Free to choose: ainda da Califórnia

Porque hegemonias não se constroem num dia (e as crises não as destroem em dois), aqui fica mais uma achega ao caso da Califórnia. Uma pequena pérola que demonstra o professo amor do actual governador ao grande Milton (e a sua mulher Rose). Imperdível.

9 comentários:

Frederica Jordão disse...

Já cansa a minutos 01:03...

Diogo Augusto disse...

Convenhamos que é golpe baixo pôr o Schwarzenegger como porta-voz do liberalismo. Ainda assim, confesso que, esquecida a tosquice, a pirosice e os objectivos difusos da mensagem, em boa verdade, concordo com grande parte do conteúdo dela. Vá, chovam os insultos! :)

Hugo Dias disse...

Diogo, eras Halterofilista na Austria (que eu saiba não era um país socialista) e descobriste a liberdade na grande terra das oportunidades? Quanto ao conteúdo, neste momento ainda estou como a Frederica. Ainda não consegui passar do primeiro minuto. Mas convenhamos que sabemos o que estava por trás do discurso do Milton Friedman. A liberdade de perseguir os seus sonhos é diferente quando o ponto de partida é ser filho de uma familia do Mayflower ou dos que entraram nos EUA nos porões dos navios, sobretudo se não existe um conjunto de serviços publicos estruturantes, que promovam igualdade e redistribuição. Não levaste muito Diogo! ;)

Ricardo Cardoso disse...

Já que estamos de convir, convenhamos que liberalismo não é o mesmo que neoliberalismo e o Adam Smith não é avô do Milton Friedmann...

Telmo Alcobia disse...

e mesmo se o ponto de partida fosse igual para todos, podes sempre ser fdp como o arnold e fazer uma rasteiras para "SER O MELHOR!!!"

Diogo Augusto disse...

E, pergunto eu, que mal há em querer ser o melhor? Correndo o risco de distorcer completamente o discurso do Hugo (o que me parece que vou fazer), desde que o Estado assuma a sua responsabilidade de criar mecanismos eficazes de inclusão e de justiça social, o desejo de ser o melhor seja em que área for, não pode ser considerado como pernicioso.

Ricardo, também tens razão. No entanto, mantenho que, ignorando o choque da forma como a mensagem é passada e mesmo de alguns pormenores do seu conteúdo, o essencial da mensagem não me choca rigorosamente nada.

Frederica Jordão disse...

Diogo:
1. O problema não está em querer ser o melhor, está na defesa do liberalismo mais selvagem como garante disso;
2. Talvez o Ricardo esteja em melhores condições para explicar de que modo a competitividade é fomentada nos estudantes americanos, p.e., mas penso que não é bonito de se ver...

Diogo Augusto disse...

Frederica, isso é outra forma de dizer o mesmo que eu disse. O problema não está no liberalismo mas nas suas interpretações selváticas. É por isso que concordo com o essencial da mensagem sabendo de antemão que não concordo com os limites impostos à acção individual que o sr. senador defende.

Ricardo Cardoso disse...

Isto requer um extenso debate sobre liberalismo, individualismo, competitividade, etc... De qualquer forma, Diogo, deixa-me tentar pegar num outro Austríaco para argumentar que, como o Arnold, estás a separar economia, estado e sociedade de uma forma problemática. Ao estabelecer que a sua liberdade está condicionada pela acção do estado, o agora governador californiano apresenta a economia americana como uma esfera separada da sociedade e do estado. E o problema é quando essa separação se desfaz. Quanto mais o governo intervém na economia pior para os seus rentáveis músculos, diz o Arnold. Ora, como o Karl Polanyi argumentou, esta separação não só é utópica (pense-se no papel determinante da acção do estado na contra-revolução neoliberal) é também indesejável. A premissa aqui é que não se liberdades individuais e colectivas são inseparáveis. Se as primeiras protegem a nossa liberdade em relação ao estado, as segundas requerem a presença desse mesmo estado para promover essa mesma liberdade. A atomização daquilo que constitui a prosperidade humana é extremamente problemática, quer do ponto vista teórico, quer do ponto vista político.
Quanto à competitividade na academia americana, deixa-me só dizer Frederica, que as coisas se tornam sempre mais complicadas quando as vives... Para perceber a América há que ler Locke. São as liberdades individuais, muito mais que a competitividade que, a meu ver, a definem. Claro que esta observação não tem mais que a validade de um "ethnographic insight" ;)

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