Há muito, muito, muito ano que se discute o papel do Estado central, regional e local nas dinâmicas de criação, mediação e consumo culturais. Não tenho agora tempo (!) para recensear o debate, mas para o que aqui nos interessa devo dizer que não cedo à teoria da subsídio-dependência (hoje acordei de esquerda, para desenjoar). Julgo aliás que não é preciso nem inventar uma excepção cultural à Malraux-Lang nem bater com os costados no Bloco de Esquerda para compreender a falibilidade e insuficiência do mercado e das indústrias criativas na provisão artística e cultural das pessoas (que de resto muito estimo, porque - como diria a doçura de Eduardo Sá à sobredotada Isabel Stilwell - «o importante não são as crianças, são as pessoas» - olé).
Mas também não me parece que a falta de dinheiro justifique a programação parola, preguiçosa, cobardolas e iletrada que o Teatro Académico Gil Vicente oferece aos doutores de Coimbra no mês de Abril. Depois a culpa é do La Feria e do falecido Mário Nunes, como alardeavam os Amigos da Cultura.
Fica a Ana, que nunca desilude:
Mas também não me parece que a falta de dinheiro justifique a programação parola, preguiçosa, cobardolas e iletrada que o Teatro Académico Gil Vicente oferece aos doutores de Coimbra no mês de Abril. Depois a culpa é do La Feria e do falecido Mário Nunes, como alardeavam os Amigos da Cultura.
Fica a Ana, que nunca desilude:
4 comentários:
Que bom que alguém reparou :)
E é bom que sejam as/os nativas/os a pronunciar-se ;)
O financiamento (ou falta dele) por si não explica nada (ainda) mas poderá vir a explicar, nomeadamente no que diz respeito à "estratégia", semelhante à do CAE da Figueira da Foz, de andar ao sabor do mercado de espectáculos, como um cataventos.
O maior problema que assiste às direcções do TAGV... blá, blá, blá... é a ausência de um plano estratégico de cultura para o concelho, o que obriga aquela casa a assumir uma dupla função de formar públicos dentro e fora da universidade e suportar e dar continuidade à outra “estratégia” municipal de apoiar tudo e mais alguma coisa (e aqui faz sentido falar em subsídio-dependência).
Ora, o risco de se assumir esta fase como temporária (ou como disse o pró-reitor para a cultura J. A. Bandeirinha, “uma gestão de recurso, um período de transição, até ser definida uma estratégia pela fundação”, blog TAGV, 15/03/2010) é o de criar compromissos com a(s) comunidade(s) que depois (quando existir o financiamento) não possam ser mantidos.
Este tipo de gestão (e aqui fala outra nativa) cria vícios nos públicos e deixa as instituições reféns da sua própria consciência, hesitantes entre correr com as tunas à pedrada ou abrir o enorme guarda-chva da cultura, sob o qual cabe um país inteiro.
Estatégia é outra coisa. O TAGV não tem estratégia.
mas vivem na parvónia e querem o quê? ver arte e cultura eruditas todos os dias e ao vivo? isso é só no dia 18, às 18h. entretanto, podem sempre entreter-se com coisas mais ligeiras, como o pedro costa a falar no tagv, no dia 12.
Frederica, de facto a perda de relevância do TAGV na dinâmica cultural da cidade faz com que seja coisa rara e excepcional alguém reparar. E concordo: há micro subsídio-dependências injustificadas que não permitem uma política cultural com visão promovida pela autarquia. O problema das direcções e das orientações interinas do TAGV dura, paradoxalmente, há anos e, se queres que te diga, é argumento que não colhe - apesar dos efeitos psicológicos que bem mencionaste. É pondo os olhos em coisinhas desequipadas, amadoras e poupadas como a Lugar Comum que se consegue compreender o embuste de muita retórica pública queixosa das instituições culturais fracassadas: de que o TAGV é exemplo flagrante.
Zé Neves, falas bem porque tens o Politeama aí à mão ;)
Aqui, da terra que acolheu o La Féria e lhe ofereceu o Teatro Municipal, manifesto a minha solidariedade.
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