O Sr. Blair está em directo em todos os canais anglófonos perante a Comissão de Inquérito sobre a invasão do Iraque em 2003.
Tardava esta comissão de inquérito e há muitas expectativas sobre ela, agora que os documentos são públicos e novas ilações se tiram dos relatórios e depoimentos de centenas de conselheiros, juízes e intervenientes de diversa natureza.
Destas primeiras duas horas de inquérito, gostava de destacar alguns pontos:
- Blair não se desliga do argumento das WMD (Weapons of Mass Destruction) como móbil principal para a intervenção do Reino Unido, lembrando que depois do 11 de Setembro os critérios de avaliação do risco se alteraram.
- De acordo com a sua avaliação – e ao contrário da opinião das Nações Unidas, e em particular de Koffi Anan, com quem reuniu para discutir a autonomia dos países das Nações Unidas em matéria de intervenção militar em países terceiros – a resolução 1441 que determinava os deveres do Governo Iraquiano era suficiente para justificar a invasão face à suspeita da existência de WMD.
- Perante as reticências das Nações Unidas, Blair assume que a resposta americana se mostrou a mais interessante à posição britânica e reitera a posição tomada em 2003.
- Blair assume que os Procuradores Conselheiros do Reino Unido, ao contrário dos conselheiros americanos que defendiam o recurso ao precedente das invasões de 1993 e 1998, alertaram para a necessidade de uma nova resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que definisse a) a pertinência da situação política e social no Iraque para justificar uma intervenção militar internacional e b) a dimensão da força a usar nessa intervenção.
- Blair confirmou que o Procurador-Geral do Reino Unido, Lord Goldsmith, apenas foi chamado a participar em duas das vinte reuniões de gabinete acerca da invasão do Iraque e apenas nas duas semanas que antecederam a invasão, i.e., quando a invasão já estava decidida. Assume também que o mesmo procurador – que lhe entregara, a seu pedido, a 4 de Janeiro de 2003 um draft da sua posição acerca da invasão – tinha demonstrado hesitação em ir contra as resoluções explícitas das NaçõesUnidas.
- Confirma que não procurou nenhuma espécie de apoio legal acerca do assunto, além de uma carta (não se lembra de quem) recebida do Ministério dos Assuntos Exteriores.
- Confirma que, decidida a invasão, deixou ao critério do exército a avaliação dos recursos necessários à intervenção, recursos que, de acordo com os líderes militares do país, foram manifestamente insuficientes, mas cuja responsabilidade descarta. Não fez nenhum acto de contrição perante os familiares dos militares mortos presentes na audiência.
Lembro que a guerra no Iraque custou cerca de 10,7 milhões de dólares ao Reino Unido, mobilizou 45,000 militares e fez 179 mortos entre eles. O Sr. Blair, após ter sido galardoado com a Medalha da Liberdade por G. Bush, assume hoje funções de conselheiro para a paz no Médio Oriente.
Recomendo a emissão da CNN. Note-se que a emissão BBC está com um minuto de delay assumido e a Sky com mais ainda.
Destas primeiras duas horas de inquérito, gostava de destacar alguns pontos:
- Blair não se desliga do argumento das WMD (Weapons of Mass Destruction) como móbil principal para a intervenção do Reino Unido, lembrando que depois do 11 de Setembro os critérios de avaliação do risco se alteraram.
- De acordo com a sua avaliação – e ao contrário da opinião das Nações Unidas, e em particular de Koffi Anan, com quem reuniu para discutir a autonomia dos países das Nações Unidas em matéria de intervenção militar em países terceiros – a resolução 1441 que determinava os deveres do Governo Iraquiano era suficiente para justificar a invasão face à suspeita da existência de WMD.
- Perante as reticências das Nações Unidas, Blair assume que a resposta americana se mostrou a mais interessante à posição britânica e reitera a posição tomada em 2003.
- Blair assume que os Procuradores Conselheiros do Reino Unido, ao contrário dos conselheiros americanos que defendiam o recurso ao precedente das invasões de 1993 e 1998, alertaram para a necessidade de uma nova resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que definisse a) a pertinência da situação política e social no Iraque para justificar uma intervenção militar internacional e b) a dimensão da força a usar nessa intervenção.
- Blair confirmou que o Procurador-Geral do Reino Unido, Lord Goldsmith, apenas foi chamado a participar em duas das vinte reuniões de gabinete acerca da invasão do Iraque e apenas nas duas semanas que antecederam a invasão, i.e., quando a invasão já estava decidida. Assume também que o mesmo procurador – que lhe entregara, a seu pedido, a 4 de Janeiro de 2003 um draft da sua posição acerca da invasão – tinha demonstrado hesitação em ir contra as resoluções explícitas das NaçõesUnidas.
- Confirma que não procurou nenhuma espécie de apoio legal acerca do assunto, além de uma carta (não se lembra de quem) recebida do Ministério dos Assuntos Exteriores.
- Confirma que, decidida a invasão, deixou ao critério do exército a avaliação dos recursos necessários à intervenção, recursos que, de acordo com os líderes militares do país, foram manifestamente insuficientes, mas cuja responsabilidade descarta. Não fez nenhum acto de contrição perante os familiares dos militares mortos presentes na audiência.
Lembro que a guerra no Iraque custou cerca de 10,7 milhões de dólares ao Reino Unido, mobilizou 45,000 militares e fez 179 mortos entre eles. O Sr. Blair, após ter sido galardoado com a Medalha da Liberdade por G. Bush, assume hoje funções de conselheiro para a paz no Médio Oriente.
Recomendo a emissão da CNN. Note-se que a emissão BBC está com um minuto de delay assumido e a Sky com mais ainda.
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