Porque hegemonias não se constroem num dia (e as crises não as destroem em dois), aqui fica mais uma achega ao caso da Califórnia. Uma pequena pérola que demonstra o professo amor do actual governador ao grande Milton (e a sua mulher Rose). Imperdível.
Um parágrafo, dois gráficos, algumas palavras.
Há 15 horas
9 comentários:
Já cansa a minutos 01:03...
Convenhamos que é golpe baixo pôr o Schwarzenegger como porta-voz do liberalismo. Ainda assim, confesso que, esquecida a tosquice, a pirosice e os objectivos difusos da mensagem, em boa verdade, concordo com grande parte do conteúdo dela. Vá, chovam os insultos! :)
Diogo, eras Halterofilista na Austria (que eu saiba não era um país socialista) e descobriste a liberdade na grande terra das oportunidades? Quanto ao conteúdo, neste momento ainda estou como a Frederica. Ainda não consegui passar do primeiro minuto. Mas convenhamos que sabemos o que estava por trás do discurso do Milton Friedman. A liberdade de perseguir os seus sonhos é diferente quando o ponto de partida é ser filho de uma familia do Mayflower ou dos que entraram nos EUA nos porões dos navios, sobretudo se não existe um conjunto de serviços publicos estruturantes, que promovam igualdade e redistribuição. Não levaste muito Diogo! ;)
Já que estamos de convir, convenhamos que liberalismo não é o mesmo que neoliberalismo e o Adam Smith não é avô do Milton Friedmann...
e mesmo se o ponto de partida fosse igual para todos, podes sempre ser fdp como o arnold e fazer uma rasteiras para "SER O MELHOR!!!"
E, pergunto eu, que mal há em querer ser o melhor? Correndo o risco de distorcer completamente o discurso do Hugo (o que me parece que vou fazer), desde que o Estado assuma a sua responsabilidade de criar mecanismos eficazes de inclusão e de justiça social, o desejo de ser o melhor seja em que área for, não pode ser considerado como pernicioso.
Ricardo, também tens razão. No entanto, mantenho que, ignorando o choque da forma como a mensagem é passada e mesmo de alguns pormenores do seu conteúdo, o essencial da mensagem não me choca rigorosamente nada.
Diogo:
1. O problema não está em querer ser o melhor, está na defesa do liberalismo mais selvagem como garante disso;
2. Talvez o Ricardo esteja em melhores condições para explicar de que modo a competitividade é fomentada nos estudantes americanos, p.e., mas penso que não é bonito de se ver...
Frederica, isso é outra forma de dizer o mesmo que eu disse. O problema não está no liberalismo mas nas suas interpretações selváticas. É por isso que concordo com o essencial da mensagem sabendo de antemão que não concordo com os limites impostos à acção individual que o sr. senador defende.
Isto requer um extenso debate sobre liberalismo, individualismo, competitividade, etc... De qualquer forma, Diogo, deixa-me tentar pegar num outro Austríaco para argumentar que, como o Arnold, estás a separar economia, estado e sociedade de uma forma problemática. Ao estabelecer que a sua liberdade está condicionada pela acção do estado, o agora governador californiano apresenta a economia americana como uma esfera separada da sociedade e do estado. E o problema é quando essa separação se desfaz. Quanto mais o governo intervém na economia pior para os seus rentáveis músculos, diz o Arnold. Ora, como o Karl Polanyi argumentou, esta separação não só é utópica (pense-se no papel determinante da acção do estado na contra-revolução neoliberal) é também indesejável. A premissa aqui é que não se liberdades individuais e colectivas são inseparáveis. Se as primeiras protegem a nossa liberdade em relação ao estado, as segundas requerem a presença desse mesmo estado para promover essa mesma liberdade. A atomização daquilo que constitui a prosperidade humana é extremamente problemática, quer do ponto vista teórico, quer do ponto vista político.
Quanto à competitividade na academia americana, deixa-me só dizer Frederica, que as coisas se tornam sempre mais complicadas quando as vives... Para perceber a América há que ler Locke. São as liberdades individuais, muito mais que a competitividade que, a meu ver, a definem. Claro que esta observação não tem mais que a validade de um "ethnographic insight" ;)
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