Escreverei um post mais detalhado sobre este assunto (presidenciais) mas ao ver esta notícia (com declarações de Fernando Nobre) não resisto a mandar já o meu "bitaite". Fui daquelas que quando se começou a ouvir falar da possibilidade de Fernando Nobre se candidatar à Presidência da República não deu grande atenção porque pensava que era mero boato e quando se confirmou fui daquelas que não gostou nada e isto, confesso , por motivos pragmáticos (mas não só): sou de esquerda, situo-me à esquerda do PS, num partido que ainda está por inventar como me costumam dizer "O partido entre PS e Bloco" :) e que desconfio que teria bastante militantes :). Votei PS em 2005 (é o que dá ter Durão e Santana de seguida:), Autárquicas (Coimbra) - CDU (Gouveia Monteiro), Europeias: Cdu , Presidenciais: Manuel Alegre, Autárquicas (Coimbra) 2009 - Bloco; Europeias: Bloco, e votei Bloco de Esquerda nas últimas legislativas e foi, porventura, a vez em que o meu voto foi mais pensado, ponderado e convicto em eleições outras que presidenciais desde que voto em Portugal (2002).
Não gosto de Cavaco Silva, por motivos ideológicos (demasiado liberal na economia, demasiado conservador nos costumes e em questões relacionadas com liberdade individual, entre outros) e por achar que o Senhor não tem, de facto, nem a postura, nem a eloquência, nem a destreza intelectual, nem muita coisa :) que considero importante para um cargo dessa natureza (para ser sincera: nem para outros). A sua postura e reacção à "inventona" das escutas foi pura e simplesmente inacreditável, mas isso foi apenas mais um episódio. Perante isto, quero acima de tudo que este senhor saia de lá e quero ter um presidente de esquerda, uma esquerda na qual me reveja suficientemente.
É aí que entra Manuel Alegre. Não é perfeito , chegou em determinadas alturas a irritar-me solenemente com a sua postura precisamente muito "solene"; com as suas abstenções em votações nas quais teria votado contra; com, por vezes, o seu patriotismo um tanto ao quanto bacoco, mas o essencial para eu votar nele tem: foi contra e muito crítico do Código de trabalho; tem uma perspectiva social e humana bastante ancorada; nas áreas da saúde e da segurança social assumiu uma postura crítica dentro do partido; tem uma visão da educação pública na qual me revejo; tem um passado de intervenção importante; é "pela paz"; consegue mobilizar muito boa parte da esquerda e estabelecer pontes que acho essenciais e tem (ou tinha?) condições para ganhar.
Ora, a candidatura de Fernando Nobre veio , a meu ver - espero estar enganada - prejudicar a sua hipótese - de Manuel Alegre e de uma esquerda na qual me revejo - de ganhar e facilita a vida a Cavaco. Conheço várias pessoas que ficaram balançadas e outras que aderiram logo à "candidatura cidadã" de Nobre. Não estava minimamente à espera desta candidatura de Fernando Nobre. Apesar - do que conheço dele - de ter muita simpatia e até admiração pelo trabalho que desenvolveu , e de não me agradar a ideia de ele e Alegre serem "concorrentes", nunca pûs em causa o meu voto no Alegre nas presidenciais pelos motivos indicados anteriormente, mas fiquei bastante receosa com as consequências da candidatura de Nobre nos resultados das presidenciais.
Contudo , verdade seja dita, sempre que o homem dá uma entrevista ou tem um discurso mais "demorado", para além de não ser grande orador e de assumir uma pose entediante, tem cumulado várias "pérolas": um discurso anti partidos no qual não me revejo; diz que a distinção entre a Esquerda e Direita já não faz sentido e que não se situa em nenhum dos lados (surpreendeu-me, pensei que se situaria à esquerda e, para mim, lamento, não só há divisão como gosto de saber em quem voto); fala em ovnis; os seus discursos tendem não raras vezes para o vazio , generalidades ou populismo; ficou-se a saber que teve militância monárquica e que se orgulha disso - e tem, de facto, todo o direito de - mas a monarquia não é bem a minha "tasse de thé" :), e agora perante tanta coisa sobre a qual poderia falar e sobre s aqual ainda não se lhe ouviu nem uma palavra (sei lá, a situação económica, os inúmeros casos que tem havido; a UE e os seus desafios, a imprensa, só naquela) passa-me um bom bocado da sua entrevista a falar dos exames médicos e da sua importância para titulares de cargos e diz sobre a possibilidade de desistência de candidatura que "está nesta corrida até ao fim a não ser que morra num acidente de automóvel, leve um tiro na cabeça ou lhe seja diagnosticado um cancro" ... Tem sido, pelo menos até agora, uma desilusão. Espero que para outros/as também :)
5 comentários:
Não me desilude porque nunca me iludiu. Estou certo que não votarei nele (e, juntamente com a certeza de que não votarei em Cavaco, é tudo o que sei sobre o que vou fazer no dia das eleições) mas também não percebo o incómodo. A não ser que o facto de ele ter aparecido na corrida tenha feito com que pessoas que iam votar Alegre tenham mudado de ideias para votar Cavaco, o seu surgimento só poderá ser bom para quem não quer uma reeleição de Cavaco. Aliás, quantos mais candidatos aparecerem, melhor, porque aumentam as probabilidades de haver segunda volta e aumentar as probabilidades de derrotar Cavaco.
"O partido entre PS e Bloco"???
É isso Magda. É mesmo isso. Como é que ninguém nunca percebeu que é mesmo esse o partido que faz falta.
Caro Renato, não perdes uma:) Como bem percebeste não quero que seja criado um partido entre PS e Bloco, nem acho que faça falta, nem nada disso; o que disse é que situo me - mediante o que são os partidos que temos-entre o PS e o Bloco, estou mais proxima do Bloco sem duvida mas não o suficiente para militar nele ou me "sentir" bloquista (independentemente de militar ou não). E há muita gente, contrariamente ao que pelos vistos pensas, que se situa precisamente por aí: entre o PS e o Bloco.
Diogo sobre o teu comentário, gostava de ter certezas que quanto mais candidatos à esquerda mais hipoteses de haver segunda volta mas tenho duvidas, sustentadas aliás pelas últimas eleições presidenciais.
Magda,
eu escrevi o que escrevi por ter lido isto:
"sou de esquerda, situo-me à esquerda do PS, num partido que ainda está por inventar como me costumam dizer "O partido entre PS e Bloco" :) e que desconfio que teria bastante militantes :)."
Acho sinceramente que é uma abstracção. Não há espaço político entre dois partidos cada vez mais parecidos. Fica bem.
Renato Teixeira
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