Abrir a boca para falar:
«Entendo a atitude pós-moderna como a de um homem que deseja uma mulher muito culta e sabe que não lhe pode dizer "Amo-te loucamente" porque sabe que ela sabe (e que ela sabe que ele sabe) que essas palavras já foram escritas por Barbara Cartland. Mas há uma solução. Pode dizer: "Como dizia Barbara Cartland, amo-te loucamente". Nesse momento, tendo evitado uma falsa inocência, tendo dito com clareza que já não é possível falar inocentemente, terá dito no entanto o que queria dizer à mulher: que a ama, mas que a ama numa época que perdeu a inocência. Se a mulher aceita esta táctica, terá recebido de qualquer forma uma declaração de amor. Ninguém se sentirá inocente, os dois terão aceite o desafio do passado, do que já se disse, que não pode ser eliminado, os dois participarão com prazer no jogo da ironia consciente... Mas os dois terão mais uma vez conseguido falar de amor.»
Umberto Eco apud Charles Jenks, «Que és el posmodernismo?» in Los Cuadernos del Norte. Oviedo, ano VIII, n.º43, p.36 apud Francisco Louçã (1994), A Maldição de Midas. A cultura do capitalismo tardio. p.164-165. Lisboa: Edições Cotovia.
«Entendo a atitude pós-moderna como a de um homem que deseja uma mulher muito culta e sabe que não lhe pode dizer "Amo-te loucamente" porque sabe que ela sabe (e que ela sabe que ele sabe) que essas palavras já foram escritas por Barbara Cartland. Mas há uma solução. Pode dizer: "Como dizia Barbara Cartland, amo-te loucamente". Nesse momento, tendo evitado uma falsa inocência, tendo dito com clareza que já não é possível falar inocentemente, terá dito no entanto o que queria dizer à mulher: que a ama, mas que a ama numa época que perdeu a inocência. Se a mulher aceita esta táctica, terá recebido de qualquer forma uma declaração de amor. Ninguém se sentirá inocente, os dois terão aceite o desafio do passado, do que já se disse, que não pode ser eliminado, os dois participarão com prazer no jogo da ironia consciente... Mas os dois terão mais uma vez conseguido falar de amor.»
Umberto Eco apud Charles Jenks, «Que és el posmodernismo?» in Los Cuadernos del Norte. Oviedo, ano VIII, n.º43, p.36 apud Francisco Louçã (1994), A Maldição de Midas. A cultura do capitalismo tardio. p.164-165. Lisboa: Edições Cotovia.
Abrir a boca para comer:
Um comentário:
Overwhelmed, Tiago... Balancei com a tua cantada!
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