Sem cair do palco


A ministra Gabriela Canavilhas foi convidada para uma produção da Vogue portuguesa de Julho, trajada de Yves Saint Laurent e colar Chanel. Entre sessões de fotografias e desfiles de charme, a ministra vai sentindo “sempre o apoio do sr. primeiro-ministro”, “uma discriminação positiva” do seu ministério, “certa de que a cultura é um desígnio particular deste Governo”. Em 6 meses, as suas expectativas estão alcançadas. Se bem me lembro, ao longo de sucessivas entrevistas tem falado da formação de públicos, indústrias criativas, mecenas, fundações, redes de cine-teatros... e da crise, claro! É uma artista “com todo o direito a sê-lo” e isso dá-lhe a garantia de compreender melhor os problemas do meio mesmo que manietada para os resolver. Desde que o primeiro ministro assumiu o erro de ter investido pouco na cultura notou-se uma diferença abissal no entusiamo, no alento... mas ao contrário do que dizia Michelle no Palombella Rossa, as palavras pouco importam. Fica a ressalva de iniciativas individuais, de associações, teatros, centros culturais que têm surgido em cidades periféricas (Aveiro, Guimarães, Famalicão, Braga... só para citar algumas nas minha proximidades) que têm sabido cativar, fixar, deslocar públicos.

Quanto à Ministra, a política é um palco, a sociedade um espectáculo. Já se antevê a condecoração “póstuma” do Presidente da República. Mas em matéria de divas e colares de pérolas, não chega aos calcanhares da Maria de Belém.



Nenhum comentário:

Postar um comentário