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Mesmo sem tradução oficial para português, o acordo com a troika já está a ser aplicado: os banqueiros avançam sobre os contribuintes e quem tem crédito à habitação.

São os aumentos de impostos, os juros impagáveis da troika, a recessão que leva a economia ainda mais ao fundo, o desemprego a disparar… É verdade que também se encontram notícias mais agradáveis na imprensa económica, e curiosamente todas elas dizem respeito ao sistema financeiro.

Olhe-se para o pedido do BES para usar a garantia do Estado para a emissão de dívida do banco. São mil e duzentos e cinquenta milhões de euros que o Estado vai ter de assumir se o BES não conseguir pagar no fim do prazo. E como? Entrando no capital do banco, que reunirá a sua Assembleia Geral quatro dias após as eleições legislativas para alterar os Estatutos nesse sentido.

Apesar de somarem lucros todos os anos, os bancos sempre preferiram distribuir dividendos aos accionistas do que recapitalizarem-se. Mesmo neste ano de crise, com apelos do governador do Banco de Portugal para a não distribuição de dividendos, houve quem não se importasse - o BES, que pagou 147 milhões aos seus donos. Agora sabemos porque é que não se importaram.

Mas a semana de facilidades para a banca ainda vai a meio. Veja-se o caso do spread do crédito à habitação, que triplicou nos últimos três anos. Os bancos acabam de conseguir luz verde para aumentar as taxas dos spreads unilateralmente, protegidos pelo novíssimo "Código de conduta sobre a utilização de cláusulas que permitam a alteração unilateral da taxa de juro ou de outros encargos", anunciado na terça-feira pelo Banco de Portugal.

Como alerta a DECO, este "código de conduta" do BdP  protege os bancos e tem consequências ainda mais graves para quem contraiu um empréstimo para comprar casa e vê a prestação aumentar. É que segundo o próprio BdP, um em cada cinco contratos celebrados desde Outubro passado contém esta cláusula abusiva.

Mesmo sem tradução oficial para português (está aqui a não-oficial), o acordo com a troika já está a ser aplicado e não admira que os banqueiros que chamaram o FMI falem do empréstimo como uma ajuda. É mesmo uma grande ajuda para eles, que é cobrada a quem trabalha e com juros generosos. Para evitar a sangria deste país refém dos que mais têm lucrado com a crise, é a democracia que tem de se levantar no dia 5 de Junho.

(publicado no esquerda.net)

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