Pobreza social e Riqueza musical

Meritório este reconhecimento do prejuízo profundo que uma economia política ancorada na contenção e na injustiça salarial tem vindo a gerar no bem-estar e na sustentabilidade social do país, tal como no estímulo à renovação das estratégias empresariais mais adormecidas e melhor instaladas. Se é um recado, tanto melhor.
Mas é tão mais certo estarmos «confrontados com níveis intoleráveis de pobreza em Portugal» quanto menos provável a fiabilidade sociológica dos muitos indicadores que ciclicamente circulam a propósito do sucesso da governação social e política da pobreza e do desemprego - boas e más intenções à parte. Não será preciso relembrar a genealogia disciplinar da estatística para compreender os problemas que lhe são intrínsecos. A esse propósito, o empreendedorismo de base social será um bom observatório do grau de ineficácia ou viciação encapotada de que muitas medidas sociais inspiradas em lógicas de activação têm vindo a padecer e que requerem uma monitorização técnica, política e ideológica que dê conta dos automatismos inscritos na sua tramitação burocrática e da camuflagem olímpica do fracasso predestinado de muitos dos seus projectos: eis um bom programa de ressocialização para os activistas do Verde Eufémia.

Agora a sério: isto confirma a minha relação bipolar com os ditos e escritos de Adão e Silva. Bill Callahan e The Pains of Being Pure at Heart são insofismáveis e inegociáveis. Onde páram os Quase Famosos?

Um comentário:

Pedro Adão e Silva disse...

enquanto o pólo positivo for o musical não há problema!
pedro adão e silva

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