Comentadores políticos com ordem

Escreve a auto-proclamada "Ordem dos comentadores políticos" (?) o seguinte manifesto (?):

1- A independência enquanto estilo

A independência deve ser o estilo predominante do Comentador Político. Enquanto estilo, deve ser cultivada, independentemente das preferências partidárias expressas ou implícitas, sob a forma de um ataque qualquer aos dirigentes actuais dos partidos, aos partidos no seu todo e a forças do bloqueio como sindicatos. Enquanto estilo, a independência não implica qualquer declaração de interesses nem obriga a qualquer crítica profunda aos poderes instituídos. Enquanto estilo, recorde-se, a independência produz um efeito positivo de empatia face ao público ao mesmo tempo que induz ao respeito próprio de quem tem a coragem de dizer a verdade.

2- O estribilho enquanto conteúdo

O estribilho simples deve ser o conteúdo predominante do Comentador Político. Enquanto conteúdo, o estribilho deve ser repetido com diversidade de formas. Enquanto conteúdo, o estribilho deve ser claro, apesar de ser mais eficaz se envolvido por comentários de carácter aparentemente técnico e outros argumentos de autoridade derivados da posição do Comentador. Enquanto conteúdo, o estribilho procura produzir senso comum mas, sobretudo, reforçar e orientar o senso comum já estabelecido. Neste sentido, por exemplo, o direccionar do ressentimento produz estribilhos eficazes, como se tem visto no caso dos políticos enquanto grupo indistinto, dos funcionários públicos, ou de pessoas que vivam com prestações sociais.

3- O Comentário enquanto Arte

Daí que a Arte do Comentador Político esteja na capacidade de repetir o estribilho de formas inventivas, assim como na capacidade de fazer acreditar ao mesmo tempo que se está contra ventos e marés de interesses e do lado do campo maioritário, do bom senso, do país etc.

A Arte do Comentador Político depende da capacidade de se posicionar na difícil equação entre a popularidade, medida pela ciência de ratings das audiências, e a adequação à política editorial do órgão de comunicação. Isto, refira-se, sem prejuízo de, em alguns debates e outras ocasiões, existir a necessidade de introduzir a função “pluralidade” que levará à apresentação ocasional de pontos de vista diferentes.

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