A China chega a Kalmar (2)

Ainda a propósito da aquisição da Volvo por parte da Geely. A maior empresa automóvel chinesa tem uma história assinalavelmente curta. Fundada em 1986, entra nesse sector em 1998 e começa a exportar somente a partir de 2003. Em 2009 produziu 329.100 veículos, o que a coloca em 10º lugar no ranking das empresas automóveis com unidades de produção na China. As restantes nove empresas são subsidiárias ou consórcios que produzem marcas não chinesas.

Numa análise por empresa, Geely desce para uma posição modestíssima. É natural que assim seja, pois a sua entrada é recente num mercado onde compete com as já estabelecidas empresas norte-americanas, europeias, japonesas e sul-coreanas. Neste contexto, uma das principais novidades dos últimos anos foi mesmo a crescente presença internacional da indiana Tata Motors que comprou à Daewoo uma unidade de veiculos comerciais, produz veículos pesados em Zaragoza, e adquiriu, em 2008, a emblemática Jaguar Land Rover.

A aquisição da Volvo por parte da Geely fará parte de uma estratégia mais consequente de internacionalização, com vista à entrada no mercado europeu e norte-americano, ganhar dimensão e capacidade, diversificar a sua oferta em diversos segmentos e de transferência de know-how para a empresa mãe. Seria interessante perceber se esta estratégia será util também para se consolidar no país que em breve terá o maior mercado interno mundial.

A Geely está muito longe de pertencer às 500 maiores empresas mundiais e o negócio de 1,8 biliões de dólares nem é muito chorudo. A China possui já um importante sector bancário e grandes industrias petroquímicas e de infra-estruturas. Tem procurado assegurar o acesso a matérias-primas, sobretudo em África. As suas exportações permitiram crescimentos sustentados elevados, balanças comerciais altamente favoráveis e uma imensa acumulação de capital que procura agora ser reenvestido. Muito deste optará (e tem optado) pela solução financeira, mas parece-me que, depois da Geely, seguir-se-ão muitas outras empresas chinesas, tornando-se numa presença constante no cenário económico global.

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