Flor do Deserto - a Mutilação Genital Feminina em filme



Fui ontem à antestreia do filme A Flor do Deserto. Este filme, em exibição por toda a Europa, e, a partir de hoje, nos cinemas em Portugal, baseia-se no best seller de Waris Dirie em que a autora conta a sua história: nascida na Somália, numa família vivendo em pobreza extrema, excisada aos 5 anos, vendida para casar aos 13. Waris foge, quase morre, recorre à sua avó que pouco mais faz do que colocar Waris a trabalhar, sob exploração, junto de diplomatas somálios em Londres. Com o regresso dos/as diplomatas à Somália Waris fica na rua sem qualquer tipo de rede de apoio. Não entrando muito em pormenores, a história de Waris é conhecida: acaba por se tornar numa supermodelo e, simultaneamente, usa a sua notoriedade para contar a sua história e alertar para o grave problema de saúde pública, de violência contra as mulheres, de atentado aos direitos humanos que constitui a MGF, sendo escolhida para Embaixadora das Nações Unidas.

É um filme forte que ao mesmo tempo pode parecer, por vezes, demasiado "leve" no tratamento desta temática e das outras que são abordadas (tráfico, uso do corpo das mulheres, situação das/os refugiados/as, etc), contingências de um filme que quer chegar ao grande público. Ainda assim, claramente, recomendo. Estar nos circuitos da grande distribuição e querer chegar ao "grande público", baseando-se num livro autobiográfico, é também a sua mais valia: porque informa, alerta, sensibiliza quem possivélmente não o estava e para quem estava, ou pensava estar, volta a reforçar o sentimento de que é urgente (ainda que saibamos muito díficil) acabar com esta prática.

E salienta dados que nenhum/a de nós deve esquecer: 6000 crianças/jovens, por dia, são vítimas desta prática. 130 milhões por ano...

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