José António Saraiva já tinha partilhado com o mundo como foi burlado num negócio manhoso com casacos de pele nas bombas da Repsol da 2ª Circular. Desta vez, o arquitecto foi mais longe e acabou numa cave em Caxias, onde o esperavam duas "inquisidoras" da Reinserção Social, a mando do Tribunal de Oeiras. E há muito tempo que o esperavam: à primeira convocatória, Saraiva mandou a secretária tratar do assunto; à segunda, pediu um parecer à advogada. Nos dois casos, optou por desobedecer às intimações com a mesma convicção com que ataca (antes no Expresso, agora no Sol) a morosidade da justiça e o arrastar dos processos nos tribunais.
"Descansei. E, como durante o mês seguinte não sucedeu nada, pensei que o assunto estivesse resolvido. Enganava-me: findo esse mês de tréguas, recebo em casa uma terceira convocatória, desta vez entregue em mão. E aí decidi-me a ir esclarecer pessoalmente o caso."Em tribunal, o director do Sol - como os restantes jornalistas arguidos no mesmo processo de violação do segredo de justiça - declarou à juíza a opção pelo silêncio. Mas naquela cave de Caxias, o arquitecto fraquejou. E falou de tudo aquilo que não queria falar.
"Francamente, só encontro uma explicação para o sucedido: tratou-se de uma tentativa de intimidação. O futuro o dirá".
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