Em casa de cego, semiótica de surdo


O novo Governador do Banco de Portugal (BP), Carlos Costa, começa com o pé direito a sua missão, especialmente no que diz respeito ao ponto 2.2 do Código de Conduta do BP: "ter em conta as expectativas do público relativamente à sua conduta, dentro de padrões genérica e socialmente aceites, comportar-se por forma a manter e reforçar a confiança do público no BP e contribuir para o eficaz funcionamento e a boa imagem da Instituição."

Do seu discurso de tomada de posse, que não passou de um desfiar da missão e valores do BP que em nada compromete este funcionário, destacarei o seguinte parágrafo:

"É necessário ter presente, por isso, que as enormes vantagens da estabilidade de preços e da participação na área do euro, de que os agentes económicos rapidamente se apropriaram, têm como contrapartida inexorável um ajustamento dos comportamentos de formação de salários e de alocação do rendimento, e que o ritmo deste ajustamento, no presente contexto de crise internacional, terá de ser acelerado de forma determinada e credível, sob pena de pôr em causa o processo de retoma da economia portuguesa."

Trocando por miúdos, o que o Sr. Governador quis dizer é que, para apoiar o paradigma europeísta da Estabilização, os patrões devem agora seguir o paradigma chinês ao nível dos salários. Os banqueiros gostaram muito e em Lisboa houve cheiro de sardinhada à "integralismo lusitano".

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