Não tenho um peso e duas medidas. Tal como apoiei e participei na Vigilia de Solidariedade com Aminetu Haidar, assino a petição por "Zapata Tamayo e os presos políticos Cubanos". Não colocaria o meu nome em qualquer petição sobre este tópico, mas esta é clara ao que vem.
Os números que Marques Mendes não mostrou
Há 11 horas
26 comentários:
q mal q anda essa cabecinha, Hugo...
falaremos...
então como assim? Constrois o Socialismo em Cuba com pessoas a morrer em greve de fome? Repara na formulação da petição. Não são Cubanos de Miami a escrever isto...
Caro amigo Hugo
A noticia em causa chocou-me. E estou a ser sincero, já deves saber que com estas coisas nao brinco (ao contrario de camaradas teus que no 11 de setembro deram saltos de alegria, mas sei que tu nao és desses). E perante o choque e o cepticismo com que (felizmente) costumo encarar as noticias relativas a Cuba, fui - desde o 1º dia e assim continuo- procurar informaçao que me permistissem construir um juizo de valor. Nas ultimas semanas, além de questoes concretas sobre os presos de consciencia em Cuba (relatorios da AI, RSF e CCDRH), fui tambem ver alguma coisa sobre acesso a internet, bloggers cubanos e os processos de participaçao popular em Cuba.
No caso concreto do falecimento de Zapata, algumas contradiçoes vieram ao de cima:
1) o facto de ter sido noticiado que tinha morrido devido ao facto de ter passado 18 dias em isolamento sem àgua. Pelo que li, o tempo médio que alguem pode sobreviver sem àgua sao 4 ou 5 dias, em condiçoes ideais (nao como nos calabouços descritos) pode chegar a pouco mais de uma semana.
2) Como é que alguem pode ser torturado e ainda assim resistir a 85 dias de greve de fome?
3) A grande maioria dos meios de comunicaçao social noticiaram que nao lhe foi prestado auxilio, o publico espanhol no 75º dia de greve noticia que Zapata foi transferido para instalaçoes medicas a fim de ser tratado e alimentado por via intravenosa (segundo o Publico à força, segundo a tv cubana de forma voluntaria
4)A comunicaçao social deu a informaçao que nada disto foi noticiado em Cuba. A radio cubana e a tv cubana (eu tive oportunidade de ver) noticiaram o que se passou, dando a versao oficial dos factos
Relativamente à questao da democracia cubana:
1) sabes que em Cuba existe um processo de participaçao democratica, de nomeaçao e votaçao de delegados à Assembleia Popular e ao que equivaleria aos nossos municipios que é amplamente participado e votado?
2)que a grande maioria dos eleitos nao sao membros do PCC?
3)Sabes que a constituiçao foi adoptada em referendo popular e as suas alteraçoes tb?
relativamente ao acesso à informaçao em concreto à internet:
1) sabias q a unica forma que o povo cubano tem de aceder à internet é através de satelite?
2) sabias que a largura de banda de toda a ilha deve ser equivalente à de um cybercafe normal e corrente?
3)sabias que devido ao bloqueio é que Cuba nao tem já um serviço de internet dito normal que seria facilitado pela ligaçao de 15 km de cabo aos EUA?
4)sabias que Cuba assinou um acordo com a Venezuela no sentido de fazer a ligaçao à ilha (distancia de cabo= 500km) e que, entretanto, investiu de forma brutal em formaçao e capacitaçao em termos de equipamento em lugares de uso publico de forma a poder abrir Cuba ao mundo?
5)sabias que um dos recentes grevistas de fome tinha feito antes uma greve de fome pq queria um acesso à internet livre e sem restricçoes?
6) sabias que se tiveres um ip cubano e fores detectado por uma serie de servidores aparece-te uma msg dizendo que estás num pais terrorista e por isso nao podes visualizar a pagina, nem descarregar informaçao?
relativamente aos presos de cosnciencia:
1) os chamados presos de consciencia em Cuba sao acusados de atentar contra o estado cubano mediante processos conspirativos com agencias americanas. Nao estao presos por criticar o governo, segundo este, mas por terem ligaçoes com a secçao de interesses dos EUA em Havana com vista a derrubar o socialismo. Isto pode parecer mera retorica propagandistica, mas 20 milhoes de dolares é o valor de acçoes directas para a implementaçao da "democracia" em Cuba pela secretaria de estado de Hillary Clinton em 2011. Creio que para 2009/2010 foram 40 milhoes.
2) muitos destes chamados dissidentes tèm ligaçoes, no minimo questionaveis, com personagens e grupos anti-catristas de miami.
relativamente aos presos de consciencia, considero que no meio disto tudo, haverá abusos e haverá erros, uns deliberados outros nao. Como em todo o mundo, e em especial países que têm tantas dificuldades economicas como Cuba, a corrupçao é um problema e isso, queiramos ou nao, influencia o rigor com que a justiça popular (que tb questiono, mas aceito) trata dos processos de acusaçao.
O que realmente me enoja nesta petiçao é que parece afastar-se completamente da solidariedade internacionalista que caracteriza os movimentos socialistas, comunistas e progressistas no mundo e cola-se à direita financeira e mediatica, simplesmente para lavar a cara. Diz-me tu, acreditas mais nas agencias de informaçao que sao detidas por oligopolios financeiros que no governo cubano? Procuraste informaçao que nao fosse nos "meios oficiais" e oficialistas do(s) regime(s)?
leste a analise, bem interessante por sinal, da situaçao cubana -datada de julho do ano passado- elaborado pelo teu camarada da IV Internacional que publiquei no meu blog?
Peço-te imensas desculpas por algum excesso de aspereza, mas realmente fode-me por completo quando vejo pessoas como tu adoptarem o que me parece ser a posiçao mais fácil. É embarcar na onda e navegar. O que esta petiçao faz, de forma sinuosa e subliminar, é comparar o fascismo à revoluçao cubana. E isso, nao esperava de ti, nem de muitos subscritores. Esperava um espirito critico sim, mas nunca esperaria este pôr em causa da democracia popular cubana por pessoas que estimo e tenho consideraçao, por pessoas a quem valorizo a capacidade de analise e que mesmo em situaçoes dificeis conseguem dizer o que está certo e o que está errado, na sua perspectiva, sem a merda dos dois pesos e duas medidas. Ora que porra, é um país em guerra desde que se conhece livre, foda-se!!!
Prometo um post para breve com a minha opiniao devidamente reflectida.
relativamente aos presos de cosnciencia:
1) os chamados presos de consciencia em Cuba sao acusados de atentar contra o estado cubano mediante processos conspirativos com agencias americanas. Nao estao presos por criticar o governo, segundo este, mas por terem ligaçoes com a secçao de interesses dos EUA em Havana com vista a derrubar o socialismo. Isto pode parecer mera retorica propagandistica, mas 20 milhoes de dolares é o valor de acçoes directas para a implementaçao da "democracia" em Cuba pela secretaria de estado de Hillary Clinton em 2011. Creio que para 2009/2010 foram 40 milhoes.
2) muitos destes chamados dissidentes tèm ligaçoes, no minimo questionaveis, com personagens e grupos anti-catristas de miami.
relativamente aos presos de consciencia, considero que no meio disto tudo, haverá abusos e haverá erros, uns deliberados outros nao. Como em todo o mundo, e em especial países que têm tantas dificuldades economicas como Cuba, a corrupçao é um problema e isso, queiramos ou nao, influencia o rigor com que a justiça popular (que tb questiono, mas aceito) trata dos processos de acusaçao.
O que realmente me enoja nesta petiçao é que parece afastar-se completamente da solidariedade internacionalista que caracteriza os movimentos socialistas, comunistas e progressistas no mundo e cola-se à direita financeira e mediatica, simplesmente para lavar a cara. Diz-me tu, acreditas mais nas agencias de informaçao que sao detidas por oligopolios financeiros que no governo cubano? Procuraste informaçao que nao fosse nos "meios oficiais" e oficialistas do(s) regime(s)?
leste a analise, bem interessante por sinal, da situaçao cubana -datada de julho do ano passado- elaborado pelo teu camarada da IV Internacional que publiquei no meu blog?
Peço-te imensas desculpas por algum excesso de aspereza, mas realmente fode-me por completo quando vejo pessoas como tu adoptarem o que me parece ser a posiçao mais fácil. É embarcar na onda e navegar. O que esta petiçao faz, de forma sinuosa e subliminar, é comparar o fascismo à revoluçao cubana. E isso, nao esperava de ti, nem de muitos subscritores. Esperava um espirito critico sim, mas nunca esperaria este pôr em causa da democracia popular cubana por pessoas que estimo e tenho consideraçao, por pessoas a quem valorizo a capacidade de analise e que mesmo em situaçoes dificeis conseguem dizer o que está certo e o que está errado, na sua perspectiva, sem a merda dos dois pesos e duas medidas. Ora que porra, é um país em guerra desde que se conhece livre, foda-se!!!
Prometo um post para breve com a minha opiniao devidamente reflectida.
Acho que a tua opinião já está bem reflectida. A questão é que nós não vivemos na guerra fria. Por isso o mundo não é feito de binarismos: para estarmos contra uns temos que estar sempre a favor dos outros. Aliás mesmo nessa altura havia quem gritasse: Nem Washington nem Moscovo. Afinal a adesão a um projecto socialista de sociedade não precisava compactuar nem com o capitalismo ocidental, nem com concretizações caricaturais do projecto utópico.
Dás um conjunto de informação muito interessante sobre o que se passa em Cuba, e acredito que ela seja fidedigna. E sabes bem que o abaixo assinado diz que é contra o bloqueio a Cuba e a ingerência imperialista. E isto parece-me ser um bom marcador simbólico e ideológico suficiente para que o povo de esquerda assine esta petição e o povo de direita não o faça.
Não posso é defender tudo que se passa em Cuba por causa do facto de se encontrar sitiada, o que é verdade, e por se designar como socialista. Defendo sim que o povo cubano deve ter a capacidade de decidir sobre o seu próprio destino, que não deve haver ingerência dos EUA, que deve acabar o Bloqueio, que existe possibilidade de democratizar as diversas esferas da vida da sociedade cubana, não desvirtuando um projecto socialista, e que não morra gente de greve de fome nas suas prisões por delito de opinião.
O facto de ter colocado os dois posts seguidos não foi por acaso. Uma vida humana é uma vida humana, mas neste caso estas simbolizam bastante mais. No caso de Aminetu trata-se de todo um povo e o seu silenciamento na sua luta pela auto-determinação. Mas no caso Cubano, é naturalmente sintoma de que a democracia política tem limitações e que a divergência política é por vezes resolvida com a repressão Estatal. Se estivessemos a falar de qualquer outro pais concordarias comigo. Mas Cuba, é claro, é tabu. Mas eu como não confundo o Estado com o seu povo; o ideal que defendo com as concretizações materiais "realmente existentes", por vezes desvirtuadas; e como creio que os discursos de oposição ao regime cubano não são apenas ingerência norte-americana ou cubanos de Miami, e que alguns destes devem ser valorizados, e que podem ter um efeito de democratização de Cuba;
Por tudo isso assinei esta petição. Aguardo o teu post. E se quiseres colocar à mistura a Coreia do Norte e a China, verás que o meu discurso em relação a Cuba é assinalavelmente mais brando do que para com esses outros "países irmãos"
abraços
Oh Hugo, estava capaz de te dar um beijinho!
Hugo, tu leste aquilo que escrevi? é que nao parece...
Começando pelo final. Nao entro no debate de China, Coreia do Norte e Cuba como pertencendo ao mesmo pacote. A minha posiçao é de condenaçao dos regimes asiáticos e ponto. Por favor, nao tentes desviar a questao...
Dizes que já nao estamos na guerra fria. Nós, nao. Mas os cubanos (povo e estado) ainda sentirao algo parecido. Se nao estou em erro, foi em Dezembro do ano passado que um americano ao serviço da secçao de interesses em Havana foi preso pela distribuiçao de telemoveis e equipamento informatico a membros da chamada "dissidencia". Pode parecer que é uma questao de somenos, mas como já explanei no post anterior se nao há livre acesso à internet, tal facto nao se deve ao regime cubano, logo tal atitude é reveladora de uma tentativa consciente de desestabilizaçao social do país (relembro que é assim hà 50 anos). espero que estejamos de acordo, pelo menos nisso.
Cuba é tabu? Nao, pelo menos para mim. O que para ser "proibido" é questionar os media dominantes, é questionar a informaçao que vem de Cuba, via "dissidentes" ou via secçao de interesses. Olho para Cuba com atençao, nao com nenhum tipo de pré-conceito, tento perceber o que lá se passa e desconfio tanto da informaçao oficial como da informaçao do oligopolio mediático (esta expressao, como bem sabes, é de Chomsky, na sua caracterizaçao da propaganda do imperialismo) e é do confronto das duas posiçoes que tento construir uma opiniao. Em 2003 (creio) nao tive problema nenhum em condenar o regime cubano pelo exercicio da pena de morte.
Comparas situaçoes incomparaveis: a luta do povo saharaui, um povo sem terra, perseguido por um estado que nao é o seu com a luta de um povo que conseguiu a sua autodeterminaçao há 50 anos, que tem eleiçoes livres (nao, nao é o nosso modelo de democracia parlamentar burguesa, mas tb nao acho que penses que é nesse que se esgota a democracia. se é,nao sei pq nao estás no PS...), uma constituiçao amplamente plesbicitada, onde os governantes sao confrontados publicamente com criticas e a elas respondem- recentemente vi um ministro cubano ser interpelado por varios estudantes universitarios com perguntas bastante incómodas sobre a organizaçao do estado, sobre a economia, sobre as liberdades civis e nenhum deles parecia assustado com as consequencias que hipoteticamente adviriam das suas criticas (talvez no nosso país nao seja tanto assim...)
Poes no centro da discussao que nao pode existir a logica dialética entre comunistas ou imperialistas. Tens toda a razao. Mas foste tu que colocaste essa tónica. Toda a minha interevençao centra-se na análise das incoerencias da critica.
Por fim, falas do aparelho repressivo do estado cubano associado à liberdade de expressao. Eu, simplesmente, nao concordo que isso seja uma verdade nua e crua. Sabemos, como nos ensinou Marx, Foucault e Bakunin entre outros, que a mera existência do Estado implica uma estrutura de poder repressivo mas nao vejo que os "ataques" à dissidencia sejam um reflexo assim tao exemplar da demonstraçao desse poderio, sao uma repressao, é claro - como toda a forma de poder - mas uma repressao devidamente enquadrada pela lei. Repito o que disse acima, creio que podem haver abusos e erros, mas nao vejo o estado cubano como um estado fascista como se depreende da leitura da petiçao...
Mesmo, mesmo para concluir, queria te deixar algumas perguntas, que espero que respondas de forma clara e meditada.
1)Achas que em Cuba nao há democracia? é que falas da democratizaçao da ilha e eu acho que existe democracia na ilha. Porventura defeendes um modelo de democracia unico ou achas que democracia é igual a partidocracia?
2)Como vês o desfasamento das várias entidades relativas ao numero de presos de consciencia, Governo cubano:0; AI: 55; outras organizaçoes: 200 ou mais?
3)Como caracterizas a ligaçao da esmagadora maioria da dissidencia com a secçao de interesses em Havana dos EUA?
4)Como caracterizas a blogoesfera cubana de oposiçao ao regime? E em particular o destaque que é dado a Yoani Sanchez?
5)Porque assumes acriticamente a informaçao veiculada pelos media como verdadeira e recusas liminarmente a possibilidade de verdade que possa existir na informaçao oficial cubana? Existe algum critério em concreto? Ou achas que é mais livre a informaçao veiculada pelas agencias de comunicaçao mundiais?
6) O governo cubano foi acusado de nao prestar auxilio a Zapata, e inclusivamente de torturá-lo, privá-lo de agua durante 18 dias e tratá-lo de forma indigna. Aminetu Haidar esteve em greve de fome 34 dias (creio), foi sempre acompanhada por um médico, ingeriu todos os dias liquidos e tinha condiçoes de conforto e tranquilidade. Mesmo assim, temia-se bastante pelo dia seguinte. O ser humano só aguenta, em condiçoes normais, 4 ou 5 dias sem agua. Nao encontras contradiçoes no meio disto tudo? Nao perguntas de onde vêm? Nao te questionas sobre a veracidade dos factos que te vendem?
Por ora, é tudo. Se me lembrar de mais alguma coisa, volto à carga para massacrar-te. ;)
abraço
rafael
Comparas situaçoes incomparaveis: a luta do povo saharaui, um povo sem terra, perseguido por um estado que nao é o seu com a luta de um povo que conseguiu a sua autodeterminaçao há 50 anos, que tem eleiçoes livres (nao, nao é o nosso modelo de democracia parlamentar burguesa, mas tb nao acho que penses que é nesse que se esgota a democracia. se é,nao sei pq nao estás no PS...), uma constituiçao amplamente plesbicitada, onde os governantes sao confrontados publicamente com criticas e a elas respondem- recentemente vi um ministro cubano ser interpelado por varios estudantes universitarios com perguntas bastante incómodas sobre a organizaçao do estado, sobre a economia, sobre as liberdades civis e nenhum deles parecia assustado com as consequencias que hipoteticamente adviriam das suas criticas (talvez no nosso país nao seja tanto assim...)
Poes no centro da discussao que nao pode existir a logica dialética entre comunistas ou imperialistas. Tens toda a razao. Mas foste tu que colocaste essa tónica. Toda a minha interevençao centra-se na análise das incoerencias da critica.
Por fim, falas do aparelho repressivo do estado cubano associado à liberdade de expressao. Eu, simplesmente, nao concordo que isso seja uma verdade nua e crua. Sabemos, como nos ensinou Marx, Foucault e Bakunin entre outros, que a mera existência do Estado implica uma estrutura de poder repressivo mas nao vejo que os "ataques" à dissidencia sejam um reflexo assim tao exemplar da demonstraçao desse poderio, sao uma repressao, é claro - como toda a forma de poder - mas uma repressao devidamente enquadrada pela lei. Repito o que disse acima, creio que podem haver abusos e erros, mas nao vejo o estado cubano como um estado fascista como se depreende da leitura da petiçao...
Mesmo, mesmo para concluir, queria te deixar algumas perguntas, que espero que respondas de forma clara e meditada.
1)Achas que em Cuba nao há democracia? é que falas da democratizaçao da ilha e eu acho que existe democracia na ilha. Porventura defeendes um modelo de democracia unico ou achas que democracia é igual a partidocracia?
2)Como vês o desfasamento das várias entidades relativas ao numero de presos de consciencia, Governo cubano:0; AI: 55; outras organizaçoes: 200 ou mais?
3)Como caracterizas a ligaçao da esmagadora maioria da dissidencia com a secçao de interesses em Havana dos EUA?
4)Como caracterizas a blogoesfera cubana de oposiçao ao regime? E em particular o destaque que é dado a Yoani Sanchez?
5)Porque assumes acriticamente a informaçao veiculada pelos media como verdadeira e recusas liminarmente a possibilidade de verdade que possa existir na informaçao oficial cubana? Existe algum critério em concreto? Ou achas que é mais livre a informaçao veiculada pelas agencias de comunicaçao mundiais?
6) O governo cubano foi acusado de nao prestar auxilio a Zapata, e inclusivamente de torturá-lo, privá-lo de agua durante 18 dias e tratá-lo de forma indigna. Aminetu Haidar esteve em greve de fome 34 dias (creio), foi sempre acompanhada por um médico, ingeriu todos os dias liquidos e tinha condiçoes de conforto e tranquilidade. Mesmo assim, temia-se bastante pelo dia seguinte. O ser humano só aguenta, em condiçoes normais, 4 ou 5 dias sem agua. Nao encontras contradiçoes no meio disto tudo? Nao perguntas de onde vêm? Nao te questionas sobre a veracidade dos factos que te vendem?
Por ora, é tudo. Se me lembrar de mais alguma coisa, volto à carga para massacrar-te. ;)
abraço
rafael
Eu devia ter juízo e não me meter a discutir Cuba mas...
Rafael, nunca fui a Cuba. Os meus pais, no entanto já foram e, enquanto lá estiveram, foram abordados por mais do que uma pessoa que lhes pediam apenas uma coisa, que levassem cartas deles para familiares que residiam noutros países para que os meus pais as enviassem daqui de Portugal. Talvez a culpa seja também dos EUA e dos seu embargo.
É certo que nem tudo é a preto e branco, que nem tudo é mau em Cuba e que nem tudo é bom nos EUA mas convém não perdermos noção da realidade e sabermos construir críticas com proporcionalidade. Apesar de tudo o que Cuba tem de bom e de tudo o que os EUA têm de mau, penso que não haverá dúvidas (pelo menos na minha cabeça, elas não existem) sobre qual o país mais livre, mais justo e mais democrático.
Eu tambem nao tenho duvidas, suspeito é que as nossas certezas nao coincidem...
Comparar a democracia norte-americana com o que se passa em cuba é apenas iniciativa tua, Diogo, nesta troca de comentários gordos - ainda por cima em simultâneo e contrastando com os argumentos gráficos do Tiago relativos ao respeito que as mulheres merecem.
Esta discussão está cheia de armadilhas, sendo que esse esforço de comparação é uma das mais óbvias. A evidência de um regime mais democrático, livre e justo nos EUA parece inegável. Mas a pressão externa ou fenómenos aparentemente alheios à administração americana - como o terrorismo - foram e são hoje utilizados como justificação para leis de vigilância individual ( sem controlo democrático prático)que deixam cheios de inveja os agentes de repressão em Cuba. Inveja pela ausência dessas capacidades, compreende-me. Em todos os países deste mundo, a qualidade das práticas democráticas - porque somos todos democráticos, não somos? - sofre uma influência apreciável da natureza das suas relações com o exterior, no geral, e do nível de ameaça externa, em particular, que se verificar. O grau de ameaça que o regime cubano pressente, por muito ilegítimo, repressivo e desapoiado que seja em Cuba - e que no último atributo , penso não haver dúvidas, ( pelo menos na minha cabeça, elas não existem) não o é (ainda) em relevância - é gigantesco. Quão real é essa ameaça? A intervenção militar no Iraque - ou os seus argumentos jurídicos - levou, indirecta ou directamente, como apetecer, à marca agradável de um milhão de mortos , algures durante o ano passado. A intervenção na ex-jugoslávia ou o programa internacional e (pouco) secreto de raptos de "suspeitos de terrorismo", incluindo alguns cidadãos americanos( 0,50,200?), com o consentimento, suspeita-se, das nossas democracias avançadas, trazem - em qualquer matriz de raciocínios lógicos - alguma verosimilhança a essa Ameaça. O bloqueio é tão óbvio como o Sol. Esta ameaça não se traduz, todavia, em qualquer legitimidade para democracias ( rasteiras ou avançadas)justificarem abusos como os que levaram, directa ou indirectamente, à morte do cubano preso, ou à execução, no passado recente, de outros, pelo que a oposição automática do Rafael à crítica é difícil de compreender. Mas é verdade que essa ameaça favorece grandemente as condições necessárias para que esses abusos aconteçam. Este raciocínio pode pecar por demasiado relativizador - aproximando analiticamente fenómenos e níveis de repressão em contextos diferentes e recusando o ranking das democracias - mas ao menos encaminha-me para outro factor importante. A Informação. Ou a qualidade, ou mesmo veracidade, desta. E, nesse aspecto, sou sensível aos argumentos do Rafael – ou os seus apontamentos. Há uma dificuldade muito acentuada em distinguir entre factos objectivos e factos com acrescentos valorativos, e não é completamente ao acaso que a Sic Notícias se preocupa com alguém que não sobreviveu a uma greve da fome em Cuba, e, portanto, dando tempo de antena, sem oposição, a um escritor cubano crítico do regime e permanece relativamente indiferente a outras manifestações de repressão política, um pouco por todo o lado, com maior ou menor intensidade.
Às vezes fico com a impressão – vindo eu das ciências – que a única forma de estabelecer uma imagem equilibrada do acontecimentos mundiais é ler a CNN, a BBC, depois a Novosti e o Times da Índia, acabando com o Resistir.info, somar tudo e dividindo depois por 5 e “pesando” com um factor de relativização sistemático (como a temperatura média do dia e ou o último resultado do Benfica, o que este ano não parece estar a resultar porque o Benfica ganha sempre, o que só pode ser bom para a democracia, para Cuba e para o resto do Universo). Agora que penso nisso esta minha prática estatística é mais típica das sociologias, mas enfim.
Na minha opinião é extremamente difícil precisar a extensão de abusos, ou a sua evolução nos últimos anos, em Cuba, no que diz respeito aos prisioneiros políticos ou outras formas de repressão. E como diz o Rafael haverá de tudo um pouco, entre prisioneiros de consciência e conspiradores, críticos e agitadores, e, consequentemente, haverá níveis de complexidade a que é preciso atender para criticar. Mas certamente que merece uma crítica, a extensão, mesmo que a evolução venha a demonstrar-se positiva. A crítica até pode acelerar a evolução positiva.
Não sei, no entanto, se esta petição espelhará o valor concreto (e as particularidades) da crítica que a situação de Cuba, e os seus dirigentes, merece, embora também não caracterize, vá lá, taxativamente, o seu regime de fascista ( acho que é óbvio, Rafael, e por isso não percebi também a reacção). Acho que é vaga. A petição da marroquina – perdoem-me o pragmatismo retórico – era neutral para grande parte dos quadrantes políticos, uma vez que, em geral, tratava-se de uma luta entre o desconhecimento absoluto e o conhecimento da situação, que, convenhamos, não interessa ( e mal) muita gente.
Cuba tem uma importância histórica e uma relevância política consideravelmente mais relevantes que o seu significado geográfico e demográfico – apesar da guerra fria ter acabado (acabou?), e por isso é que é tão sensível. Para uns Céu na Terra e para outros um inferno na Terra, entre outros tantos céus e infernos.
E, por ser vaga, tenho receio que a motivação de muitos na origem desta petição constitua um ataque preventivo contra aqueles que previsivelmente se aproveitariam para atacar todos os defensores da ditadura fascista cubana. O que, convenhamos, também não tem muita piada.
No outro dia, disseram-me que não devia assinar a petição da liberdade de expressão e dos abusos do governo do PS porque a Direita faz ou é capaz de pior, e que misturarmo-nos (salvo seja ) uns com os outros – bons críticos e críticos de conveniência – terá custos. Não gostei muito da ideia. É terrível, esta coisa de as petições significarem por quem as assina. Ainda por cima, esta em questão já vai nas 400 assinaturas e dá uma trabalheira estar a fiscalizar nome a nome.
Eu tenho dúvidas a mais. ;)
Pena, concordo com quase tudo o que dizes excepto:
1. O retrato pouco fiel e pouco lisonjeiro que fazes da sociologia ;)
2. Que fui que introduzi a comparação com os EUA. Não sendo nós parvos, sabemos que não é inocente, haver uma referência aos EUA numa petição que diz respeito ao regime cubano. Não fala do México, não fala da Venezuela, não fala da Coreia do Norte, não fala da Uganda, fala dos EUA. Concordo, porém, que isso inquina o debate e o meu comentário ia no sentido (talvez não tenha tido muito sucesso) de o "desenquinar". Parece-me claro que utilizar os EUA como bode expiatório para cada buraco de estrada em Cuba não é mais do que uma desculpabilização intolerável do regime. Irrita-me especialmente porque parece-me que o facto de a petição fazer referência ao "imperialismo" e ao "bloqueio injusto e injustificável" a Cuba soa-me sempre a peso na consciência por estar a criticar um regime que se diz socialista.
Public debates have become more widespread and nuanced ever since 2007 when the call went out for more candid criticisms and open debates. Based on interviews I have conducted with several party members and leaders, the PCC has different points of view within it. Part of the technocratic sector favors economic reforms resembling those of China or Vietnam. Some, though by no means all, old-timers and bureaucrats are resistant to change. But growing numbers of members, like civil society as a whole, look for ways to achieve a less “verticalist,” more decentralized and participatory Cuban socialism without jeopardizing national unity and sovereignty.
Judging from the Cuban media and countless personal conversations, Cubans of various generations, especially among those under 45, yearn for radical changes “within socialism” (since only socialism can conserve the Revolution and its social gains). Some want to attack problems of alienation and emphasize the ideas and example of Che Guevara. Most want to conquer poverty, reduce class differences, introduce more innovativeness with more direct workers’ or community control and less top-down politics, in brief, a transition to new forms of socialist democracy while oxygenating existing ones.(9)
retirado daqui - http://www.internationalviewpoint.org/spip.php?article1702&var_recherche=cuba
Coloquei uma citação no comentário anterior do texto referido pelo Rafael num dos comentários iniciais. Ele sabe que eu leio A international Viewpoint e folgo em saber que ela a lê tb.
1- Aparentemente, e confiando nas palavras do autor do texto, existem críticas, falhas, discussões, pressões para a realização de certas mudanças no interior do regime Cubano. A realidade é aparentemente mais complexa do que a pintamos nos comentários anteriores. E como podem depreender, mesmo este texto, que é simpático para com a revolução cubana, aponta para que existem diversos caminhos que podem ser trilhados para o seu aprofundamento, quer ao nível das desigualdades económicas (que se agudizaram, em parte por causa do bloqueio, mas em parte não) e ao nível das liberdades políticas.
Acho que se esta crítica existe de facto dentro da sociedade cubana, existem várias formas de lidar com ela. O que eu procurava alertar, ao falar deste abaixo assinado, é que o Estado Cubano tem recorrido por vezes á prisão de dissidentes politicos. O Rafael sabe bem que estes presos não são todos cubanos de miami (mesmo que o fossem): a reabilitação dos homossexuais em Cuba é recente, e que muitos "trotskistas" bateram com os costados nas prisões cubanas. No entanto a corrente que dinamiza esse site internacional sempre defendeu a revolução cubana, face ás ameaças que sabemos.
2- Eu acho que um apoio de quem se reclama de esquerda ou progressista a Cuba (formulação vaga)não pode ser acrítico. Os contactos e a solidariedade existente deve procurar também influenciar as mudança que consideramos necessários para que seja possível um socialismo a sério, pois ele não existe sem as liberdades políticas (as formais da democracia liberal, e as sociais, económicas e processuais de uma democracia de maior intensidade, aka, participação popular, que tem sido uma das maiores bandeiras do socialismo). por isso não posso deixar de questionar os métodos que são utilizados pelo regime cubano. se os EUA investem muitos milhoes na "contra-insurgência", imaginemos a tonelada de recursos que desperdiçamos (não necessariamente económicos) a esta defesa cega, quando o que deveriamos estar a fazer era a potenciar e apoiar mudanças em Cuba que cumprissem cabalmente todos os desideratos! je suis desolé;
3- Avaliar o que se passa em Cuba pelo site do governo, é o mesmo que tentarmos perceber o que se passa em Portugal através do Portal da Presidência do Conselho de Ministros. Media burgueses e tal, Indymedia, concordo com o João Pena quando diz que temos que fazer uma triangulação de informação. esta é naturalmente mediada com o nosso quadro de referências, mas a triagem é importante, e a análise desejavelmente fina.
4- O Diogo meteu-se por caminhos complicados. Também não desejava fazer comparações. Mas parece-me razoável dizer que Cuba tem mais direitos sociais e económicos, e nos EUA mais direitos políticos (mesmo após 11 de Setembro, o Patriot Act, o novo MaCartismo islamofóbico) Basta dizer que é nos Estados Unidos que o Michael Moore faz os seus filmes, onde o Chomsky escreve os seus textos (inclusivé em publicações burguesonas); a academia americana é mais radical que a europeia, e os movimentos de base comunitária, laboral, racial, de género têm um papel importante. (o Tiago ficará contente com esta alusão Tocqueviliana). Nenhuma destas configurações políticas corresponde ao que desejo enquanto projecto político. Defendo Cuba, pois tem traços de um projecto político que valorizo, mas o caminho a percorrer até lá é longuissimo. Espero que haja capacidade para o fazer, e que a desculpa para o agravamento das desigualdades, limitações à democracia política seja sempre a do bloqueio. Quando avaliar que estas se esgotaram, colocarei Cuba no caixote do lixo da pesada herança do socialismo onde se encontra a China e a Coreia do Norte.
5- Rafael, folgo em saber que a tua análise sobre Cuba é diferente da da China e da Coreia do Norte. Pena que ela não seja reflectida nos textos congressuais do Partidão. Pena sobretudo pelo facto de não poderes defender um moção tua sobre o assunto em todos os colectivos do partido, constituir plataformas ou tendências e ser eleito para congresso com base nessa análise. Se isto é democracia burguesa...
6- Para esclarecimento de todo/as, eu normalmente adopto o método de resposta que eu chamo de "táctica Álvaro Cunhal": não respondo às perguntas que me fazem, mas às perguntas que quero responder.
Leva o Tocqueville jusqu'au but: «quando avaliar que estas se esgotaram, colocarei Cuba no caixote do lixo da pesada herança do socialismo onde se encontra a China e a Coreia do Norte» - é bem provável que já vás tarde.
Caramba tanta coisa por causa de um pedaço de terreno ideológico (como tão eloquentemente o João Pena o descreve - a seguir a isso, lamento-o caro amigo, mas não li mais).
Na realidade, e de facto, não vale muito mais que isso. Sendo certo que este estado comunista (assim caracterizado no world fact book da cia - é a minha fonte privilegiada para estas coisas, que ao menos sei ao que vêm), é o palco geográfico que resta para duelos da guerra fria, isto, claro, depois da Guerra Fria ter, efectivamente!, terminado, torna-se cada vez mais exasperante ver Cuba como o florete em uso (isto sou eu preocupado com a honra do pobre país).
A grande novidade no meio destas discussões é o abuso do artifício retórico, clarinho clarinho nesta petição, do distanciamento de um comportamento para usos exclusivamente políticos, enfiando às três pancadas a crítica aos EUA (ou, no caso, o contrário, mas não vejo a diferença). Como há uns anos a solidariedade com o 11 de Setembro estava sempre associada aos bombardeamentos no Kosovo ou um buraco do género, ou numa moção de "comemoração" da queda do muro de Berlim estarem sublinhados os muros na faixa de Gaza ou no México.
São, legitimamente claro, justificações de agenda política.
Agora o problema é que são truques retóricos. Do género moções de Assembleias de Estudantes, de chico-esperto que pisca os olhos aos amigos "olha esta, que já os apanhei, não podem dizer nada e se disserem podemos sempre atirar-lhes à cara a sua falta de humanidade", etc.
São fáceis e inúteis pá! E da "nova" esquerda espera-se um pouco mais de inteligência nestas jogadas.
Bem, estive a ler os comentários e tenho de fazer dois pequenos reparos:
1 - João Pena, não precisas de ler as 400 assinaturas das petições. Bastam as primeiras 10 para saberes ao que vão. E estas assinaturas nunca são de borla.
2 - O João e Diogo acham, relativamente à petiçao, um que usam os EUA para se defenderem preventivamente de ataques, o outro que o usam por problemas de consciência ao defenderem um regime socialista.
Ora nem um nem outro. São aproveitamentos tácticos, que do género são raros e de aproveitar, para se colocarem na posição invicta dos seculares e humanistas de esquerda, capitalizando um ascendente moral sobre as posições clássicas na matéria.
Para o Tiago, que demonstrou interesse em discutir se Cuba tem "salvação", e para os demais, sugiro este texto do Boaventura de Sousa Santos
Por que é que Cuba se tornou num problema dificil para a Esquerda?
http://www.boaventuradesousasantos.pt/media/Por%20que%20%C3%A9%20que%20Cuba_Oficina%20322.pdf
Diz o AP: "E da "nova" esquerda espera-se um pouco mais de inteligência nestas jogadas.". Temo que ainda seja demasiado parecida com a "velha" esquerda.
Tirando o elefante (sem querer fazer trocadilhos partidários) dos EUA da frente - não intencionalmente fui eu que o pus em evidência embora continue a defender que ele sempre esteve lá, embora mais invisível - há algumas medidas de higienização do debate que penso serem essenciais:
1. Sabendo que a realidade não é a preto e branco e que as interdependências geopolíticas são incontornáveis, há situações que, a bem do debate não podem ser misturadas. Não devemos meter os EUA ao barulho quando falamos dos atropelos aos direitos humanos do regime cubano tal como não o devemos fazer quando falamos do Irão. Tal como, no mesmo sentido, não deveremos imputar ao terrorismo islâmico as limitações às liberdades civis impostas pelo Patriot Act.
2. A mera referência a Cuba como regime socialista ou proto-socialista ou seja-o-que-for-socialista é meio caminho para muito boa gente da "velha" e da "nova" esquerda querer logo "contextualizar", "perceber", "duvidar", ou seja, hesitar. Mais do que pensarmos nos regimes a partir da ideologia ou do projecto que dizem representar, devemos olhar para as suas práticas e ver que conclusões podemos daí retirar.
Joao,
em certo momento, levado pela furia de teclar, disse que a petiçao compara o regime cubano ao fascismo. exagerei. Mas estabelece um paralelo e isso tb nao me parece justo...
A minha oposiçao à critica nao é imediata, é reflectida. Estou para escrever um post sobre esta materia há 2 semanas. Ainda nao escrevi exactamente pq estou a tentar acertar a minha posiçao. A minha recusa é a da critica imediata e só.
Hugo,
se queres discutir a democracia do "partidao", eu nao me importo, mas isso é chover no molhado. Eu tenho uma posiçao muito clara relativamente à constituiçao de tendencias no partido comunista e é que nao devem existir. Se existem aperfeiçoamentos ao centralismo democratico (que em nenhum momento me impede de ter qq tipo de discussao que seja no interior doPCP), existem. Mas se nao te importas discuto essas coisas contigo numa reuniao no CT da rua da Sofia ou na Boavista, pode ser? ;)
ah! e já que falas do partidao, o que achas da atitude da direcçao do Bloco que condicionou de forma totalizadora toda a Mesa Nacional, antecipando uma posiçao relativamente às presidenciais? nao me venhas falar de democracia interna, pq caso o Jerónimo fizesse algum dia uma jogada dessas no dia seguinte, estava a ser demitido...
Valorizo bastante o texto que disponibilizaste, nao concordo com 80% nem do diagnostico, nem da soluçao, mas aconselho-te a leres melhor o ultimo paragrafo...
Uma ultima nota, parece-me bastante grave que alguém com uma formaçao, vá lá, proto-marxista como tu [;)] consiga dissociar de forma tao clara liberdades civis e liberdades sociais e económicas. Esse é o argumento neo-liberal e a falácia da "igualdade de oportunidades". Ou achas que um pobre nos EUA tem mais liberdade que um cidadao cubano? Pensa nisso...
Diogo,
claro que devemos olhar às práticas dos regimes, mas é exactamente isso que eu coloco em causa, que a observaçao das práticas do regime cubano esteja a ser feita com extrema parcialidade e, repito, parece que existe uma parte da esquerda que se sente OBRIGADA a condená-lo, sem fazer uma leitura critica das noticias. Só para te dar um exemplo, um actor espanhol que se recusou a fazer a condenaçao do regime cubano, num programa de debate conotado com a direita, foi condenado por esta recusa e disseram que o fazia pq tinha um pénis pequeno!! Bem sei que é o campo do ridiculo de que falamos mas o ridiculo é apenas a exacerbaçao do real...
Ah, e a abertura da sociedade cubana às causas LGBT já tem para mais de 20 anos, Hugo. Vai ao site do CENESEX, tá lá tudo...
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