Costumo fazer, em algumas das minhas aulas, um exercício em que peço aos alunos que me indiquem as principais características da identidade portuguesa e, a seguir, lhes peço que me indiquem as principais características da identidade cigana. O resultado é sempre o mesmo, duas listas sem um único ponto de convergência. Uma lista repleta de características socialmente valorizadas (corajosos, acolhedores, boa gastronomia) ou apenas chatas (pessimistas, proteladores) e uma outra lista recheada de características negativas (sujos, criminosos, violentos, preguiçosos, marginais, incultos...). É claro que, quando lhes chamo a atenção para este facto, apressam-se a dizer que não são nada racistas e que até conhecem alguns ciganos que são boa gente.
Não me interessa aqui verificar se estas características são ou não comuns a todos os ciganos mas, antes, sublinhar a forma como vêem portugueses e ciganos como dois grupos absolutamente distintos mesmo que todas as suas concepções da identidade cigana sejam construídas a partir do conhecimento que têm das práticas de ciganos que são portugueses.
Esta notícia, que publicita uma denúncia pública de uma acção do poder político que é considerada injusta fornece-nos, no entanto, uma fonte de informação muito mais rica: a sua caixa de comentários. Muitos dos leitores que comentaram a notícia, expressaram o seu desejo para que "vão para a terra deles". Talvez não seja má ideia chamar a atenção desta gente para o facto de eles já estarem na terra deles e de que a forma como se defende que se "eles" se devem "adaptar à nossa cultura, costumes e tradições" não é mais do que racismo. E não deixa de o ser mesmo que cada uma destas pessoas "até tenha um amigo que é cigano" ou "nem tenha problemas em ir comprar à feira".
6 comentários:
O ano passado na Costa da Caparica, uma senhora ao volante do seu veículo automóvel não conseguiu travar a tempo de evitar o atropelamento de uma criança de etnia cigana que atravessou a correr a estrada. Resultado: a criança partiu um braço a senhora foi sovada por dezenas de ciganos, ficando entre a vida e a morte. Hoje essa mesma, senhora mãe de duas crianças encontra-se incapacitada para ter uma vida normal, não podendo trabalhar, não podendo de cuidar de si própria. Se isto acontecesse à sua mãe, à sua mulher...
Por último, já tinha visto esse maravilhoso desenho que ilustra o seu post. Foi mostrado por uma pessoa que ensinava numa acção de formação sobre xenofobia. Uma pessoa excelente que defendia com unhas e dentes qualquer forma de discriminação às minorias. Mas mudou. Sim mudou. Quando a sua própria mãe, já octogenária, foi assaltada e agredida por dois dos jovens a quem ele tanto defendia.
Caro Diogo, convido-o a ir morar para perto dos seus amigos ciganos. Convido-o a ir morar para um sítio onde o barulho não para até às 3.00h da manhã. Convido-o a ir morar para um sítio onde não possa sair à rua depois de anoitecer, ou que o seu filho leve porrada só por ser branco. É fácil falar quando moramos na Alta de Lisboa, ou parque das nações.
Por último, o que faz falta é um melhor acolhimento a todos. "Em Roma sê romano". Explique-me qual o sentido da CE e do Estado estarem a incentivar a exclusão social com a construção de guetos, com dinheiros para associações que promovem a exclusão. Já viu alguma associação africana conseguir a inclusão dos seus indivíduos, através de um assimilar de culturas, ou só servem para afirmar a sua cultura, sabendo que lá para fora da associação essa cultura de nada irá servir? Semeia-se a exclusão.
Cumprimentos senhor Diogo
Essa comunidade só tem direitos!?
Sabe do que vivem?
Vivem do crime e de subsídios pagos pelas vítimas dos seus crimes! Isto é IGNÓBIL
Essa escumalha de ciganos são como fungos, parasitas.!!
Os deveres são para os autóctones?
É sabido, que os ciganos são originarios da india.
Toda a gente sabe onde é a india. É mete-los em barcos e larga-los lá.
Não responderei a comentários anónimos. Parece-me regra essencial do debate que as pessoas se identifiquem de alguma forma.
Ora ai está alarvidade anónima dos comentários anonimos do sol ou do correio da manha.
Conheçe uma senhora que ficou paraplégica? Eu conheco um branco na minha terra, mas assim branco como o cal, que matou a mulher e as filhas. E conheco outro que violou uma criança. Voçe havia de morar na minha rua de classe media branca para ver o terror que estes são capazes de fazer!
O senhor ficou confuso. Subscrevo o que o senhor anonimo disse
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