A propósito do aparente "cuidado" de José Sócrates em lidar com a comunicação social, vai realizar-se uma manifestação esta quinta-feira, junto à Assembleia da República contra o PM (aka "Todos pela liberdade"). Já há Manifesto. Entre os/as signatários/as encontramos sobretudo malta de direita. Não é uma crítica, por quem sois; apenas uma constatação. Contudo, asseguram "Da esquerda à direita rejeitamos a apatia e a inacção". Não sei se poderei estar presente, mas se fizerem uma manifestação "Todos/as pela liberdade, embora não gostemos do Mário Crespo", contem comigo.
3 comentários:
A actuação do PM e a escusa do Governo em pronunciar-se sobre a alegada tentativa de controlo de um grupo de media ("Na sexta-feira, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, questionado sobre esta matérias, apenas tinha dito que "o Governo não tem naturalmente que dar explicações em matérias em relação às quais não tem nada que lhe pese na consciência" - Agência Lusa, 6/12/2010) não são uma novidade na política nacional mas, numa linha iniciada por Cavaco Silva nos anos 80, tendem a impôr um estilo que gostaria de designar por "Chuck Norris ribatejano": tudo começa com um herói de cabeleira bem podada e um problema que o sistema instituído não calculou. Depois, o herói, preso de um ímpeto incontrolável de autoridade, age por conta própria e, de repente, o próprio sistema entra em modo autófago, numa tentativa de, sem perder a batalha contra o inimigo comum, manter a coesão interna e defender o status quo.
Teoricamente, e na linha do melhor de Hill Street Blues, seriam estes os grandes momentos de inventiva, em que alma justa venceria o atavismo dos constrangimentos legais e processuais e inauguraria uma nova praxis, baseada na busca da verdade e na valorização da criatividade.
No entanto, estamos a falar do Governo de um país democrático que, se não está só neste processo e teve em devido tempo o apoio da direita que hoje se manifesta pela liberdade de expressão, também fomenta reiteradamente um estilo de governação musculado, "meio Steve McQueen, meio Rolão Preto" (José Mário Branco dixit), tentacular e insidioso.
Se uma manifestação como esta que agora se promove conseguisse ser aglutinadora e expressiva, então, confirmar-se-ia que, apesar da vontade popular em reeleger este Primeiro-Ministro, a carne do país não está ainda ensopada no misticismo Armani que une José Socrates a Berlusconi, mas desconfio que há sectores que não vão alinhar neste 31 da Armada...
Não gosto do Mário Crespo nem do Sócrates. E também prezo a liberdade. Mas aquele manifesto é um 31...
Pois é, por alguma razão são sobretudo pessoas da armada a assinar
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