Toalhitas Bleu-Blanc-Rouge




Quando, em 1917, Marcel Duchamp submeteu, sob o pseudónimo R. Mutt, a sua "Fonte" ao júri do Salão dos Independentes de Nova Iorque, ele sabia que golpe epistemólogico estava a aplicar na concepção tradicional - por mais "independente" - da história da arte do seu tempo : era a própria natureza conceptual do objecto que estava desenquadrada do fazer que caracterizava os mestres.

Tão mais do que isto, a "Fonte" acaba por constituir-se como um ícone de todas as fontes, um móbil de outras imagens (repugnantes, sem dúvida) que tem o poder de curto-circuitar a transcendência que, então e ainda hoje, preside à instituição artística. Neste movimento, permitiu à arte libertar-se, ampliando o seu horizonte de significados e repensando a natureza plástica do meio e da técnica.

Para a história da arte, dos ícones e dos símbolos, e seguindo de perto o post do Diogo Augusto "Olhó respeitinho", dou agora conta de uma outra manifestação artística que está a dilacerar o povo francês. Trata-se de uma foto que foi a concurso numa iniciativa da cadeia FNAC e onde se vê um jovem limpando o seu jacobino derrière à bandeira nacional. Quem tirou a fotografia é uma incógnita, o que lhe permitirá escapar a uma multa que pode chegar aos 8000 Euros - mas com honras de artista porque o júri consagrou a fotografia com o prémio "Politicamente Incorrecto".

Como bem disse ao Mail Online o director do jornal Metro, que publicou a fotografia em primeira mão (ou em primeiro derrière, se preferirem...), relançam-se as questões dos "limites da arte, da provocação e da liberdade de expressão".

Pode ler-se mais aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário