O meu Sonho: Enriquecer com a Cultura

Afinal é possível fazer-se uma vida da cultura. Os sonhos concretizam-se, basta que acreditemos o suficiente. Já o dizia a Emilinha do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Ser-se acusado (e condenado) de ser responsável por irregularidades financeiras de 3,2 milhões de Euros na Companhia Nacional de Bailado não é impeditivo de se ser nomeado administrador do Teatro Nacional D. Maria II. E quem julga o contrário não passa de gentalha que nunca ouviu a Pedra Filosofal nem sabe quem é o Saci.

Radicais liberais junto a gangues de bancos perigosos

Ou se calhar percebi mal...

o bordel tributário da madeira

Entrevista de Ricardo Alexandre a João Pedro Martins, autor do livro «Suite 605: A história secreta de centenas de empresas que cabem numa sala de 100 m2».

Os preguiçosos

Tínhamo-nos já habituado a que as elites alemãs fizessem passar a ideia de que os portugueses, tal como os gregos, são calões. Mas, agora, um governante chinês tratou de alargar o estereótipo. Para ele, todos os europeus são mandriões, não querem trabalhar e vivem de papo para o ar na praia.

Alguns sentir-se-ão vingados ao ver os alemães assim enxovalhados e colocados ao nível tuga da indolência, procurando tirar a desforra possível face a Merkel e amigos. Aos olhos dos outros, somos todos preguiçosos.

Mas pode ler-se também aqui o que se revela e desvela sobre os preconceitos nacionalistas das preguiças alheias que justificam que, a bem da nação, haja cada vez menos direitos; sobre esta economia da baixa tendencial dos direitos dos trabalhadores; sobre a capacidade de penetração desse discurso da preguiça servido pronto a utilizar para que explorados/as o usem contra explorados/as (os desempregados não querem é trabalhar, os funcionários públicos têm um emprego mas não trabalham nada e por aí adiante); sobre a ideologia da preguiça como pecado capital contra o capital.

A crise acentua o discurso da exploração produtivista e moralista como se não houvesse alternativa.

Já no século XIX, Paul Lafargue procurava desmitificar a ideologia do trabalho defendendo “o direito à preguiça”. Numa sociedade que produz mais riqueza e bens de consumo que qualquer outra antes, continuamos longe do apelo que Lafargue repesca na frase de Lessing: “preguicemos em todas as coisas, excepto em amar e beber, excepto em preguiçar”.

Pois, no século XXI, estamos no patamar em que temos de voltar a lutar contra a ideia de isso do trabalhador ter direitos é uma coisa de preguiçosos.