Who let the dogs out?


Francisco Oneto indignou-se aqui com as claques de futebol e, muito particularmente, os seus comportamentos porque "se arrogam o direito de fazer da agressão generalizada e da violência a marca da sua reles submissão a ideais de estupidez agonística exacerbada". Certo.

Zé Neves irritou-se aqui contra Fancisco Oneto, ou melhor, contra o seu tom paternalista e contra o subtexto do seu post que, no entender de Zé Neves revela uma posição sobranceira de uma certa intelectualidade que só sabe lidar com a ordem e que apenas dentro dela reconhece a civilidade e a humanidade. Certo também.

Aceito que, logo à partida, a antipatia nutrida pelo desporto pode inquinar a discussão e amplificar sentimentos de indignação. Ainda assim, compreendendo os dois pontos de vista e, acima de tudo, chamando a atenção para os perigos de qualquer um dos dois (por um lado de desumanizar e, portanto, não compreender os comportamentos desta gente e, por outro, de relativizar e, portanto, desculpar os comportamentos desta gente). É claro que, nem Francisco Oneto admitiria que não os considera humanos nem Zé Neves admitiria que desculpabiliza os comportamentos mas serão essas as consequências se levarmos tudo a eito chamando selvagem a tudo o que mexe ou se equipararmos o post de Oneto aos comportamentos das claques.

Ora, neste, como noutros casos, o segredo está na massa E no molho. O perigo de tratar esta gente como se fossem cães de caça não pode ser mais determinante que o perigo que os tratar como vítimas da sociedade. E vice-versa. Mas, a esse respeito, diga-se que o mesmo princípio pode ser aplicável a qualquer crime.

Isto é, portanto, gente que merece "regime de reclusão [com] trabalho compulsivo em prol da comunidade"? Não. Quando o nervosismo e a indignação resvalam para as ideias anti-democráticas, estamos mal. É gente que merece ser presa? Alguns certamente que sim e a impunidade com que destroem, agridem e ameaçam é absolutamente incompreensível. Tendo isto em mente, em relação aos restantes, não é nada que uns bons tabefes em casa não resolvesse.

Nenhum comentário:

Postar um comentário