Puxão de orelhas

Não é nada que espante. João César das Neves, já há muito que se dedicou a uma carreira de produção de textos que servem ora de combustível à fogueira facilmente inflamável dos mais ingénuos e sensíveis, ora de matéria-prima para uma noite bem passada a gozar com ele a uma mesa de café. De resto, toda a argumentação de JCN faz sentido desde que se parta dos mesmos pressupostos que ele. Mas o problema está mesmo aí.

"Mas o que agora temos é outra injustiça, a de tentar degradar toda uma classe respeitável", diz ele. Ora, ignorando eu com uma paternalista palmadinha nas costas a alusão que faz ao Centro de Estudos de Novas Religiões como produtor de um estudo sociológico sério e ignorando também a forma atabalhoada como, à força, mete o divórcio e a eutanásia ao barulho, não posso deixar passar esta, lamento. Não esperava a atribuição de uma natureza de respeitabilidade a uma qualquer classe que não viesse de jovens revolucionários de algibeira de quem já aqui falei. Ora, se já nestes, não lhes aturo a ingenuidade, a JCN, referindo-se ao clero, a coisa fica ainda mais difícil. Vá, dou-lhe a abébia de não me pôr a contradizê-lo quando considera o clero como classe mas considerá-lo como classe naturalmente respeitável é que já passa todos os limites. E digo-o com o à vontade de quem sabe que JCN não o diz por considerar que toda a gente é naturalmente respeitável. Bem sabemos que não é assim. Mas se o argumento é a adopção de comportamentos contra-natura, vou ali e já venho se o celibato não se encaixa na perfeição nesta categoria.

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