Espremendo esta entrevista, temos o seguinte: «Libertário é aquele que vive a liberdade à sua maneira; liberal é aquele que a vive como eu a defino». Ainda a procissão vai no adro e já os santos rosnam.
Um parágrafo, dois gráficos, algumas palavras.
Há 10 horas
Um comentário:
"Posso mudar de palavra, desde que ela respeite a realidade da coisa a que se refere. Quando já não respeita, tenho de criar outra palavra, como sempre tem acontecido na evolução gramatical. Arranjamos outras palavras para designar realidades diferentes."
Qual é o sentido de uma frase destas? Primeiro: as palavras - e a linguagem, em geral - não se referem à realidade dessa maneira digital; a palavra "casamento" refere-se a um conjunto de valores, de práticas, de preconceitos... E, como tal, varia de cultura para cultura. Segundo: o senhor bispo acha que a realidade que defende - através da palavra "casamento" - é a realidade das pessoas e,não, pelo contrário, a realidade individual dos desejos, do prazer, do pecado; o senhor bispo só acha isto, porque quer impor a visão da realidade filtrada pela instituição "igreja católica"; o senhor bispo só acha isto, porque quer convencer os outros - os fiéis e os nao-fiéis - que a homossexualidade é um mero devaneio mental que atinge o corpo quando este - sem olhar a deus e ao senhor bispo - cede à tentaçao da carne.
Em suma, nao se trata de mudar de palavra. Trata-se, sim, de mudar de realidade. O que diria Pessoa? Ou nao foi ele aquele que mais tentou mudar?
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