Se não tivesse sido feito o que foi feito, escusávamos de ter feito o que fizémos

Felizmente, Pedro Adão e Silva reproduziu parte do argumento que apresentou na última edição de "Bloco Central". De facto, fazer uma razia à rede de mínimos sociais como preâmbulo das medidas que uma ou duas semanas mais tarde viriam a ser tomadas potencia os seus perigos. De facto, é em alturas como esta que se torna mais necessário ter um subsídio de desemprego, um subsídio social de desemprego e um rendimento social de inserção mais abrangentes. Palminhas, portanto.

Fica, ainda assim, por explicar como é que se articula um "em política não há inevitabilidades" com um "governo e oposição foram obrigados a fazer inevitável", um discurso de exaltação da política enquanto gestão de "inevitabilidades" com "os ajustamentos violentos que são inevitáveis". É que fica a ideia de que são sempre as penúltimas medidas que poderiam e deveriam ter sido evitadas, sempre as penúltimas que não eram inevitáveis. É que o clima de chantagem permanente, como a Grécia prova, começa a não pegar precisamente porque o erro nunca é "este", é sempre o "outro".

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