Por falar em Iago


Quando os parlamentares ouviram dizer a sessão que hoje votou a moção de censura ao Governo promovida pelo PCP iria ser encerrada com discurso do ministro Augusto Santos Silva (A.S.S.), O Desbragado, ouviu-se, segundo a jornalista da RTP, um "bruáááá significativo" na sala.
O discurso, foi, no entanto, altamente literário, com direito a referências a Shakespeare dirigidas à direita e efabulações dignas de um Louis Carrol em ácidos (passo o pleonasmo) à esquerda.
Segundo expôs A.S.S., quem não está com o Governo, está com a direita; quem não subscreve estas medidas é irresponsável político e anti-europeísta; quem propõe esta moção está a querer travar a rápida recuperação económica do país promovida pelo Governo; quem subscreve um apupo contra ele quer travar a sua veemente aposta no desenvolvimento científico, na modernização dos serviços públicos e na criação de riqueza para o país.
Quanto aos outros, os que prometiam abster-se (e abstiveram), foram apelidados de "Iagos" que, se bem se lembram, é a figura por excelência da conspiração e do revanchismo em Shakespeare.

A moção de censura que hoje foi a votar teve um magnífico efeito: o de revelar as agendas que nem PS nem PSD quiseram dar a conhecer durante as negociações para a viabilização do PEC e das "medidas de austeridade", nomeadamente no que diz respeito aos ataques ao valor dos salários. Quais abjectos conspiradores, PS e PSD, o Governo sem pasta, dão o braço ad hoc para patrocinar o saque aos trabalhadores pela sua desmoralização, pelo desgaste do seu sentimento de classe e, no fim, sem graça nem brio, atacam-se mutuamente num debate culpado e fratricida.
Que aguardem, pois, pelos desenvolvimentos, que a "Tea Party do Mad Hatter" é já no dia 29 de Maio e aí se poderá julgar qual a base de apoio destes dois Governos. Cai ou não cai? Cai, pois!

Um comentário:

Anônimo disse...

Um dos efeitos interessantes da moção de censura do PCP foi dificultar a estratégia do PSD em descolar-se do governo. A dificuldade é tanta que até António Mendonça teve de vir em socorro de Passos Coelho e acenar novamente com o TGV.

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