Sobre o que aqui se conclui do Prós & Contras de ontem à noite, devo dizer que Irene Pimentel não esteve em cima de ninguém. Teria aliás sido melhor espectáculo do que vê-la insinuar o absurdo do 13º mês: um sentido de justeza e justiça salariais extraordinário. Concordo que António Hespanha tenha sido quem mais se destacou, mas não foi com certeza devido à sua linda camisa à lenhador e blazer-de-bombazine-com-cotoveleiras (nos tempos que correm, irrepreensíveis). Caso Rui Herbon não tenha percebido ou estado atento, com todas as pontas soltas a que a coisa obriga Hespanha traçou um retrato luminoso das lógicas de preservação e reprodução das elites portuguesas (2 000 mil pessoas, atirou a esmo), sob um consenso de Estado mafioso e inquestionado. Economia política, censura e liberdade de imprensa é conflito balizado: o problema está na definição dos termos desse conflito e nisso não se toca.
Se há julgamento nos jornais? Nem podia ser de outra forma. Como bem referiu Rui Machete (!), que se não me engano foi quem levantou a questão da auctoritas (nada como revisitar os conceitos weberianos de dominação, legitimidade, poder e obediência, em vez de especular infantil e inconsequentemente sobre o tema), factos juridicamente relevantes para fins judiciais não são factos politicamente relevantes na prestação de contas pública do poder, com toda a porosidade que caracteriza a sua relação articulada, tipicamente conhecida como judicialização da política e politização da justiça.
Agora a «percepção dessa legitimidade socialmente reconhecida pode ser facilmente manipulada»? A legitimidade é sempre construída e confeccionada, grosso modo e ao detalhe. Não há legitimidade natural, perturbada pelos media. Se há estratégias apostadas na decapitação de um governo, há duas soluções: aos tribunais cabe o apuramento das irregularidades e à política cabe o contraditório. E no contraditório, cabe a Sócrates todo o ónus da prova que restitua o mínimo de confiança política aos cidadãos. É tão grave julgar no pelourinho como tentar comprá-lo.
Se há julgamento nos jornais? Nem podia ser de outra forma. Como bem referiu Rui Machete (!), que se não me engano foi quem levantou a questão da auctoritas (nada como revisitar os conceitos weberianos de dominação, legitimidade, poder e obediência, em vez de especular infantil e inconsequentemente sobre o tema), factos juridicamente relevantes para fins judiciais não são factos politicamente relevantes na prestação de contas pública do poder, com toda a porosidade que caracteriza a sua relação articulada, tipicamente conhecida como judicialização da política e politização da justiça.
Agora a «percepção dessa legitimidade socialmente reconhecida pode ser facilmente manipulada»? A legitimidade é sempre construída e confeccionada, grosso modo e ao detalhe. Não há legitimidade natural, perturbada pelos media. Se há estratégias apostadas na decapitação de um governo, há duas soluções: aos tribunais cabe o apuramento das irregularidades e à política cabe o contraditório. E no contraditório, cabe a Sócrates todo o ónus da prova que restitua o mínimo de confiança política aos cidadãos. É tão grave julgar no pelourinho como tentar comprá-lo.
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