Tenho um amigo que diz que sempre que se fala de presidenciais devemos ter na cabeça uma expressão: «é extemporâneo». Não deixa de ter graça e alguma razão. Mas não só o debate aberto é um bem escasso que convém aproveitar sempre que o temos à mão, como julgo que a esquerda deve fazer já esta reflexão e preparar-se para tomar posições. Já lá irei.
Apesar de não me identificar totalmente com a mundivisão de Alegre, defendi aqui que é o candidato melhor posicionado para derrotar Cavaco. Haverá outros mundos possíveis? Claro, há sempre outros mundos possíveis. Confesso que gostaria de ver Carvalho da Silva na corrida presidencial mas é óbvio que não avançará, desde logo porque esta hipótese estranhamente não agrada ao PCP. O post do Tiago Mota Saraiva é sintomático a este respeito. Como é sintomático que avance o nome de Octávio Teixeira, o que nos remete para um outro cenário possível: PCP (e Bloco?) a apresentarem candidaturas próprias que servem essencialmente para a demarcação do seu espaço político.
O Nuno Ramos de Almeida, por sua vez, apresenta uma nuance importante: é diferente Alegre apoiado ou sem o apoio de Sócrates. Sem dúvida. Pegando na entrevista dada este fim-de-semana ao Expresso, o Hugo Dias sublinha a vontade de Alegre querer contar com o apoio do PS para concluir que essa provável relação deve desde já levar a esquerda a procurar protagonistas que dêem corpo a uma candidatura alternativa.
Não estou tão certo, porém, que uma coisa deva levar à outra. A questão do apoio do PS é importante (e perigosa) para a esquerda mas devemos ter em atenção que há várias formas dele se materializar - se se materializar. E se Sócrates apoiar «por arrasto»? E se não participar na campanha? E se na construção e na dinâmica da candidatura eleitoral de Alegre se expressarem várias componentes da esquerda na qual o PS, não estando ausente, não seja hegemónico? É óbvio que Alegre não quer nem pode alienar o eleitorado socialista mas ao mesmo tempo sabe que a única forma de ganhar é não se colar a Sócrates. Foi isso que fez ao longo dos últimos anos, construindo um espaço político e ideológico à esquerda da actual direcção do PS, o que passou por iniciativas como o encontro de esquerdas no Teatro da Trindade, a votação contra o actual Código do Trabalho ou a dinamização do MIC e da ops! - revista de opinião socialista.
Claro que a decisão da candidatura de Manuel Alegre está sobretudo nas mãos do próprio e é ele que decidirá os moldes em que isso acontecerá. Mas a esquerda deve ter a ambição de exigir que Alegre não abandone aquilo que foi nos últimos anos. Se assim o fizer estará a contribuir decisivamente para a derrota de Cavaco – cuja candidatura ganhará um evidente ímpeto a partir de Maio, com a visita do papa – e a propor-se eleger o primeiro presidente da república que se situa à esquerda da direcção do PS.
Apesar de não me identificar totalmente com a mundivisão de Alegre, defendi aqui que é o candidato melhor posicionado para derrotar Cavaco. Haverá outros mundos possíveis? Claro, há sempre outros mundos possíveis. Confesso que gostaria de ver Carvalho da Silva na corrida presidencial mas é óbvio que não avançará, desde logo porque esta hipótese estranhamente não agrada ao PCP. O post do Tiago Mota Saraiva é sintomático a este respeito. Como é sintomático que avance o nome de Octávio Teixeira, o que nos remete para um outro cenário possível: PCP (e Bloco?) a apresentarem candidaturas próprias que servem essencialmente para a demarcação do seu espaço político.
O Nuno Ramos de Almeida, por sua vez, apresenta uma nuance importante: é diferente Alegre apoiado ou sem o apoio de Sócrates. Sem dúvida. Pegando na entrevista dada este fim-de-semana ao Expresso, o Hugo Dias sublinha a vontade de Alegre querer contar com o apoio do PS para concluir que essa provável relação deve desde já levar a esquerda a procurar protagonistas que dêem corpo a uma candidatura alternativa.
Não estou tão certo, porém, que uma coisa deva levar à outra. A questão do apoio do PS é importante (e perigosa) para a esquerda mas devemos ter em atenção que há várias formas dele se materializar - se se materializar. E se Sócrates apoiar «por arrasto»? E se não participar na campanha? E se na construção e na dinâmica da candidatura eleitoral de Alegre se expressarem várias componentes da esquerda na qual o PS, não estando ausente, não seja hegemónico? É óbvio que Alegre não quer nem pode alienar o eleitorado socialista mas ao mesmo tempo sabe que a única forma de ganhar é não se colar a Sócrates. Foi isso que fez ao longo dos últimos anos, construindo um espaço político e ideológico à esquerda da actual direcção do PS, o que passou por iniciativas como o encontro de esquerdas no Teatro da Trindade, a votação contra o actual Código do Trabalho ou a dinamização do MIC e da ops! - revista de opinião socialista.
Claro que a decisão da candidatura de Manuel Alegre está sobretudo nas mãos do próprio e é ele que decidirá os moldes em que isso acontecerá. Mas a esquerda deve ter a ambição de exigir que Alegre não abandone aquilo que foi nos últimos anos. Se assim o fizer estará a contribuir decisivamente para a derrota de Cavaco – cuja candidatura ganhará um evidente ímpeto a partir de Maio, com a visita do papa – e a propor-se eleger o primeiro presidente da república que se situa à esquerda da direcção do PS.
3 comentários:
Eu nao quero que o Manuel Alegre derrote o Cavaco.Gostaria antes de ver ambos derrotados.Mas isso sou eu que sou de esquerda eheh
deduzo que para si seja absolutamente igual Cavaco ou Alegre em Belém. Para mim não é. Talvez esteja aí a divergência.
Sim está precisamente ai a divergencia! Melhores cumprimentos Miguel!
Postar um comentário