismo".” Passou despercebida a amalgama? Bom, pelo menos juntam-se as palavras e fica associado algo do conteúdo, apesar de qualquer dicionário explicar que anti-semitismo é a defesa da discriminação dos judeus e que anti-sionismo diz respeito, hoje, à oposição ao Estado de Israel enquanto Estado definido religiosamente como Estado Judeu (e portanto há judeus anti-sionistas).
Neste mundo povoado de dementes, em que os maricas defendem quem os oprime e atacam quem os defende, descobrimos que os seus manipuladores bloquistas (no sentido lato de todos os que fizeram parte destas acções ou movimentos) apenas se dizem anti-racistas para melhor conseguirem escapar sendo racistas…. “Numa época em que os vigilantes de serviço procuram "racistas", "fascistas" e "neonazis" em cada canto, espanta que não os descubram nas imediações do Bloco e da extrema-esquerda em geral, em Portugal os seus actuais e genuínos representantes.” Talvez até os gajos acusem os outros de serem racistas para ninguém perceber o seu racismo...

Ponto 5: A tentativa de exploração do pior do senso comum e a tirada homofóbica final que é o ponto de chegada inevitável de um texto sobre paneleiragem: “Falta acrescentar que os organizadores do Festival de Cinema Gay e Lésbico tremeram face às pressões e anunciaram que, de futuro, ponderam recusar subsídios de Israel, uma mariquice que lhes fica a matar e abre portas para os apoios de Gaza, Síria, Líbia e esse lugar exótico onde a homossexualidade nunca existiu, o Irão. Irão longe.” Como se sabe, os maricas são mariquinhas, ou seja são medricas sem coragem. Esse louco plano conspirativo do Bloco de Esquerda tem um ponto fraco: fazer com que sejam os mariquinhas a enfrentar o poderoso Estado de Israel; não seria um trabalho para homens a sério?

Há festa na Achada!


O Centro Mário Dionísio faz um ano e a Diana começou a apresentar o programa das comemorações na Casa da Achada: até dia 5 há exposições, lançamento do primeiro boletim e serigrafias, noite de música com as Cramol e o Coro da Achada, projecção de entrevistas e depoimentos de e sobre Mário Dionísio, pintura de murais, debates, leituras...

é fazer a conta

Faço parte desse grupo de um milhão de pessoas que no início do mês de Setembro recebeu uma carta da Segurança Social. Nela, sou convocada a fazer prova da minha condição de recursos entre os dias 10 e 30 deste mês. No meu caso, o que está em causa é manter ou perder os 22,59 euros que recebo de abono de família.

A minha primeira estranheza surgiu quando li nessa carta que «as provas são, obrigatoriamente, efectuadas no sítio da Internet da Segurança Social» (bold no original). Dei comigo a pensar que não só ninguém pode ser obrigado a saber usar a internet, como também me parece que quem recebe prestações sociais, como o subsídio de desemprego ou o rendimento social de inserção, não terá propriamente como prioridade investir numa ligação à rede. Mas isto, evidentemente, sou só eu a pensar.

Obedientemente lá acedi ao tal sítio da internet e, segunda estranheza, estava fora de serviço com o seguinte recado: «O acesso ao Sistema está temporariamente indisponível, devido a este facto não será possível a consulta de alguns serviços».

Voltei a tentar uns dias depois e, estando o site a funcionar, deparei-me com uma nova dificuldade. A determinada altura pedem-me que especifique o montante do saldo das contas bancárias do meu agregado familiar no dia 31 de Dezembro de 2009. Além de, evidentemente, não fazer a mínima ideia de qual era o saldo das contas nessa data específica, também não percebia se se referiam a contas à ordem ou a contas poupança ou às duas. Se calhar é uma dúvida parva, mas pronto, eu cá não estava capaz de chegar lá sozinha.

Li novamente a carta recebida e descansei porque percebi que os serviços tinham acautelado a possibilidade de existência de dúvidas, o que, além do mais, prova que ter dúvidas é legítimo. «Em caso de dúvida, ou para qualquer esclarecimento, pode telefonar para o centro de contacto VIA SEGURANÇA SOCIAL [maiúsculas carregadas no original] pelos seguinte números: 808 266 266 (das 8h00 às 20h00, dias úteis, e a partir do dia 1 de Setembro das 8h00 às 22h00». Pois, o problema é que tendo telefonado neste horário, o serviço estava indisponível.

Hoje andei de banco em banco a pedir os extractos das contas do meu agregado familiar em 31 de Dezembro de 2009. E, claro, esta indispensável informação tem um preço. Na CGD, por exemplo, vale 4.81 euros (+IVA). Oooops... lá se foi uma prestação do abono!

Ontem, as notícias davam conta de que os beneficiários das prestações sociais tinham entupido os serviços da Segurança Social, ou porque não percebiam o que lhes era pedido, ou porque não tinham internet, ou porque não conseguiam aceder ao site, enfim, cada qual com os seus dramas. Ou seja, muitas destas pessoas estavam a perder um dia de trabalho. Oooops... lá se foram mais uma ou duas prestações do abono!

Entre o tempo perdido a aceder a um site que não funciona e a tentar esclarecer as dúvidas numa linha de atendimento que está indisponível, os extractos bancários que é preciso pedir e pagar, as filas que há a enfrentar, duas ou três das prestações mensais que recebo são consumidas neste processo.

Os bancos, esses é sempre a embolsar. Mas serão os únicos? Eu pergunto-me é quanto poupará o Governo com esta operação? Quantas pessoas vão ser excluídas das prestações sociais a que têm direito por não terem sido capazes de aceder à internet, de compreender o que lhes era pedido e de terem resolvido a questão dentro do prazo estabelecido?

É que a carta é igualmente clara para estas situações: «Se não prestar essas provas as prestações serão suspensas» e «As falsas declarações têm como consequência a inibição do acesso, durante 2 anos, às Prestações Familiares, ao Rendimento Social de Inserção, ao Subsídio Social de Desemprego, bem como aos Subsídios Sociais de Protecção na Parentalidade» (negrito no original). Por isso, inventar está fora de questão. Ao cêntimo, se faz favor.

Como dizia o outro, é fazer a conta.

As Oportunidades fazem os ladrões


Saiu aqui: um jovem de 23 anos que frequentou as Novas Oportunidades, fez exame à específica de Inglês para acesso ao ensino superior, tirou 20 e entrou.
Sobre as Novas Oportunidades não haverá muito a dizer. Será um dos programas mais odiados do mediatismo político, feito à medida da classe D (driver da felicidade: parecer; desfruta das coisas simples do quotidiano: fazer compras, ver montras, ir ao hipermercado; é sensível à moda e à opinião alheia), o que não o torna muito diferente das Tardes da Júlia...
O Programa Novas Oportunidades tem imensos defeitos, certo, a começar por equiparar “competências” técnicas adquiridas no trabalho com “competências” em saberes académicos que não têm a mesma natureza. Mas o que sempre me faz sorrir é quando noto, por trás da crítica (muitas vezes avisada) aos erros estruturais do Programa, um laivo maldoso de elitismo “à antiga portuguesa”: "Oportunidades, sim, mas não muitas..."

Em tempos de guerra, cresce a tentação de subestimar quem, em aparência ou pela "lógica", deveria permanecer no fundo da escala social, o alvo da crítica é distorcido por uma miopia extrema que interpreta o "êxito" alheio como um roubo e algo sugere que é na praça pública que a vasta maioria "sans" (sans papiers, sans emploi, sans culottes, etc.) se condena a si mesma, recorrendo à retórica do opressor (fazendo-se instrumento dele) para procurar a mudança social. Fico como a outra: "faz-me lembrar a Alemanha nazi..."

As mulheres entediam-se facilmente



O grau de sexismo a que estamos expostos através da publicidade, não sendo novidade, não deixa de merecer a nossa atenção e uma veemente crítica. Poderíamos estar hoje habituados a séculos de opressão sexista que empurrou e continua a empurrar os homens para uma situação de subserviência, sujeito ao domínio das mulheres a quem, suprema injustiça, têm que agradar constantemente, acedendo aos seus seus inconstantes desejos. Acontece que o homem aqui retratado, impedido de impor a sua individualidade, pertence a uma representação de uma sociedade injusta assente num modelo de família matriarcal em que um homem nunca pode ser um grande homem a não ser que tenha atrás de si uma grande mulher.

isto anda tudo trocado

O Bloco de Esquerda apresentou hoje na Assembleia da República uma moção de condenação das acções levadas a cabo pelo governo francês, leia-se, expulsão de ciganos.

Estranhamente, a moção foi rejeitada. E digo estranhamente porque, pensava eu, seria com um certo conforto que os deputados e deputadas a poderiam votar, mesmo vindo ela do Bloco de Esquerda. Afinal, o parlamento europeu, a comissão europeia e até mesmo o Papa rejeitaram esta política. Mas não, a moção foi rejeitada com os votos do PS, do PSD e do CDS. Em Portugal o PS vota a favor de Sarkozy; na Europa vota contra Sarkozy. O PSD em Portugal apoia Sarkozy e na Europa Durão Barroso é um dos porta-vozes da condenação de Sarkozy. O CDS, esse, tanto em Portugal como na Europa está com Sarkozy.
Fica-me o consolo de o voto só ter sido unânime na bancada do CDS.

Queer Lisboa começa Hoje!


Começa hoje aquele que é o maior festival de cinema gay, lésbico, trans do país, o maior evento cultural sobre a temática LGBT. De 17 a 25 de Setembro mais de 118 filmes, de várias partes do mundo, com realidades, olhares, ângulos muito diferentes. Vai na sua 14ª edição.
Quero ver se é desta que consigo arranjar tempo para ver vários filmes!
Hoje, é a sessão inaugural, no Cinema São Jorge, à qual vou.
Importante referir contudo que vai haver uma concentração em frente ao cinema por parte de alguns colectivos LGBT, feministas, anti-racistas, pela paz no Médio Oriente que contestam, legitimamente, o facto do Festival ser apoiado financeiramente pela Embaixada de Israel.

São só 2 jogos pá, andem lá..


Esta novela em volta da selecção portuguesa de futebol já enjoa e adquire cada vez mais contornos patéticos. Primeiro, foi a história com o queiroz que, é certo, cometeu vários erros e cujo perfil, pessoalmente e na minha ignorância futebolística, , achava inadequado para seleccionador de Portugal, mas certo também é que todo o enredo em volta do "caso queiroz" já tinha um final mais do que previsível - um bye, bye, passe bem - mas que a malta do controlo anti doping, a Federação e a Secretaria de Estado do Desporto fizeram questão de prolongar, prolongar, prolongar, à boa maneira das novelas da TVI.

Entretanto empatamos a 4 golos com o Chipre e perdemos contra a Noruega e parece que a saída de Queiroz não tranquilizou as hostes, antes pelo contrário: é notório o clima de insatisfacção, desnorte, confusão que anda pelos balneários mas também (sobretudo?) pela Federação que, quer me parecer, anda a tentar salvar o seu próprio coiro.

Agora, para espanto julgo de todos/as nós, Madaíl lembrou-se de voar para Madrid, supostamente cabisbaixo mas na verdade armado em fanfarrão e com a impensa na bagagem, para pedir ao nosso Messias, Mourinho pois claro, que venha dar uma perninha por estas bandas. 2 jogos. Se isto não é desespero não sei bem o que é. Desespero ou espertalhice desesperante, por saber que se Mourinho aceitasse, independentemente dos resultados, isso lavaria um pouco a imagem da federação que "tudo fez para salvar a selecção do não apuramento", e ajudaria a esquecer o que há para trás, e mesmo que não aceite, terá tentado e isso fica-lhe bem, julga ele.

Quando vi a notícia, pensei que fosse brincadeira. Bem, mas também pensei na verdade que Mourinho não aceitaria por razões óbvias. E pelos vistos, até estaria disponível, faltando claro o acordo do Real que tanto quanto diz a imprensa não deve acontecer, compreensivelmente diga-se. Estranho ainda assim o "por mim ok" do Mourinho, estava convicta que diria que não: das duas ou uma: ou de facto admitiu esse cenário porque considerad que a nossa selecção e todo os protagonistas em volta estão a cair a pique e portanto, olha, por "patriotismo" independentemente de saber que isso pode/vai ser muito mal interpretado pelos/as aficcionados/as e não só, ou então disse que sim para não ficar mal e ser acusado de virar as costas à selecção/Portugal sabendo que Real dirá que não.

A alegoria da sombra

Santiago Alba Rico apresenta-nos uma alegoria sobre a lógica sombria das intervenções governamentais na distribuição de riqueza. É que há quem viva à nossa sombra…

“Os carros, as mansões, as acções na bolsa, as jóias, as piscinas e os cargos públicos continuarão a pertencer aos ricos, mas os seus corpos, em compensação, projectarão sombras mais curtas e menos densas. A decisão foi tomada ontem pelo governo de Zapatero e entrará em vigor a dois de Setembro. Do mesmo modo e de acordo com o novo decreto, os pensionistas, os desempregados, os trabalhadores precários e os indigentes não chegarão ao fim do mês, passarão frio, vasculharão no lixo e dormirão entre cartões, mas em troca terão mais sombra por corpo e de um tamanho maior. Enquanto que Amâncio Ortega, proprietário da Zara, terá a sombra de um rato, um “mil-eurista” projectará a sombra de dois elefantes e um mendigo sem abrigo a de cinco edifícios de dez pisos. Por fim os pobres poderão fazer sombra aos ricos.
De facto, noutros países progressistas em que a medida vem sendo aplicada desde há anos, muitos pobres encontraram trabalho graças às suas sombras. Nos EUA, à medida que avança implacavelmente o deserto, os milionários contratam imigrantes ilegais e homeless (cujas sombras gigantescas mantêm vastas zonas de verdura) para proteger os seus corpos e as suas propriedades. Muitos pobres morrem de insolação, mas os seus cadáveres, mesmo ao meio-dia, continuam a projectar múltiplas e enormes sombras sobre o mundo.
Na Austrália, onde a desertificação ameaça a sobrevivência, a greve de sombras de Março passado acabou num massacre: “não podemos aumentar o seu salários sem reduzir a sua utilidade”, declarou o porta-voz empresarial. Milhares de sobreviventes fugiram para as montanhas e ali, à sombra dos seus avós, viram crescer bosques, campos de trigo e musgos de solidariedade.
Agora preparam-se para resistir.”
Santiago Alba Rico
Traduzido daqui.

Que boneco!


O que faziam duas ministras e um ex-ministro ontem à tarde numa escola de Coimbra?

Ana Jorge, Isabel Alçada e António Arnaut, respectivamente tia, prima afastada e pai do Serviço Nacional de Saúde, foram celebrar o Dia do SNS à EB 2,3 de Taveiro e lembrar aos alunos do 5º e 6º ano como é bom ser jovem, saudável e socialista.

António Arnaut, no meio do protagonismo das duas ministras, lá conseguiu falar da morte lenta da saúde em Portugal. A culpa nem é da direita (boa, verdadeira, cristalina) é da "direita de interesses", os maus, aqueles que só estão na política para se sentarem "à mesa da administração dos grandes grupos económicos” e não para fazer o bem sem olhar a quem.

Numa altura em que metade das consultas em Portugal são feitas por privados (os antigos particulares) e em que o número de portugueses sem médico de família ronda os 700 mil, a ministra dedicou-se ontem a mostrar aos alunos como o PS lhes trata da saúde e se possível, levarem esta mensagem aos paizinhos: o PS é bom, lavar os dentes depois das refeições, o PS é genial, comer frutas e legumes várias vezes por dia, Sócrates é o maior, o exercício físico faz bem à saúde.

Como se não bastasse tamanha patacoada, eis senão quando Isabel Alçada pediu uma roda de aplausos para a “maravilha de ter ali o ministro da saúde de há 31 anos” e entusiamada pela época de tradição académica por pouco não puxou um eferreá. Arnaut sorriu, combalido com tamanha gratidão.

já não sobra mais rastilho

Foi ontem noticiado, pela voz da Comissária europeia da Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding, que a Comissão Europeia irá desencadear um processo judicial contra a França, por esta violar o direito europeu na questão da expulsão dos ciganos.

O Le Monde, por sua vez, divulgou uma circular do Ministério do Interior que prova que houve (há) uma campanha orquestrada especificamente contra a comunidade cigana a residir em França, o que poderá provocar a ilegalidade de todas as medidas tomadas pelo governo.

Já não sobra mais rastilho. O barril está mesmo prestes a explodir. Que o Sarkozy e os seus acólitos saiam feitos em fanicos, é aquilo que eu desejo.

E o Gago ficou mudo

"Ffffffffff" - faz o balão

Verdade seja dita: não teria sido muito difícil ouvir Passos Coelho a falar de abóboras durante 5 minutos e, a partir daí, fazer com sucesso o exercício de elaborar uma proposta de revisão cons'cional com a qual ele concordasse.

Sendo a CRP a lei mais difícil de ser mudada, ela ainda vai sendo o dispositivo que permite a manutenção de um Estado minimamente social em Portugal. Não é, portanto, surpresa para ninguém que a principal linha orientadora do PSD para a revisão cons'cional que quer seja a de esvaziar a Constituição para que possa aprofundar e acelerar o desmantelamento do Estado. A estratégia, aliás, já vem de trás: debilitar o Estado para mais facilmente se provar a sua ineficácia e, por essa via, minimizá-lo.

Assim, retirar o "tendencialmente gratuito" da saúde e da educação para que a classe média deixe de estar "sufocad[a] pelos impostos" não é mais do que instituir o Estado-Santa-Casa-da-Misericórdia, o Estado-Esmola, o Estado que não obriga os desgraçados dos que suam as estopinhas para ganhar um salário de 2000€ a pagar uma alarvidade de impostos mas depois dá uma ajudazinha de custo aos indigentes para curar as suas cirroses.

Mas o que é mais revelador nesta proposta é a tentativa de substituir a "justa causa" por "razão legalmente atendível". Não porque seja uma novidade que aqueles lados gostavam de ter um mercado de trabalho mais flexível, mas porque essa formulação tem o dom de submeter a CRP à restante legislação. Ora, para que é que serviria uma Constituição que permitisse tudo o que fosse feito dentro dos limites da legalidade? Esta não, então, uma proposta para alterar os limites impostos pela CRP mas, antes, uma proposta do seu esvaziamento. "Ffffffffff" - vai ela fazer mais tarde ou mais cedo.

No meio da confusão, o que nos vale é o avôzinho que impõe algum bom senso dizendo que não se deve mudar a não ser que seja para melhor.

Pelo que me toca, agradeço a PPC e ao avôzinho por tornarem o meu futuro voto no Alegre um bocadinho menos doloroso. Bem hajam!

Gago, quanto pagaste de propinas?

Nós, estudantes da Academia do Porto, em protesto nesta Cerimónia Oficial dizemos:

Não há cerimónias porque nos últimos dez anos, um terço dos estudantes mais pobres abandonou o Ensino Superior, sendo que esta realidade aumenta a cada ano que passa.

Não há cerimónias porque nos últimos 15 anos, as propinas aumentaram 400% em Portugal.

Não há cerimónias enquanto este for o terceiro país da Europa com a propina mais elevada.

Não há cerimónias enquanto tivermos um problema de democracia no Ensino Superior.

Não há cerimónias enquanto a redução e a falta de verbas destinadas à Acção Social continuarem a empurrar estudantes para fazer empréstimos.

Não há cerimónias porque 11 mil estudantes devem 130 milhões de euros à banca, quando ainda não trabalham, e não têm nenhuma garantia em relação ao seu trabalho futuro.

Não há cerimónias enquanto a maioria dos 70 mil bolseiros em Portugal receber de bolsa mínima apenas 100 euros por mês.

Não há cerimónias quando a resposta a um pedido de bolsa demora em média 4 meses.

Não há cerimónias quando, numa das maiores crises sociais de todos os tempos, o Governo decide reduzir nas bolsas, atirando estudantes para fora do Ensino Superior.

Não há cerimónias quando um ano lectivo começa sem os Serviços de Acção Social saberem os dados que necessitam para analisar os pedidos de bolsas, porque o Sr. Ministro ainda não fez aprovar o Despacho necessário.

Não há cerimónias enquanto este «Ensino» só for público para quem tem 1000 euros para pagar as propinas.

Nós, grupo de estudantes aqui em protesto, dizemos: Ensino Superior Público para todos e todas.

Grupo de Estudantes da Academia do Porto
14 de Setembro de 2010

O Bloco de Esquerda vai ao Parque Mayer

Musica tola, a mim não me convém
Muito menos com o cheiro a bolor que esta tem

Individualismo, sentes-te só
Reina um egoísmo que até mete dó
Toda a gente quer amigos, sentir-se bem
Que ambiente tão unido que a tuna tem


Fazer mal a outros pode ser prazer
Ensinar e aprender abuso de poder
melhor fariam se fossem todos... ler
e saber um pouco mais da história
ganhar memória

A tuna não é

flor que se cheire
A tuna tem
o QI dum fogareiro
A tuna não é flor que se cheire
e p'ra que se calasse eu até dava dinheiro
se o tivesse...

Relogiosinho de imitação
tesourasinha e marcador na mão
a tic-tac-tic-tactear humilhação
Repete gestos muitas vezes repetidos
já no tempo do fascismo e dos pides

Comportamento de elite tola
A consciência social de uma rola
Num país afundado
E é pra não ser indelicado
Que a vida não está para hipocrisia
Há que fazer alguma coisa boa
pelo dia a dia

Se julgas que usar batina é tão especial
E andar em bando, todos de igual
Espera saíres da escola para o mundo real
Porque no mundo do trabalho serás pó
Individualismo, sentes-te só
Reina uma exploração que até mete dó
A submissão que foi por ti reproduzida
fará de ti um escravo toda a vida


É que depois de ler este ranço - e poupo-vos de adjectivos -, só posso ser praxista.
É que só posso.

Ele há de tudo

Há quem queira fazer mesquitas perto do 'ground zero' e há quem queira fazer "ground zeros' perto de mesquitas.

Os extremistas estão quase a chegar

Para os moderados que sabem muito bem argumentar a favor das guerras inevitáveis, não há fronteiras. E no entanto deixam que se tracem fronteiras para os outros procurando deixar a contestação do lado de fora. É preciso certamente travar as hordas de perigosos extremistas que aí vêm. É que parecem que chegam ao ponto da insubmissão perante os interesses militaristas norte-americanos.

Vamos também?

baralhar para dar de novo

Também sou das que acha que o regime iraniano é execrável. Também sou das que assina petições e se mobiliza contra a lapidação de todas as Sakineh's que estes regimes produzem.

Ontem, as notícias davam conta da suspensão da execução de Sakineh. São boas notícias, se forem para durar e se derem origem a alterações legislativas.

Mas o que me irrita verdadeiramente é que uma questão tão hedionda como esta seja manobrada a favor da islamofobia e do racismo.

Na página da UMP pode ler-se: Devant l’inacceptable, l’UMP se mobilise.
A hipocrisia é mesmo um poço sem fundo. Não é para mim crível que ao mesmo tempo que se defende a suspensão da execução de Sakineh, em nome dos direitos humanos, se expulsem ciganos e se produzam leis de identidade que afirmam a superioridade francesa, a não ser, evidentemente, que os ciganos não sejam considerados humanos.

Transformar as Sakineh's em armas de arremesso contra a comunidade muçulmana que reside em França é a estratégia da UMP: baralhar para dar de novo, tomar a parte pelo todo e colher os dividendos.

Tenho vindo a dar conta da lista de coisas emanadas pela presidência francesa que considero inaceitáveis. E por isso, volto a dizer, não acredito na bondade de Sarkozy.

Usar as Sakineh's como armas de arremesso pode ser uma estratégia de enorme sucesso, mas é quase tão deplorável como condená-las à morte.

Tropa de Elite 2

A cruz de Carlos

O site de Carlos Cruz, ao que parece, estava alojado num sítio que se chama godaddy.com.

a notícia que não é dada

A história dos 33 mineiros soterrados no Chile tem originado momentos de comoção colectiva. O mundo inteiro acompanha e deseja um desenlace feliz para esta situação.

Tal big brother, temos acompanhado a sua precária existência e, no conforto dos nossos sofás, congratulamo-nos com o facto de terem assistido ao jogo da selecção chilena, assim como nos inquietamos com a descoberta das suas infidelidades. Conhecemos a sua dieta diária, o nome de quem os visita, bisbilhotamos as suas conversas por videoconferência e até damos palpites sobre o destino de eventuais indemnizações que venham a receber. Ficámos também a saber que esta situação surgiu por incúria da empresa detentora da mina e que esta tem um longo historial no desrespeito das condições de trabalho.
Todas e todos nós gostaríamos, certamente, de lhes fazer chegar uma mensagem de alento, de dizer que estamos a torcer por eles, de lhes dar ânimo.

Mas há uma outra notícia que acho que ainda ninguém lhes deu: quando saírem da mina serão heróis, mas heróis desempregados.

tridente

Hoje sinto-me em segurança. Chegou o Tridente, esse submarino que tanta falta nos fazia. Roubada, mas segura; seguramente roubada. Prova, mastiga e deita fora.

este filho de imigrantes que não gosta de estrangeiros

No passado sábado, as ruas de 138 cidades francesas disseram a Sarkozy que dispensam a sua política securitária e a consequente expulsão de ciganos. Também as embaixadas e consulados franceses foram ponto de encontro para o combate ao racismo e à xenofobia na Áustria, Bélgica, Espanha, Hungria, Itália, Portugal, Roménia e Grã-Bretanha.
Os milhares que desfilaram não impressionaram certamente Sarkozy porque na sua matemática racista as vozes dos ciganos, dos imigrantes, dos sem-papéis e dos nacionais que não valorizam o privilégio de serem franceses não contam.

Sarkozy anunciou recentemente que a França é demasiado pequena para os cidadãos sem meios duradouros de sustento, ou seja, para além dos ciganos e dos sem-papéis, os pobres e os desempregados também estão a sobrar.

Os milhares de portugueses e portuguesas que residem em França estão incluídos neste pacote. E não será o facto de Sarkozy ter casa de férias na Comporta e usar sapatos de luxo made in Portugal que os dispensará do respectivo chuto no rabo.

Nos anos 1990, Le Pen parecia um anacrónico fascista em ascenção; alguns anos depois, o discurso da Frente Nacional é legitimado pelo actual presidente e convertido em lei.

Mas a escalada securitária está a provocar não só o esfrangalhamento da UMP como a questionar a própria estabilidade governativa. Alain Juppé, presidente da câmara de Bordéus e ex-primeiro-ministro, perguntava, a propósito da proposta de revogação da nacionalidade francesa a quem atente contra as autoridades: «É mais grave matar um polícia quando se é francês, bretão, há X gerações ou quando o somos de segunda geração magrebina?». Villepin e Raffarin, mais dois ex-primeiros-ministros da UMP, criticaram-no publicamente. Bernard Kouchner, ministro dos negócios estrangeiros confessou que ponderou demitir-se na sequência do escândalo das expulsões; Hervé Morin, ministro da defesa, denunciou o «discurso do ódio, do medo e dos bodes-expiatórios»; Fadela Amara, secretária de Estado, manifestou-se contra as propostas relativas à perda da nacionalidade; e até François Fillon, primeiro-ministro, reconheceu um certo mal-estar na maioria governamental e criticou certas propostas desta política securitária.

Por isso a greve e a manifestação em defesa da segurança social e contra o aumento da idade da reforma que hoje decorre em França tem uma importância acrescida. Pode ser que este filho de imigrantes que não gosta de estrangeiros seja o próximo a ser corrido.

Achas? Não me digas?

Mas alguém está convicto de outra coisa?

Espèce de .....!

Como é que é possível e ao que este(s) senhor(es) chegou(aram)?! !!

O Presidente Nicolas Sarkozy anunciou hoje uma reforma das leis sobre a imigração que inclui a expulsão de França dos cidadãos europeus "sem meios duradouros de subsistência.

Não tenho grande tempo nem paciência na verdade para dissertar sobre isto, mas não podemos deixar de continuar a denunciar o que em França se tem estado a passar. Um anterior post da Andrea Peniche já o tinha muito bem feito, mas quando pensávamos que já "tinhamos visto" tudo, eis que Nicolas Sarkosy, sempre assistido dos seus 2 ministros da cruzada securitária [Brice Hortefeux e Eric Besson - o actual Ministro da Imigração, Integração, Identidade Nacional e Desenvolvimento Solidário (?) foi durante anos militante e dirigente do Partido Socialista Francês , e ao ler esta biografia na wikipédia fiquei a saber que é suposto coordenar um tal de Polo Esquerda no Governo. Brincadeira de mau gosto, só pode] tem a .... da lata de anunciar isto.

Será possível que a França vá esperar as presidenciais de 2012 para tirar de lá este ..... ??

Adenda: Muito bom post do Daniel Oliveira sobre este tema.

Tendo em conta a prática, isto pó tal de défice é capaz de ser um problema..

Onde andam os deputados do PS quando precisamos deles?

Infelizmente, aos jornalistas da RTP que estavam a fazer a cobertura da chegada de arguidos e advogados para a leitura do acórdão do caso Casa Pia, ninguém roubou nenhum material.

E agora, Sarkozy?

Das burqas à expulsão dos ciganos, da identidade nacional ao folhetim Woerth-Bettencourt, a França entrou em ebulição.

Com ministros a afirmarem a necessidade de escolher entre ser «francês ou vadio» e a defenderem penas de prisão até dois anos para os pais de menores delinquentes, como foi o caso de Christian Estrosi, ministro da indústria; com o porta-voz da UMP, Frédéric Lefebvre, a sustentar a relação entre delinquência e emigração, como Sarkozy também já havia feito, a chuva de críticas à deriva securitária não tem tido fim: da ONU à Igreja Católica, do Conselho da Europa às associações de imigrantes, da esquerda à direita.

Se é um facto que há neste rol de críticas bastante hipocrisia e memória muito curta, a verdade é que Sarkozy já não tem apenas que enfrentar a fúria expectável da esquerda e das associações de imigrantes.

Dois antigos primeiros-ministros, Villepin e Raffarin, juntaram a sua voz ao coro de críticas. Sarkozy foi ministro do interior do governo Villepin mas nem por isso este deixou de classificar as suas declarações de «provocatórias» e «extremamente perigosas». Raffarin apelidou estas políticas de «deriva direitista». Sarkozy tem, portanto, entre mãos mais uma batata quente para gerir: o esfrangalhamento da UMP.

Mas nem tudo foram más notícias para Sarkozy. A solidariedade também se fez sentir. Berlusconi, pela voz do ministro do interior (da Liga Norte), Roberto Maroni, fez saber da sua «intenção de ir mais longe do que a França».

Nos próximos dias Sarkozy e Fillon enfrentarão o poder das ruas. No sábado, 4 de Setembro, a rua dirá o que pensa sobre o racismo e a xenofobia. E três dias depois as ruas voltarão a encher-se em defesa da segurança social pública.

Por cá, as concentrações contra a expulsão dos ciganos também já têm sítio e hora marcados:

Porto: Consulado de França, Avenida da Boavista, nº 1681, às 15h30.
Lisboa: Embaixada de França, Calçada Marquês de Abrantes, nº 5, às 15h30.

Maravilhosa pastilha

Um café e dois comprimidos vermelhos faxabor



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