Clareza



A culpa é, claramente, do embargo.

16 comentários:

João Pena disse...

Ora essa, a culpa é do estado mono-partido anti-democrático de Cuba.
Se calhar és demasiado duro com o Daniel Oliveira.

Diogo Augusto disse...

Nããã... Consigo ouvir claramente um dos animais a arrastar uma das manifestantes a dizer "se não fosse o embargo eu não estava aqui".

João Pena disse...

...e não seria o Daniel Oliveira a ser arrastado?

Diogo Augusto disse...

O que ele faz para fazer publicidade ao blog...

rafael disse...

Estranho, uma vez mais, que por bandas minoritárias se continue a aludir ao tema. bem...talvez nao estranhe...repetiria a argumentaçao usada em comentarios a um post anterior, mas friso só dois ou tres pontos:

1) O actual grevista de fome Guillermo Fariñas merece-me pouca consideraçao nas suas reivindicaçoes. Foi o mesmo q há coisas de uns anos fez uma greve de fome a reivindicar internet de forma livre. tal é impossivel devido ao bloqueio, materialmente impossivel. Cuba apenas tem ligaçao por satélite e uma largura de banda semelhante a um ciber café para toda a ilha. O governo cubano já acordou com a venezuela a ligaçao por cabo num esforço economico que será assinalavel- 500 km de cabo ao invés dos 15 km que seriam necessarios para ligar aos EUA. Dito isto, sobre o personagem em causa, nada mais a acrescentar. Seria como alguem entrasse em greve de fome em Portugal por querer um comboio para a Madeira...

2)a mae de orlando zapata aparece com grande destaque nestas concentraçoes. é a mae do novo simbolo. Sem querer entrar em discussoes sobre os presos de opiniao, teremos posiçoes diferentes, e relativamente às acusçoes q recaem sobre o tratamento dado a zapata pelas autoridades cubanas volto a deixar algumas perguntas, mas por favor nao respondam com um "abaixo fidel" ou algum ruido do género, pf:

2.1) no video de yoani sanchez entrevistando a mae de zapata depois de esta saber que o filho tinha morrido, esta acusa o governo cubano de tê-lo torturado e deixado 18 (dezoito) dias sem água. Basta perguntar a qualquer doutor ou aspirante a doutor da mais reles instituiçao medica do país, que vos dirá que tal é humanamente impossivel. até 5 dias, vá lá. pode chegar a pouco mais de uma semana com condiçoes ambientais optimas - suponho que nao um calabouço. Esta incoerencia nao vos causa confusao?

rafael disse...

2.2) é dito que zapata foi torturado de forma constante. se aminetu haidar sobreviveu, com dificuldade, a 54 dias, se nao estou em erro, e era acompanhada por medicos de forma permanente e tinha uma necessidade de descanso imperativa, nao é estranho que um homem torturado de forma sistemática resista 85 dias em greve de fome? isto sem contar, que, pelo menos a partir do 75º dia foi-lhe prestado auxilio médico, estando essas conversas gravadas num video que anda por aí, onde a mae de zapata agradece a atençao e a dedicaçao dos médicos...

3. Na vossa opiniao,entao todos os cubanos que se vêm neste video sao arietes do PCC, sao funcionarios estatais ou coisa do género...gostava que pensassem se as damas de branco nao podem realmente causar repulsa em certos sectores da populaçao...é que até pode acontecer.

de qq modo deixo-vos link para 3 videos que postei - um deles é o q o Diogo postou, creio - e que podem aludir à condiçao da(s) democracia(s) e seus aparelhos repressivos.

http://airadosmansos.blogspot.com/2010/03/e-accao-da-policia-suficiente-para.html

Porque se o critério de nomeaçao de democracia é a actuaçao da policia, entao Zapatero- para dar um exmplo- é um ditador...

Bem, se o critério fosse os presos politicos, que dizer dos 800 presos abertzales (aposto que se encontram uns 200 que nao sao violentos)ou do período de incomunicabilidade a que estao sujeitos os suspeitos de terrorismo?

A existencia de partidos é a linha de agua? bem, entao é melhor começarem a chamar democracia à China...

Diogo Augusto disse...

Não, Rafael. Não me causa confusão absolutamente nenhuma. A mãe de Orlando Zapata mete com quantos dentes tem sobre o número de dias que este passou sem água? Está mal informada? Seja como for, é absolutamente irrelevante na avaliação do regime. O que apresenta aqui são pequenos factos que não provam coisa nenhuma.
O único ponto que quero fazer aqui é que o embargo, podendo ser responsável por algumas deficiências da economia cubana e do acesso a bens, não é responsabilizável pela repressão estatal a que os cubanos estão sujeitos.

rafael disse...

Provam, no minimo, que existem uma série de relatos que estao a ser feitos de forma falsa com clara intençao de denegrir o regime...e quando deixamos que a mentira contamine a argumentaçao (de todos os lados) de forma consciente, estamos bem fodidos no que toca à moral...

Diogo Augusto disse...

Rafael, respondi depois do 1º comentário. Respondo ao 2º embora, no essencial, não tenha muito mais a dizer a não ser em relação aos últimos comentários que faz. As democracias não existem ou deixam de existir por um único determinado factor, mas sim pelo seu conjunto. Cai, aliás, num erro recorrente: justifica situações de repressão com situações análogas noutros países. Se elas existem, são violações dos direitos humanos tão condenáveis como qualquer outra. Não deixo de condenar seja quem for.
O que não se pode fazer é confundir as coisas. Não há país no mundo onde não haja violações, mesmo que esporádicas, dos direitos humanos. Elas, por si só, não invalidam a existência de democracias. O que as distingue é a gravidade e frequência destas violações bem como a vontade política de serem corrigidas.

Por fim, uma nota. Neste blog, uma pergunta que comece com "na vossa opinião..." não faz grande sentido. Cada um assina o que pensa. Fica desculpa se queria saber a opinião de cada um de nós e não uma opinião oficial. :)

rafael disse...

Caro Diogo, pá
trata-me por tu, ainda nao sou avozinho...

o "vossa opiniao" prendia-se com o facto de haver mais um comentador que alinhava pelo teu diapasao, só isso, nao ando à procura de posiçoes oficiais (mas que parece que há, parece ;))

eu deixava-te só a pergunta, o que define para ti uma democracia e quais os paises que se encaixam nessa definiçao?

O Miguel Serra Pereira deu a sua definiçao num post do Vias de Facto e como aludiu a um comentário meu, tenho estado para responder-lhe mas ainda nao tive tempo, mas realmente esta é a questao fulcral: o que caracteriza um regime democrático? Portugal é democrático? A Europa é democrática? é que embora pareça uma pergunta de polichinelo, o refrao do sérgio godinho faz muito sentido nessa análise (paz, pao, saude, educaçao), mas nao só. A questao do exercicio do poder pelo povo provavelmente seria a resposta mais correcta, mas é o povo que exerce a democracia nos nossos regimes parlamentares? mas exercer, nao "observar os actores" como muito bem relata o Chomsky...

PS: as violaçoes dos direitos humanos em Espanha nao sao esporádicas, sao sistemáticas e têm cobertura legal

Diogo Augusto disse...

Lamento mas não vou dar nenhuma definição de democracia. Qualquer coisa que aqui escrevesse estaria sempre incompleta e, portanto, alvo fácil de críticas acertadas e sem ser acertadas. O que vejo em Cuba não encaixa no meu conceito de democracia. O que vejo em Portugal sim. Mas talvez seja mais útil encarar o conceito como um contínuo e não como binário.

Já agora, o Godinho refere-se à liberdade, não à democracia. Quando se refere à democracia começa a aludir a imagens bíblicas o que acho que não ajudaria em nada este debate. ;)

Andrea Peniche disse...

As prisões por delito de opinião são todas elas condenáveis, sejam de dissidentes cubanos, sarauis ou bascos. Seja em democracia, seja em ditadura. O direito ao pensamento e à sua expressão é um direito humano, universal, portanto.
Quaisquer justificações ou comparações que se arranjem entre políticas ou regimes apenas revelam a nossa má consciência perante uma determinada situação.
Dou de barato que existam campanhas para denegrir o regime cubano. Não são novas, são de sempre. Mas nem o embargo nem as campanhas contra Cuba anulam o facto de haver presos por delito de opinião. Em Cuba como nos Estados Unidos. No calabouço como no corredor da morte.
O que aquece esta discussão é o facto de exigirmos a Cuba uma política diferente.
Ser exigente com Cuba é a minha forma de dizer que estou com a Revolução Cubana.

João Pena disse...

Eu aceito que a justificação para as prisões de delito de opinião revele uma consciência enviesada, no mínimo. Mas acho insólito que o uso da comparação com outros países, contextos e níveis de repressão diferenciados seja interpretado como uma espécie de desculpabilização dos mauzões.

A não ser que se pretenda dizer o óbvio – que eles são mauzões por terem prisões de delito de opinião – a comparação torna-se necessária para devidamente qualificar a análise da situação Cubana ( quão grave é, quão grave tem sido? Quão parecida é a situação de Cuba com a Nigéria, compará-la com a Arábia Saudita é um retrato fiel?, quão intrínsecos são esses comportamentos e estratégias com o sistema político cubano?), nomeadamente em torno do seu potencial para se reformar e reestruturar internamente, pelo menos do ponto de vista dos direitos humanos – também a tal vontade política de que fala o Diogo.

Mas o uso da comparação permite também minorar os efeitos perniciosos de uma mediatização convergente e global (na imprensa mas também na agenda política de muitos intervenientes) do tema dos direitos humanos em Cuba e a associação directa com o sistema político vigente. Isto não é novo, é de sempre – como diz a Andrea Peniche – mas também é real.
A resolução do Parlamento Europeu (http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+TA+P7-TA-2010-0063+0+DOC+XML+V0//EN&language=EN ) do dia 11 de Março fala abertamente em utilizar a European Instrument for Democracy & Human Rights ( criada em 2007) para “immediately (…) begin a structured dialogue with Cuban civil society and with those who support a peaceful transition in Cuba”, o que implica (http://ec.europa.eu/europeaid/how/finance/eidhr_en.htm) financiar grupos pró-democracia e etc ( um pouco à americana, diga-se de passagem). As comparações permitem analisar se esta medida – que é um bocadinho mais do que criticar a situação dos direitos humanos – é inocente, e isenta de “más consciências”.

João Pena disse...

Ignorar o real à custa de constatações óbvias pode ser de tão “má consciência” como o é o descredibilizar as críticas que se fazem a Cuba por via do ataque à mãe do gajo que morreu devido à greve de fome. Se esta dinâmica é de gestão difícil no discurso semi-público individual de uns gajos que escrevem em blogs, imagine-se em discurso político partidário. Ambos – como o AP já frisou algumas vezes – muito susceptíveis à “actualidade dos factos” mas com consequências e importâncias totalmente diferentes, como determina necessariamente a resolução no PE.
Eu também exijo a Cuba uma política diferente ( acho aliás que só assim sobreviverão as que são virtudes reais e indesmentíveis do “sistema político cubano”). Constatar o óbvio, no entanto – assim como fazer grandiloquentes e inatacáveis apelos à defesa dos direitos humanos em Cuba - temo que (como no caso da petição) sirva somente para acalmar a consciência frustrada ou para atacar quem nega essa realidade ( ou para não se ser confundido com quem a nega, o que ainda é mais “umbiguista” e táctico).

O Diogo pode ser um chato à vontade – força meu filho, longe de mim querer reduzir a crítica implícita na tua ironia, com a qual apesar de tudo concordo com alguns “mas” – que tem todo o direito. Fico é, às vezes, com receio de opinar sobre o embargo sem antes falar nos presos de delito de opinião. Que, às tantas, só me lembro de falar no embargo quando falam nos presos de delito de opinião.

Diogo Augusto disse...

Pena, eu escrevi que o Rafael "justifica situações de repressão com situações análogas noutros países" e que isso é um erro. Mantenho-o. Não quero com isto dizer que a comparação com outros países não deva ser feita. Quero dizer que não faz sentido - e lembra-me a minha escola primária -, cada vez que se fala de um atropelo qualquer aos direitos humanos em Cuba lá vir a mesma história de sempre: "E o corredor da morte nos EUA? E os etarras? E o MC Snake?".

Além disso, apresar de perceber o que dizes em relação à constatação do óbvio, parece-me que é a única maneira de evitar relativismos perigosos e desculpabilizações manhosas. É que às tantas, tão preocupados que estamos com o raio do embargo, que nos esquecemos de quem toma decisões políticas em Cuba.

P.S. - Francamente, nunca escrevi tanto a palavra Cuba como nos últimos dias.

João Pena disse...

Ver relativismos perigosos e desculpabilizações manhosas em todo o lado é problema de falta de Tropical. ( seja de quem acha que todo o relativizar é desculpabilizar, seja de quem acha que relativizar é inscreveres-te no acampamento de verão da CIA). Foste um bocado mal tratado na tua escola primária, não foste? :P

E de quem é a culpa de escreveres a palavra Cuba tantas vezes? Fora o Daniel Oliveira, é tua.

Postar um comentário