As crónicas de Alberto Gonçalves no Diário de Notícias costumam ser um arquivo de raivas contra a esquerda, disfarçado de tentativa de humor. São textos com procedimentos argumentativos fracos e manipulativos que são geralmente ignorados à esquerda. A mim hoje deu-me para reagir, fazer o exercício de pegar num texto “‘Gays’ pela Palestina" incluído na sua última crónica e rebatê-lo. Como se ele não se enterrasse a si próprio…
Ponto 1: Da mentira como ponto de partida
“É notável a quantidade de grupinhos subsidiários do Bloco de Esquerda.” O autor revela-nos então, o que deve ser resultado de algum estudo sociológico desconhecido ou de um trabalho profundo de jornalismo de investigação, a relação deste grupos: “Do Comité de Solidariedade com a Palestina à Frente de Combate à LesBiGayTransfobia, da Pobreza Zero ao SOS Racismo, da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental ao meu preferido, o Colectivo Mumia Abu-Jamal (é uma delícia imaginar que espécie de gente se junta no culto de um homicida).” Descontando a necessidade de responder ao insulto do “culto ao homicida” lançado sobre quem defende a inocência de Abu-Jamal, o autor não apresenta quaisquer provas para a insinuação de que estes grupos estão sob a alçada do Bloco de Esquerda (mais adiante fica esclarecido que é isso que entende por "subsidiários"). Acontece que, sabe quem conhece estes grupos, isto é mentira. E, aliás, sabe mesmo muita gente que isto é mentira. Será que António Gonçalves afinal não sabe do que fala?
Ponto 2: A revelação do grande objectivo conspiratório escondido
“Os nomes constituem uma fachada. Essencialmente, os grupinhos do Bloco têm um só objectivo: promover acções de propaganda contra Israel.” Devo dizer que fiquei entusiasmado nesta parte do texto porque achei que seria um exercício interessantíssimo demonstrar que todas as acções destes grupos se reduziam a este objectivo. Conseguiria o autor apresentar provas de que o SOS Racismo ou o Pobreza Zero (e sinceramente aqui não sei a que se refere o autor porque a única plataforma Pobreza Zero que conheço é esta que diz de si ter sido co-financiada pela FLAD que não será propriamente uma organização anti-sionista…) têm como único objectivo promover acções contra Israel? Claro que me desiludi porque tal como não são precisas provas sobre a pertença ao BE também não são precisas provas sobre este objectivo. Pelo que fiquei a pensar: terei perdido alguma crónica anterior em que o autor prova que o único objectivo do Bloco de Esquerda é fazer grupos “compostos apenas por uma ou duas criaturas” com o objectivo de acabar com Israel?
Ponto 3: O habitual insulto da loucura sempre tão benéfico ao debate político…
O autor classifica de seguida algumas acções destes grupos como de “pequena demência”. Exemplos: as “tentativas de boicote a um concerto de Leonard Cohen (que cantou em Telavive) ou do jogo entre o Benfica e o Hapoel (que é de Telavive)”. Descontando também o princípio de que o sociólogo transformado em psiquiatra deveria explicar em que consistiram estas acções para não utilizar argumentativamente factos que a maioria dos leitores desconhece distorcendo-os com a sua interpretação muito própria, caberia sobretudo explicar de que forma participar nelas, concordando-se ou não, implica “demência”.
Mas das pequenas demências não se guardam rancores. Interessam mais outras acções que já são de outra liga: são “demência completa” e seu o único exemplo é “o protesto pelo patrocínio da embaixada israelita em Portugal a um Festival de Cinema Gay e Lésbico”. Também não se explica porque se trata de demência completa porque há urgências maiores: fazer uma piadola com maricas. “Se apetece ceder a meia dúzia de graçolas a propósito de um festival de cinema sexualmente orientado, a graça maior está no facto de "activistas" alegadamente em prol dos direitos gay defenderem a Palestina, que formal e informalmente discrimina, tortura e mata os "pervertidos", e abominarem Israel, que faz dos seus homossexuais plenos cidadãos (…). Não seria diferente se uma associação de perdizes reivindicasse o alargamento do período de caça.” Portanto, defender um Estado Palestiniano é igual a defender a homofobia. Quais perdizes, este é o estranho caso dos maricas suicidas que reivindicam o direito de alastrar a homofobia… Bichas loucas.
Ponto 4: Quem o diz é quem o é; entre a amalgama e a reversão do insulto.
Reitere-se a conclusão acrescentando-lhe algo: “Os gays, os transgénicos, as mulheres, os pobres, as minorias étnicas, os palestinianos, o Abu-Jamal e restantes "oprimidos", com ou sem aspas, são o meio que "justifica" o desporto favorito dos bandos em causa, chame-se-lhe anti-semitismo ou, para consumo público, "anti-sionismo".” Passou despercebida a amalgama? Bom, pelo menos juntam-se as palavras e fica associado algo do conteúdo, apesar de qualquer dicionário explicar que anti-semitismo é a defesa da discriminação dos judeus e que anti-sionismo diz respeito, hoje, à oposição ao Estado de Israel enquanto Estado definido religiosamente como Estado Judeu (e portanto há judeus anti-sionistas).
Neste mundo povoado de dementes, em que os maricas defendem quem os oprime e atacam quem os defende, descobrimos que os seus manipuladores bloquistas (no sentido lato de todos os que fizeram parte destas acções ou movimentos) apenas se dizem anti-racistas para melhor conseguirem escapar sendo racistas…. “Numa época em que os vigilantes de serviço procuram "racistas", "fascistas" e "neonazis" em cada canto, espanta que não os descubram nas imediações do Bloco e da extrema-esquerda em geral, em Portugal os seus actuais e genuínos representantes.” Talvez até os gajos acusem os outros de serem racistas para ninguém perceber o seu racismo...
Ponto 5: A tentativa de exploração do pior do senso comum e a tirada homofóbica final que é o ponto de chegada inevitável de um texto sobre paneleiragem: “Falta acrescentar que os organizadores do Festival de Cinema Gay e Lésbico tremeram face às pressões e anunciaram que, de futuro, ponderam recusar subsídios de Israel, uma mariquice que lhes fica a matar e abre portas para os apoios de Gaza, Síria, Líbia e esse lugar exótico onde a homossexualidade nunca existiu, o Irão. Irão longe.” Como se sabe, os maricas são mariquinhas, ou seja são medricas sem coragem. Esse louco plano conspirativo do Bloco de Esquerda tem um ponto fraco: fazer com que sejam os mariquinhas a enfrentar o poderoso Estado de Israel; não seria um trabalho para homens a sério?
Ponto 1: Da mentira como ponto de partida
“É notável a quantidade de grupinhos subsidiários do Bloco de Esquerda.” O autor revela-nos então, o que deve ser resultado de algum estudo sociológico desconhecido ou de um trabalho profundo de jornalismo de investigação, a relação deste grupos: “Do Comité de Solidariedade com a Palestina à Frente de Combate à LesBiGayTransfobia, da Pobreza Zero ao SOS Racismo, da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental ao meu preferido, o Colectivo Mumia Abu-Jamal (é uma delícia imaginar que espécie de gente se junta no culto de um homicida).” Descontando a necessidade de responder ao insulto do “culto ao homicida” lançado sobre quem defende a inocência de Abu-Jamal, o autor não apresenta quaisquer provas para a insinuação de que estes grupos estão sob a alçada do Bloco de Esquerda (mais adiante fica esclarecido que é isso que entende por "subsidiários"). Acontece que, sabe quem conhece estes grupos, isto é mentira. E, aliás, sabe mesmo muita gente que isto é mentira. Será que António Gonçalves afinal não sabe do que fala?
Ponto 2: A revelação do grande objectivo conspiratório escondido
“Os nomes constituem uma fachada. Essencialmente, os grupinhos do Bloco têm um só objectivo: promover acções de propaganda contra Israel.” Devo dizer que fiquei entusiasmado nesta parte do texto porque achei que seria um exercício interessantíssimo demonstrar que todas as acções destes grupos se reduziam a este objectivo. Conseguiria o autor apresentar provas de que o SOS Racismo ou o Pobreza Zero (e sinceramente aqui não sei a que se refere o autor porque a única plataforma Pobreza Zero que conheço é esta que diz de si ter sido co-financiada pela FLAD que não será propriamente uma organização anti-sionista…) têm como único objectivo promover acções contra Israel? Claro que me desiludi porque tal como não são precisas provas sobre a pertença ao BE também não são precisas provas sobre este objectivo. Pelo que fiquei a pensar: terei perdido alguma crónica anterior em que o autor prova que o único objectivo do Bloco de Esquerda é fazer grupos “compostos apenas por uma ou duas criaturas” com o objectivo de acabar com Israel?
Ponto 3: O habitual insulto da loucura sempre tão benéfico ao debate político…
O autor classifica de seguida algumas acções destes grupos como de “pequena demência”. Exemplos: as “tentativas de boicote a um concerto de Leonard Cohen (que cantou em Telavive) ou do jogo entre o Benfica e o Hapoel (que é de Telavive)”. Descontando também o princípio de que o sociólogo transformado em psiquiatra deveria explicar em que consistiram estas acções para não utilizar argumentativamente factos que a maioria dos leitores desconhece distorcendo-os com a sua interpretação muito própria, caberia sobretudo explicar de que forma participar nelas, concordando-se ou não, implica “demência”.
Mas das pequenas demências não se guardam rancores. Interessam mais outras acções que já são de outra liga: são “demência completa” e seu o único exemplo é “o protesto pelo patrocínio da embaixada israelita em Portugal a um Festival de Cinema Gay e Lésbico”. Também não se explica porque se trata de demência completa porque há urgências maiores: fazer uma piadola com maricas. “Se apetece ceder a meia dúzia de graçolas a propósito de um festival de cinema sexualmente orientado, a graça maior está no facto de "activistas" alegadamente em prol dos direitos gay defenderem a Palestina, que formal e informalmente discrimina, tortura e mata os "pervertidos", e abominarem Israel, que faz dos seus homossexuais plenos cidadãos (…). Não seria diferente se uma associação de perdizes reivindicasse o alargamento do período de caça.” Portanto, defender um Estado Palestiniano é igual a defender a homofobia. Quais perdizes, este é o estranho caso dos maricas suicidas que reivindicam o direito de alastrar a homofobia… Bichas loucas.
Ponto 4: Quem o diz é quem o é; entre a amalgama e a reversão do insulto.
Reitere-se a conclusão acrescentando-lhe algo: “Os gays, os transgénicos, as mulheres, os pobres, as minorias étnicas, os palestinianos, o Abu-Jamal e restantes "oprimidos", com ou sem aspas, são o meio que "justifica" o desporto favorito dos bandos em causa, chame-se-lhe anti-semitismo ou, para consumo público, "anti-sionismo".” Passou despercebida a amalgama? Bom, pelo menos juntam-se as palavras e fica associado algo do conteúdo, apesar de qualquer dicionário explicar que anti-semitismo é a defesa da discriminação dos judeus e que anti-sionismo diz respeito, hoje, à oposição ao Estado de Israel enquanto Estado definido religiosamente como Estado Judeu (e portanto há judeus anti-sionistas).
Neste mundo povoado de dementes, em que os maricas defendem quem os oprime e atacam quem os defende, descobrimos que os seus manipuladores bloquistas (no sentido lato de todos os que fizeram parte destas acções ou movimentos) apenas se dizem anti-racistas para melhor conseguirem escapar sendo racistas…. “Numa época em que os vigilantes de serviço procuram "racistas", "fascistas" e "neonazis" em cada canto, espanta que não os descubram nas imediações do Bloco e da extrema-esquerda em geral, em Portugal os seus actuais e genuínos representantes.” Talvez até os gajos acusem os outros de serem racistas para ninguém perceber o seu racismo...
Ponto 5: A tentativa de exploração do pior do senso comum e a tirada homofóbica final que é o ponto de chegada inevitável de um texto sobre paneleiragem: “Falta acrescentar que os organizadores do Festival de Cinema Gay e Lésbico tremeram face às pressões e anunciaram que, de futuro, ponderam recusar subsídios de Israel, uma mariquice que lhes fica a matar e abre portas para os apoios de Gaza, Síria, Líbia e esse lugar exótico onde a homossexualidade nunca existiu, o Irão. Irão longe.” Como se sabe, os maricas são mariquinhas, ou seja são medricas sem coragem. Esse louco plano conspirativo do Bloco de Esquerda tem um ponto fraco: fazer com que sejam os mariquinhas a enfrentar o poderoso Estado de Israel; não seria um trabalho para homens a sério?
2 comentários:
Estive uma vez ao lado deste espécimen, num debate sobre praxe. Depois de comparar os "caloiros" a entrar nas portas da faculdade a crianças que retornam ao ventre de onde nasceram e de comparar a praxe ao culto da diabrice, com uma referência ao burro que estava ao lado de Jesus ainda se lembra de defender que a juventude de hoje anda entregue ao satanismo, com os piercings e a música dos Mão Morta a acompanhar. Tudo isto com uma pronúncia de Diácono Remédios. Foi muito, muito difícil manter-me minimamente sério, sobretudo porque ocasionalmente olhava para a cara de espanto de quem estava na audiência. Um dos momentos mais surreais da minha vida.
Líbia e esse lugar exótico onde a homossexualidade nunca existiu, o Irão....pois... falta perspectiva histórica
no islão e em várias cidades da Pérsia no século XIX havia mercado vasto para a prostituição masculina juvenil e mais madura
as correntes anti-homo's são mais recentezitas
e visam fazer o islão puro
das influências dos heréticos
que levaram com as suas ideias
ao enfraquecimento do islão
troçar das ideologias dos outros é fei inho
tantu + que os maoistas descobriram há 30 anos que estimular o capitalismo e a ganância pessoal
seria benéfico para o partido e a china
e bocês estão com 30 anos de atraso ideológico
e tendo em conta que kandimbas nem isso têm
revela atrasos civilizacionais significativos
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