Vê aqui o que não passa na TVI!


É desta! Eis o panfleto em que se informa, denuncia e procura mobilizar as pessoas para elas também mandarem uma carta à TVI por se recusar a passar uma cena de afectividade entre um casal de gays que tinha filmado.

Fica aqui a carta que várias associações (Amplos, ATTAC, Ilga Portugal, Não te prives, Panteras Rosas, PolyPortugal, PortugalGay, Rede Ex Aequo, Rede de Jovens para a Igualdade, UMAR) enviaram e que vocês também podem. Bora?

Carta Aberta
Ao Director-Geral e Administrador da TVI
Ao Director-Geral da Plural Portugal
À Administração da Média Capital

Assunto: Cancelamento, pela TVI, de uma cena de afectividade entre casal de namorados, na série "Morangos com Açúcar"

Exmo. Sr. Bernardo Bairrão,
Exmo. Sr. André Cerqueira
Exma. Sr.ª Ana Esteves,

Tomámos conhecimento, através de notícia publicada no Jornal de Notícias a 19 de Julho de 2010, da decisão de cancelar a emissão de uma cena de afectividade protagonizada por um casal de rapazes na série "Morangos com Açúcar". Segundo informa a mesma fonte, a cena, que inclui um beijo entre os dois rapazes, foi gravada pelos autores da série e rejeitada pela direcção de programas da TVI. Procuramos com a presente carta obter um esclarecimento quanto ao porquê desta decisão e alertar para o impacto extremamente negativo da mesma.

Entendemos não existir justificação para a não emissão de qualquer conteúdo que expresse a diversidade de afectos e relacionamentos que existem na sociedade, tendo em conta os critérios avaliados para o horário e público a que se destina a série, mas sempre com respeito pelo compromisso de igualdade consagrado na Constituição da República Portuguesa (Art. 13º), no Tratado da União Europeia (Art. 10º) e na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (Art. 21º), que no caso aqui apresentado se relaciona directamente com um tratamento desigual baseado na orientação sexual das personagens.

Qual é a gravidade desta infracção? Tratando-se de uma série de jovens para jovens, em emissão desde 2003, com um público substancial que encontra nela um retrato das vidas de sucesso, complicações, dramas e conquistas da juventude portuguesa, compreendemos ser importante que o desenvolver da série “Morangos com Açúcar” seja inclusivo e se estenda sem discriminações à realidade de jovens lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT) em Portugal.

A visibilidade positiva e a informação correcta sobre orientação sexual e identidade de género são aspectos cruciais na desmistificação destes assuntos, na educação de mentalidades e no desenvolver de uma personalidade e capacidades sãs entre jovens com uma orientação sexual minoritária, que, infelizmente, não contam ainda com modelos positivos no seu dia-a-dia devido à discriminação e ao preconceito.

A comunicação social e os média desempenham um papel importantíssimo nesta área, tendo o direito e o dever de retratar e noticiar, sem medo ou preconceito, mas com respeito e verosimilhança, as histórias desta camada da população, honrando e apoiando todos aqueles que ainda sofrem constantemente pelo preconceito direccionado pela sua orientação sexual ou identidade de género.

A omissão de personagens LGBT e de cenas que retratem o dia-a-dia destas pessoas, com dúvidas e receios tão legítimos quanto os de seus pares heterossexuais, e que fazem parte da vida de milhares de jovens no nosso país, é absolutamente preocupante, descaracteriza a série em relação à sociedade que pretende retratar e isola muitas crianças e adolescentes que encontram um sinal positivo na história das personagens Nuno e Fábio e na aparente legitimidade que a TVI confere à mesma, revelando-se afinal discriminatória e incapaz de respeitar as vivências destes jovens no seu todo.

Esta decisão reduz a existência e os sentimentos destes adolescentes e propicia a invisibilidade, veiculando a ideia de que são menos dignos que os seus pares heterossexuais, sentimentos e pensamentos que levam à instabilidade emocional e que poderão expressar-se no maior isolamento, insegurança, repressão, desrespeito próprio, auto-mutilação, tentativa e ideação de suicídio, como tem sido recentemente documentado.

Vivemos numa época em que estão reunidas todas as condições para o apoio e o respeito às pessoas LGBT, e estamos certos/as que a sociedade portuguesa está mais do que preparada para assistir às imagens desta história de amor, que afinal é igual a tantas outras. Pedimos que não deixem de participar e de contribuir de forma positiva para esta educação de mentalidades, repondo a cena cujo cancelamento representa uma infracção das normas nacionais e internacionais dos direitos humanos e um sinal triste de retrocesso civilizacional.

Melhores cumprimentos

Comigo não brincam

Ora vede lá se isto...



... não é igual a isto:

Bora lá dizer isto mais de-va-gar-inho ver se Ministério e IPS percebem: Homossexualidade não é sinónimo de comportamento de risco!



Na sequência desta notícia do JN de ontem, dizendo:

"O Ministério da Saúde não vai adoptar medidas contra a exclusão de homossexuais e bissexuais na doação de sangue, que constavam numa recomendação do Bloco de Esquerda, aprovada no Parlamento por várias bancadas, inclusive pelos deputados socialistas"

As organizações AMPLOS, ATTAC, Ilga Portugal, Médicos pela Escolha, Não te prives, Panteras Rosas, Poly Portugal, Portugal Gay, Rede Ex Aequo, SOS Racismo e UMAR , lançaram hoje um comunicado

Deixo aqui a parte final:

"Por que motivo(s)? Não percebemos nem aceitamos que tal volte a acontecer. Já são demasiados anos em volta deste folhetim interminável que só acentua o preconceito e a desigualdade em volta das pessoas LGBT. Não se pode, por um lado, aprovar medidas que visem a promoção da igualdade e, por outro, perpetuar uma discriminação sem qualquer fundamento que põe de lado milhares de potenciais dadores quando existe sempre necessidade de sangue. Os avanços e recuos verificados nesta matéria somente contribuem para o aumento do estigma em relação às pessoas homossexuais que em nada favorece uma sociedade que se quer livre, inclusiva e democrática.
Deverão ser os comportamentos de risco a determinar a exclusão da doação de sangue, sejam homens ou mulheres, homossexuais ou heterossexuais e não outro qualquer factor arbitrário e discriminatório que parte de pressupostos estereotipados.
A homossexualidade não é sinónimo de comportamentos de risco, tal como a heterossexualidade não é garantia da sua ausência! Quantas vezes teremos que o dizer?
Nem a ciência, nem as estatísticas, nem os princípios da não discriminação e da igualdade justificam tal comportamento por parte do Ministério da Saúde pelo que exigimos, por isso, a adopção urgente das medidas solicitadas na Resolução adoptada na AR".

Sarkosy: A guerra na ponta da língua

Interessante artigo do Le monde fazendo uma breve análise da retórica sarkosyana. Ele é a guerra à delinquência, ele é a guerra aos traficantes, ele é a guerra aos jovens desordeiros dos bairros sociais, ele até é a guerra ao absentismo escolar,e por aí em diante.
O artigo acaba dizendo:

"La France s'est engagée dans une guerre sans merci contre la criminalité (declarações de Sarkosy). Une guerre qui dure depuis huit ans, et ne semble pas terminée".

O problema

é que à Tina, espera-lhe uma relação estável com pancada de meia-noite todos os dias.

Porreirismo e educação sexual

A amiga Andrea Peniche enviou-me há dias dois ou três exercícios de educação sexual, para o 1º ciclo, prescritos num manual patrocinado pela sagrada Associação de Planeamento Familiar. Entre outras coisas, consistiam, em sala de aula, na exposição dos corpos das crianças às mãozinhas dos colegas e no convite ao débito de sinónimos ordinários comummente atribuídos ao pénis e à vagina. Ora vede*:

Algumas notas:

1. O ensino da saúde sexual e reprodutiva é da máxima urgência na escola pública. Saúde sexual e reprodutiva não é sexualidade. Abordar, discutir e desconstruir o fenómeno sexual nas sociedades contemporâneas não é ensinar os meninos a pinar nem, por Deus, descomplexá-los.

2. A sexualidade é uma dimensão importante não apenas da vida social como da vida íntima e privada dos cidadãos. O facto de ser íntima e privada não significa que não seja política e não produza ou reproduza relações de poder. O facto de ser política e produzir ou reproduzir relações de poder não significa que deixe de ser íntima e privada. A escola pública não ensina nem certifica correcção ou competência sexual.

3. Estes joguinhos são graves, invasivos e perigosos. Não será preciso evocar Norbert Elias para se compreender a complexidade e ambivalência do estatuto do corpo na construção identitária. As crianças não se vêem? As crianças não se tocam? Sim e sim. Mas não é preciso enfiar um voluntário no meio da sala a bater uma para saber se já se vem (em que idade nos vimos, professora?) e desfazer o tabu da masturbação.

4. Trazer o calão para a sala de aula é admissível em dois contextos: na linguística e na poesia. Não é o caso. Cona e piça diz-se - e muito bem -, mas é lá fora.

5. A nossa sorte é que o Abominável César das Neves é grotesco e anedótico. É muito mais simples bater na ideia peregrina - mas muito bem imaginada - da ortodoxia do erotismo do que olhar criticamente para o que se faz na tecnocracia sexual da esquerda moderna. Custa sair do rebanho, não é?

*Os comentários esferografados são de autoria, naturalmente, suspeita. Mas a letra é de merceeiro.

A implosão da escola

Para combater a "insustentabilidade" do país, o PS e a Direita resolvem acabar com o país. Para combater as falhas no sistema de ensino, o PS e a Direita resolvem mandar às favas os mecanismos que poderiam ajudar a que se cumprissem os seus objectivos.

Castigar alunos com comportamentos ilegais é um imperativo na mesmíssima medida em que o é castigar qualquer cidadão com comportamentos ilegais. Mas chumbar alunos automaticamente por estes ultrapassarem um número limite de faltas é não perceber o papel que as escolas devem desempenhar nas sociedades democráticas. E o mesmo se aplica à criação de quadros de honra, à responsabilização dos pais pela sua ausência da escola quando a ela são convocados e à facilitação das retenções. Isto vinga e acalma os espíritos dos esforçados? Certamente. Mas parece-me que a escola, nas sociedades democráticas, deve reger-se por objectivos um pouco menos cínicos.

A polícia não tem meios para apanhar todos os criminosos? Podíamos passar a ter polícia sem a competência de apanhar criminosos. A tesouraria pública não consegue combater a fraude fiscal? E se lhe retirássemos as competências de cobrança de impostos? E por aí fora...

A apoteose

Segundo uma peça do telejornal da SIC, Cavaco Silva foi recebido em apoteose no sul de Angola. A apoteose retratada nas imagens fugidias deste canal consistia em grupos de crianças em idade escolar a saudar a comitiva que passava ou a cantar algo ensaiado. Talvez apoteose seja o nome de um feriado escolar ou de vícios de um poder político a lembrar outros tempos e manipulando crianças para cantar hinos a líderes políticos que desconhecem. Ou então terá sido esta reportagem que foi a apoteose de um jornalismo acrítico perante o poder político.

Paulo Portas Soma/Subtrai e segue...

Impressionante como até num assunto como o Estatuto do Aluno, o PS faz aliança com o CDS/PP....E agora é aturar o Paulo Portas ...E aqui não estava em causa mais ou menos dinheiro, era acima de tudo: uma visão da escola, uma visão da comunidade escolar e da forma como ela pode ser potenciada ou não, abordagens ao absentismo, à indisciplina, ou à violência, mais "repressiva(s)" ou mais "preventiva(s)" (sendo que uma não exclui obrigatoriamente a outra, a diferença está na proporção que cada uma das vertentes tem e da tónica que lhes dás). E não me venham com histórias . Conheço as propostas do PCP e do BE e as de parte da sociedade civil e era muito possível conseguir chegar-se a um consenso à esquerda, assim o quisessem...

I know you are but what am I?



Paul Reubens, protagonista da série Pee-wee Herman Show, foi detido em 1991 por ter sido encontrado num cinema “para adultos” em onanismos pouco aceites por espectadores de filmes infantis. Depois de um período de rectificação forçada, em 2002 volta a ser notícia por terem encontrado em sua casa um sortido de material pornográfico. Na altura foi até acusado de pedofilia e passou mais uns anos a justificar o conteúdo da iconografia: era arte pela arte, não havia menores (nem mesmo daqueles que parecem muito maiores) e no fundo, era só pornografia! Reubens negou sempre ser pedófilo e veio-se a confirmar que também não era abusador sexual de menores. Mas a sua maior aventura foi explicar que a forma como ele aproveitava o tempo livre nada tinha a ver com a sua profissão.
E se Pee-wee fosse pedófilo? É natural que quem fantasie ou sinta uma atracção sexual por crianças tenda a procurar empregos em que está mais próximo destas. Mas ser pedófilo é diferente de ser abusador sexual infantil e pode-se ser pedófilo toda a vida sem tocar num cabelinho de um menor (ou seja: praticar actos sexuais com menores, actuar sobre estes por meio de conversa, escrita, espectáculo ou objecto pornográfico). O contrário é igualmente verdade.
Vem isto a propósito dos jogadores da selecção francesa e da confusão que praí vai. Ora neste caso, nem pedófilos nem proxenetas: solicitadores de cuidados (ainda que de legalidade duvidosa).

Só um pequenino apontamento a propósito da revisão constitucional


Um Estado que não garante serviços públicos de Saúde e de Educação não é um Estado, é um condomínio. Sugiro, portanto que o PSD proponha mais algumas alterações à CRP passando o Primeiro Ministro a designar-se Administrador de Condomínio, passando a AR a chamar-se Assembleia de Condóminos, e por aí em diante.

Quem disse que os gays são maricas?


Corrida (com o ) CDS-PP


(Bem) Vista pela ANIMAL

Imagem do Público

Nota: O CDS-PP é contra a violência na televisão, por isso certamente que a "corrida" não será transmitida em nenhum canal televisivo.

Era isto, desculpem a diarreia mental mas é por "justa causa"

Ora, tava aqui a pensar escrever qualquer coisa sobre os possíveis efeitos das propostas do PSD para a revisão constitucional e descubro a "notícia" em baixo através de um post da Shyznogoud (do Jugular) no facebook. Pareceu-me um bom mote para a minha tentativa de post.
Um dos papelinhos que um dos membros da direcção de Passos Coelho tirou do saquinho de "sorteio de ideias para reformar a constituição" trazia uma proposta laboral complexa: alterar o conceito de "despedimento sem justa causa" pelo de "despedimento por you're fired".
Na sala, a ideia não foi consensual mas ninguém se acusou e as "ideias" tinham sido colocadas no saquinho "anonimamente", justamente para não se saber quem as teve.
Marco António ainda disse «isto deve ser a gozar». Relvas corou um pouquito, mas Passos Coelho não teve dúvidas: «Se estava no saquinho, estava no saquinho, vamos propor! Próximo... Miguel Macedo, tira dois papelinhos e abre...».
«Então, vamos lá ver... neste tenho "passar a Saúde para tendencialmente paga" e "aprender com aquilo do Santana e permitir que o presidente corra só com o primeiro-ministro e deixe o Parlamento em paz"», leu Miguel Macedo, enquanto Passos Coelho apontava.
E assim continuou a reunião até altas horas da tarde, sendo apenas interrompida para um pequeno lanche e meia-hora de Play Station. «Nem mais um minuto!», gritou o busto de Sá Carneiro.
Feita à piada que pode dar para rir como para gritar, só queria mesmo dizer, para além do óbvio para alguém de Esquerda - que estas propostas são um claro ataque ao Estado social, um retrocesso que não pode acontecer, etc, etc - que, ainda assim, gabo a "coragem" (ou não) a Pedro Passos Coelho que contribui assim inegávelmente para marcar uma clara divisória entre a Esquerda e a Direita. Sim, porque apesar de, cada vez mais aliás (dada a retórica e prática dos partidos do arco do poder), não parecer, continuam a existir claras diferenças entre a Esquerda e a Direita de um ponto de vista ideológico, e convém não esquecê-las . Custa ouvir estas "propostas" e tem inegáveis perigos mas, ainda assim, esta clarificação na retórica não deixa, no meu ponto de vista, de ser "saúdavel" para o debate ideológico e democrático. Que a direita se assuma, ela, as suas posições e a sua ideologia neoliberal (Só é pena o PS não fazer o mesmo: assumir-se na retórica e na Prática, em todas as áreas, como de Esquerda:) Tenho é algumas dúvidas que elas sejam partilhadas por todos/as os/as militantes e se calhar até por alguns/mas dirigentes do PSD mas enfim..
Agora, dito isto também, parece-me que os/as opinion makers - analistas políticos/as , na linha das sondagens aliás, estão muito confiantes numa clara vitória do PSD mal haja eleições, eleições que já nos disseram vezes sem conta que iam acontecer em breve. Fala-se até de maioria absoluta. Não sei... não me parece assim tão linear e "tão fácil" e estas performances de Passos Coelho tendem a reforçar a minha ideia.
Se, por um lado, acho que o Passos Coelho não deixa de ter alguma coragem ao repetir vezes sem conta (demasiado?) as suas propostas, também acho que ele está a surfar demasiado na onda, que é como quem diz "tá armado em campeão antes do tempo", confiando em demasia que este é o momento para se afirmar e assumir posições "mais difíceis" que o demarquem do PS, quando está também a dar uma oportunidade de ouro ao PS para renascer, unir as tropas, afirmar-se como o guardião do Estado social. O Governo está a ver-se à rasca para se aguentar, perdeu referências, os/as ministros/as andam à deriva; as sondagens correm-lhe (a Passos) de feição, os ventos europeus sopram como se a causa da Crise que vivemos não fosse precisamente um feito da ideologia do" Mercado e o lucro é que são", está à frente de um partido desejérrimo, depois do compasso da Manuela, por se afirmar e andar por aí de peito inchado e já com drafts feitos sobre quem ocupará que lugar no próximo governo. Certo.
Certo...mas este senhor a ir a eleições não irá assim "tão depressa", ainda faltará, pelo menos, quase um ano. E aqui, diga-se, não estou nada certa, como muitos/as estão, que serão convocadas eleições antecipadas, ou, a sê-lo, não tão depressa, como muitos/as pelos vistos/as julgam, mas ok. Se o orçamento passar, que o governo se conseguir aguentar e que a crise financeira e económica não chegar a um ponto de não retorno, dúvido que Cavaco, e menos ainda Alegre, as convoque tão rapidamente. Se o orçamento não passar, haverá eleições antecipadas na certa, mas será porque o PSD não quis aprovar o orçamento e aí o PS explorará até ao tutano que a crise deve-se ao PSD.
Por outro lado, num ano (ou mais) passa-se muita coisa, e não é dito que o Governo/Ps não consiga , como já o fez, passar por mais uma crise sem comprometer por completo as suas hipóteses de ganhar.
Por várias razões: porque daqui até lá os indicadores económicos (não estou muito bem a ver como, é certo, mas ...) podem melhorar; porque a memória é curta; porque a nossa capacidade colectiva de apertar o cinto sem nos passarmos de vez é muita; porque lá para o fim do ano, inícios do próximo, o Governo vai adoptar medidas "mais populares"; porque possívelmente haverá uma remodelação governamental, porque o Sócrates tem várias vidas e consta que ainda não gastou as suas 7; porque se o Socrates está muito desgastado, e ele no fundo, no fundo, sabe, hão de encontrar no PS, no momento em que Socrates terá que sair de cena, quem possa e queira pegar no partido, dando-lhe um "novo ar" e Porque - e é aí que acho que estas propostas de Passos Coelho acabam por favorecer o PS - o PS voltará a poder adoptar, ainda com mais veemência, o discurso do voto útil, "da Esquerda possível, necessária e desejável somos nós", e de "se a direita for para o poder vai acabar com tudo o que é Direito, vai ser tudo privatizado, etc" (e de facto será por aí sim....sendo que o PS já terá dado uma "ajudinha").
Não sou nenhuma "analista política", contrariamente a cada vez mais pessoas aliás, mas as análises que tenho ouvido - lineares e quase deterministas no que nos espera nos próximos meses/tempos - não me parecem, na minha modesta opinião, assim tão lineares. Se por um lado, não tenho grandes dúvidas perante o facto do PSD de Passos Coelho ir chegar mais tarde ou mais cedo ao poder também não sei se será assim tão depressa ou, pelo menos (isto já para me resguardar da chuva de críticas que desconfio que esta minha pseudo análise terá) com a razia e o prenúncio de morte por bons e longos anos que tantos/as dizem que o PS terá.
A ver vamos.

Há mais vida para além da burka

Num corpo velado pelas suas raízes culturais, Ghazel joga squash, boxe, anda de bicicleta, skate, ballet, tudo o que uma mulher ocidental (e hiperactiva) faz. As exposições de artistas muçulmanas são uma forma de afirmação e projecção da sua realidade. A burka simboliza a sua identidade e usam-na para simultaneamente a afirmar, criticar e desconstruir. E se lhe tirássemos a burka? Como disse a Andrea “o uso da burka carrega em si todo um historial de opressão e (...) é uma manifestação clara da subordinação das mulheres“ mas não é erradicando por decreto a burka, o nikab, o sari (ou a écharpe) que contribuímos para a sua emancipação. Um corpo, mesmo que condicionado sob um retalho de tecido e uma cultura opressiva, nunca é um corpo passivo e por isso, sou pela utilização sem restrições de todos os tipos de indumentárias desde fardas dos escuteiros, hábitos de freira, togas de magistrados e até gabardinas de exibicionistas (estas, de preferência num espaço o mais informal possível).