A facção da CGTP

Não foi propriamente uma reunião de facção, e compreende-se a ausência de Manuel Carvalho da Silva, mas este encontro colocou uma questão importante para a actividade da CGTP : a das suas afiliações internacionais.

A participação na Confederação Europeia dos Sindicatos parece ser pacífica, mas apesar de oficialmente a CGTP não ter nenhuma filiação numa organização sindical mundial, o assunto foi objecto de discussão no seu último Congresso. O motivo prende-se com a criação recente da Confederação Sindical Internacional, mas também pela participação de alguns dos seus dirigentes nas organizações de Sectores de Actividade (TUI´s) da Federação Sindical Mundial, associada historicamente ao socialismo real dos Países de Leste.

O argumento para não aderir à Confederação Sindical Internacional é de prudência, justificado pelo facto de muitas organizações sindicais nacionais estarem ainda de fora da CSI. Aceitemos, para já, essa "prudência" da Direcção da CGTP, mas também que alguns dos seus sindicatos queiram fazer esta discussão publicamente e sem fantasmas ideológicos.

2 comentários:

Joana Lopes disse...

Mas que brandura de post! «Compreende-se» que o Carvalho da Silva não tenha ido à reunião porque (ainda?) é do PCP. A CSI é a «maior organização mundial de sindicatos. À margem, está a velha FSM, criada pela então União Soviética e a que pertencem centrais de países como Coreia do Norte, Vietname, ….». Estou a citar o Expresso de hoje, p. 9, num texto de J.P.Castanheira - que não brinca em serviço…

Hugo Dias disse...

talvez seja brando demais, mas as coisas também não são assim tão simples.
1- como podes ver por este link

http://corrente-css.blogspot.com/2009/11/seminario-internacional-em-lisboa.html

o Carvalho da Silva vai estar hoje (domingo) num evento da Fundação Friedrich Ebert e do Instituto Ruben Rolo. Acho que não é preciso dizer quais são as filiações políticas destes institutos. Portanto o Carvalho da Silva gere uma agenda de equilíbrios, apesar de ser militante do PCP, e como tal vinculado à sua disciplina. Não sei se a sua ausência aqui foi deliberada...
2- A CGTP oficialmente não faz parte da FSM, nem nunca fez. é óbvio que a maioria comunista tem (sempre teve) simpatias pela FSM, mas é uma singularidade histórica nunca ter feito parte dela. As CCOO espanholas, a CGT francesa fizeram parte e saíram. Participam sim, alguns sindicatos na CGTP, os mais ortodoxos sem dúvida, de algumas estruturas da FSM. Parece-me também claro que a "prudência" a que me refiro relaciona-se naturalmente com obstáculos ideológicos da maioria comunista na CGTP.
3- mas eu acho que esse caminho vai ser trilhado. Quem organizou o colóquio de ontem está a ter um papel importante, mas existem muitas outras pessoas de outros sindicatos (comunistas) que participam nas Federações Europeias, que fazem parte da CES e são as organizações europeias por sector da CSI. e portanto têm visto a utilidade de participar nestas organizações, embora a sua linha ideológica possa ser mais fluída do que gostariam talvez!

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