«Nossa» dívida pública? Só se for tua...

É extraordinária a capacidade que pessoas aparentemente letradas têm de, assim de mês a mês, disparatar. Depois de um elogio manhoso ao simbolismo (!) do Bloco Central - a data da distribuição partidária do aparelho de Estado merecia um feriado nacional, com jogo de futebol obrigatório e bandeirinha pátria na janela -, remata com a seguinte oração à Nossa Senhora: «PS e PSD vão trabalhar juntos para fazer frente à especulação dos mercados contra a nossa dívida pública». Cabe-me portanto lembrar às pessoas de bem que, nas últimas décadas, foram os sucessivos governos (ok, sucessivos governos é propriedade conceptual da CGTP) bloquistas e comunistas que engordaram esse pesado, anacrónico e demoníaco Estado Social, patrocinando e financiando a irresponsabilidade bancária, privatizando empresas públicas lucrativas, dando prioridade na despesa à aquisição de equipamento militar, celebrando parcerias público-privadas predatórias para o interesse público e corrompendo ou parasitando à la Rui Pedro Soares o Estado e a vida política nacional. Felizmente... Felizmente há luar e PS-PSD, para travar o assalto socialista ao Estado e a bancarrota a que conduziu o país. Que alívio. «O PSD caceteiro pode arrumar as botas» porque a boa moeda chegou para vencer: enquanto não for arguida, acusada e arrumada como manda a sapatilha. Sou populista, sou.

Mas Eduardo Pitta deixa o melhor para o fim, tipo orgasmo ou parte do meio da torrada: lança foguetes pelo aperto do «controlo (e, em certos casos, mudança das regras de atribuição) do subsídio de desemprego e outras prestações sociais». Os ciganos do rendimento mínimo e os chupistas dos desempregados são os grandes responsáveis pela insustentabilidade financeira do país. Além disso cheiram mal, porque são pobres, o banho é raríssimo e de literatura sabem tanto como o Maradona. Eduardo Pitta sabe que, no fundo, esta gente não quer trabalhar, até porque anda há meses há procura de uma mulher-a-dias paga a euro e meio à hora e não há alminha que lhe pegue. Diz que as gajas agora só querem fumar e assim, mas trabalhar 'tá queta.

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