E depois diz que a culpa é do mercado

Este texto já tem ano e meio (ok, o subtexto tem séculos), mas vale a pena repescá-lo nos tempos que correm pelo delicioso efeito boomerang no debate sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo. À boleia do Zygmunt Bauman (graças a Deus, de tão bom ou tão mau, amamenta meio mundo), Alexandra Teté (!) lamenta e disserta sobre a fragilidade, a caducidade e a fluidez dos laços sociais contemporâneos, calamidade emergente com a mercadorização da vida (uh!). Assim conclui - à chica-esperta - que o direito à dissolução unilateral do casamento não passa de uma reivindicação epidérmica da «espuma dos afectos». Acentuando a anomia e fragmentação social, converte a segurança das relações conjugais num desumano cálculo de indemnizações. Bem sabemos que o divórcio sem culpa não está imune a críticas sociojurídicas e que a complexidade da problemática não se presta a juízos lapidares. Mas é engraçado assistir à sofisticação progressiva do argumentário desta fauninha e ao facto de bem - mas bem - lá no fundo não querer outra coisa se não ver a paneleiragem casada, com filhos adoptados e bem-criados. Constituir família, vá. Se a Teté vai ao Bauman, terá a esquerda de rebuscar a Rerum Novarum?

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