Sobre Manuel Alegre a procissão ainda vai no adro. A sua vontade de recandidatura é notória mas não creio que adiante muito nos jantares previstos para o mês de Janeiro. Os seus apoiantes investem nestes encontros gastronómicos, o que também não desagradará a Manuel Alegre. É uma forma de manter a visibilidade em torno da sua pessoa enquanto putativo candidato. Mas o que Manuel Alegre aguarda realmente é o apoio inequivoco do Partido Socialista. A sua entrevista na Edição do Expresso de hoje parece-me clara: “É uma decisão pesada. Tem de ser muito ponderada, independentemente da vontade e da disponibilidade. Há factores de ordem pessoal e política. Eu fiz a campanha de 2006 em dois meses e picos, fiquei a 29 mil votos da 2ª volta, sem apoio partidário. Mas as coisas dificilmente se repetem e nem eu estou disponível para uma repetição. (…) Uma candidatura é uma decisão pessoal e um acto de independência. Mas, para vencer, obviamente que o apoio do PS é importante. Se alguém se candidata é para ganhar. Isso não muda a natureza da minha candidatura, caso tome essa decisão. “ Sócrates diz que ainda é cedo, Alegre aguarda, e a Esquerda fica refém deste Tabu.
Contrariamente ao que Manuel Alegre diz, o apoio expresso do PS a uma candidatura sua muda de facto a sua natureza. Nuno Ramos de Almeida sintetiza bem, na minha opinião, o que significa uma candidatura com o apoio do PS, e outra, bem diferente, sem o seu apoio. No primeiro caso, “se não duvido de certas qualidades de Alegre, tenho poucas certezas em relação à sua utilidade. Uma candidatura de Alegre apoiada pelo PS de Sócrates, à primeira volta, nunca contará com o meu voto. A eleição de um candidato manietado pela actual direcção do PS, é um voto na política de direita, nas negociatas e na promiscuidade entre o governo e os interesses privados. Não pretendo legitimar a sua existência apoiando um seu candidato.“
No outro caso “pode dar voz às centenas de milhar de eleitores socialistas que não se reconhecem neste PS. (...) Nesse espaço cabe Manuel Alegre, por direito próprio, e poderá ser, se o quiser, um protagonista deste necessário realinhamento da esquerda. Para além de resistir, a esquerda deve ter ambição de poder mudar este pais. Apenas com a participação de sectores de esquerda do PS, do PCP, do Bloco e de muitas e muitos independentes isso será possível. Só nessas circunstâncias, e com esse objectivo, votarei Alegre.”
Mas a provável recandidatura de Alegre com o apoio do PS, suscita uma discussão importante para a Esquerda. Neste caso, e para que a Esquerda não seja refém de uma candidatura que não quer, de um projecto que não clarifica uma visão política alternativa, é preciso não sucumbir à política do facto consumado. Tal coloca responsabilidades aos partidos à esquerda do PS (sobretudo ao BE) na definição de que principios orientariam uma candidatura que procure ocupar esse espaço político – prioridades, propostas, protagonistas. Nada disto será fácil. Mas a não aceitação deste fatalismo é o ponto de partida para se pensar que pode existir uma candidatura de esquerda para além da de Manuel Alegre. Contem comigo para isto, e não para o resto.
Contrariamente ao que Manuel Alegre diz, o apoio expresso do PS a uma candidatura sua muda de facto a sua natureza. Nuno Ramos de Almeida sintetiza bem, na minha opinião, o que significa uma candidatura com o apoio do PS, e outra, bem diferente, sem o seu apoio. No primeiro caso, “se não duvido de certas qualidades de Alegre, tenho poucas certezas em relação à sua utilidade. Uma candidatura de Alegre apoiada pelo PS de Sócrates, à primeira volta, nunca contará com o meu voto. A eleição de um candidato manietado pela actual direcção do PS, é um voto na política de direita, nas negociatas e na promiscuidade entre o governo e os interesses privados. Não pretendo legitimar a sua existência apoiando um seu candidato.“
No outro caso “pode dar voz às centenas de milhar de eleitores socialistas que não se reconhecem neste PS. (...) Nesse espaço cabe Manuel Alegre, por direito próprio, e poderá ser, se o quiser, um protagonista deste necessário realinhamento da esquerda. Para além de resistir, a esquerda deve ter ambição de poder mudar este pais. Apenas com a participação de sectores de esquerda do PS, do PCP, do Bloco e de muitas e muitos independentes isso será possível. Só nessas circunstâncias, e com esse objectivo, votarei Alegre.”
Mas a provável recandidatura de Alegre com o apoio do PS, suscita uma discussão importante para a Esquerda. Neste caso, e para que a Esquerda não seja refém de uma candidatura que não quer, de um projecto que não clarifica uma visão política alternativa, é preciso não sucumbir à política do facto consumado. Tal coloca responsabilidades aos partidos à esquerda do PS (sobretudo ao BE) na definição de que principios orientariam uma candidatura que procure ocupar esse espaço político – prioridades, propostas, protagonistas. Nada disto será fácil. Mas a não aceitação deste fatalismo é o ponto de partida para se pensar que pode existir uma candidatura de esquerda para além da de Manuel Alegre. Contem comigo para isto, e não para o resto.
Um comentário:
Afinal adiantou. Ai esses prognísticos Hugo... ai, ai.
Renato Teixeira
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