Commonwealth

Foi publicado recentemente o novo livro de António Negri e Michael Hardt. Intitula-se “Commonwealth” e procura completar a Trilogia iniciada com “Império” (2000) e “Multidão” (2004).

Sou daqueles que considera que o argumento central do “Império” sobreviveu mal ao seu confronto com a realidade. A invasão do Iraque a 20 de Março de 2003 mostrou que o Império (ainda) tem um Centro, embora a batalha pela hegemonia mundial no século XXI ainda esteja largamente em aberto.

Afinal para compreender a dinâmica da Globalização Neoliberal ainda é necessário que nos socorramos da interacção entre a lógica territorial do poder (Estado-Nação) e a do capitalismo (Acumulação ilimitada) explicada por David Harvey; ou, como Boaventura de Sousa Santos propõe, das constelações de práticas inter-estatais, capitalistas globais, sociais e culturais transnacionais.

A imensa virtude destes dois primeiros livros foi o facto de ter gerado uma nova gramática política, de leitura estimulante e instigadora de intensos debates. Quanto ao terceiro, ainda não o li, mas chegará em breve às minhas mãos. Aparte da novidade na argumentação que “Commonwealth” poderá trazer, será um bom momento para revisitar a coerência global da obra de Negri e Hardt.

6 comentários:

zn disse...

E o desfecho da guerra? Até que ponto é que provou que o centro que pensa que é centro perdeu a sua centralidade?

Hugo Dias disse...

Lá por os Estados Unidos ter perdido no Vietname, e a União Soviética no Afeganistão, o mundo não deixou de ser menos bipolar por causa disso :)

Anônimo disse...

hugo, ai não que não deixou. mas não é só este o meu problema com a tua crítica: a debilitação do Estado que se aponta em Império tem que ver tanto com a expansão extensiva como com a expansão intensiva do capital. E não é propriamente uma crítica de índole objectiva, daquelas que se possa dizer que é errado ou certo. Acho que ver as coisas assim é, como dizer isto a um coimbrão como tu, funcionar, ainda, no quadro das epistemologias do norte...
abç
zé neves

Hugo Dias disse...

Bom não percebi essa primeira parte da expansão extensiva e intensiva do capital. se por intensiva te referes a centro de acumulação de capital, tens razão, esse já não é os estados unidos mas sim a China. não vale a pena contar a história de que o estilo de vida e a divida americana é sustentada pela atracção de capital proveniente das China e dos países petrolíferos. e a acumulação da china é ferreamente controlada através do regime de Estado/Partido Unico. na china talvez exista uma relação mais forte entre territorialidade e acumulação que nos EUA até. daí a questão de saber se o século XXI será ainda o século americano. O senhor da teoria do sistema-mundo já disse que não.
Aceito também que uma critica não seja totalmente objectiva, mas é necessário que existam indícios que apontem nesse sentido, um coimbrão diria, uma sociologia das emergências, mas não vejo indícios nesse sentido. Um epistemólogo do sul diria que a colonialidade do poder esteve intimamente associada ao próprio colonialismo, e que este processo de estende com a ingerência do imperialismo que impede que os países latino americanos tenham os seus próprios projectos de desenvolvimento, não cometendo um "epistemicidio" de conhecimentos e saberes presentes que não se compaginem com os da racionalidade instrumental.

Um epistemólogo do sul diria sobre o imperialismo.. http://www.ces.uc.pt/opiniao/bss/073.php

zn disse...

apenas china? e a índia? o brasil? o g-20 que substituiu o g-8? será que existe mesmo um só centro de acumulação de capital?

Anônimo disse...

expansão intensiva seria a colonização dos diferentes momentos da vida. a expansão do capital à esfera da cultura, simplificando um processo complexo, implicaria que a crise do Estado passaria igualmente pela diminuição da importância da escola na produção de uma cultura dominante (seja isto o que for).
expansão extensiva remetendo para o problema territorial.
abç

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