
A crise toca a todos

De como decisões tomadas pelo povo não são necessariamente democráticas.
Governordem
A dignidade contra a chantagem
A chantagem contra greve
A maior greve de sempre foi uma manifestação impressionante de dignidade. A dignidade ergueu-se contra a narrativa auto-contraditória da situação que pretendia sustentar, ao mesmo tempo, que a greve geral não funcionaria porque seria uma acção minoritária que nada mudaria e que ela faria mal ao país porque interferiria com a produção nacional e fragilizar-nos-ia face aos mercados. A dignidade ergueu-se votando com os bolsos numa altura em que se contam os cêntimos para sobreviver. A dignidade ergueu-se pelo simples acto de fazer greve contra os patrões chantagistas. É que, neste país, a democracia é suspensa quando os dominantes se sentem ameaçados. É o mesmo estado de excepção que refaz as fronteiras para impedir manifestantes pacíficos de entrar e que inventa fronteiras no interior das manifestações para cercar os/as que imagina indesejáveis. Só que o tempo da greve é o do estado de excepção permanente tornando o direito à greve quase como uma miragem para muitos/as trabalhadores/as. E ainda assim a dignidade ergueu-se contra a chantagem.
O resto lê-se aqui.
A ressaca
Da situação na Universidade Pública
Como suspender o direito à manifestação em bom português

Serviços e manif: do SEF das manifs aos serviços secretos do “Público”
A manifestação de ontem inaugurou um serviço policial: o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras das manifestações. Do lado de fora das fronteiras, ficaram os elementos perigosos e indesejáveis. E se o Black Bloc falhou à convocatória do tal senhor Anes do tal “Observatório de Segurança”, rapidamente os serviços secretos do jornal Público descobriram o novo plano dos violentos. O agente secreto Paulo Moura não revelou as suas fontes mas não hesitou a escrever no seu texto informativo: “o plano era espalharem-se na multidão e começarem a provocar os polícias, na esperança de que estes ripostassem indiscriminadamente contra a manifestação. Um cenário de a polícia a carregar sobre os velhos militantes do PCP era provavelmente o sonho mais selvagem dos elementos anarquistas.”
Tal como o Block Bloc falhou, também este plano secreto foi gorado. Mas ao agente secreto não bastou revelar estes planos, ele apresenta-nos ainda a sua verdade, armado que está com a sua capacidade psicanalítica. Conhecedor profundo dos sonhos selvagens dos anarquistas, talvez imagine agora aquela “centena” desiludida de anarcas (desiludida mas mantendo como é óbvio a capacidade selvagem de sonhar selvagemmente que caracteriza os anarquistas) depois de regressada a casa masturbando-se ao pensar em cargas policiais sobre velhinhos do PC.
Os vários serviços secretos da República terão triunfado desta feita, mas não será dessa derrota e da repressão que se alimentará essa perversa libido anarquista?
Estratégias de manipulação

O tpc para este fim-de-semana é simples. É aplicar as dez estratégias de manipulação mediática de Noam Chomsky (o texto circula por aí como alguns/algumas já devem ter reparado) à cobertura noticiosa sobre a cimeira da NATO. Quem quiser poderá responder à segunda chamada aplicando-as à cobertura noticiosa sobre a GREVE GERAL.
Já agora, recordo que estas dez estratégias são: a da distracção; a de criar problemas e depois oferecer soluções; a da gradualidade; a de diferir; a de dirigir-se ao público como crianças; a de utilização do aspecto emocional; a de manter o público na ignorância; a de estimular a ser complacente com a mediocridade; a de reforçar ao auto-culpabilidade; a de conhecer os indivíduos melhor do que eles próprios se conhecem.
Naturalmente nem todas se produzem num caso concreto uma vez que se tratam sobretudo de estratégias de fundo. Mas é importante apresentar exemplos concretos, identificar aqueles que acontecem mais frequentemente e fazer um comentário crítico sobre se este modelo de estratégias de manipulação se cola ou não ao exemplo concreto estudado e à nossa percepção da acção dos meios de comunicação de massas sobre a sua audiência. Será importante ainda procurar identificar outras estratégias de manipulação que possam completar/corrigir este quadro.
Até já!
Dia 24 fechamos os livros

É indiscutível que em Portugal se tem vindo a fazer um esforço de investimento na ciência. Todas as pessoas envolvidas na criação científica não deixam, no entanto, de ser afectadas por dinâmicas sociais mais alargadas que, atingido a maioria da população, se traduzem na erosão progressiva de direitos e na imposição de lógicas de organização de trabalho que assentam numa progressiva precariedade. Tal paradigma, sempre apresentado como uma inevitabilidade, constitui uma forte ameaça à autonomia do conhecimento científico.
Etapa de uma resposta colectiva ao futuro de inevitabilidades que nos é proposto, a greve assinala também a visível necessidade de criar formas de debate que permitam pensar modos mais eficazes de enfrentar estes problemas. Por isso, dia 24 fazemos greve.»
Assina a petição aqui.
A associação sem-abrigo e a capital dos arrumadores
A “Associação Volta a Casa” das Caldas da Rainha, que serve refeições a sem-abrigo, ficou sem abrigo para servir estas refeições. A Câmara Municipal deste concelho decidiu correr com ela das instalações porque, segundo o presidente da Câmara local, a instituição “está a transformar-se num problema e não numa solução.”
Problema porquê? Aparentemente porque “atraem à cidade dezenas de arrumadores de outros locais do país” (a notícia cita indirectamente a PSP e o governador civil de Leiria e directamente o presidente da Câmara que chega a afirmar que há arrumadores do Porto que vêm para as Caldas à conta destas refeições).
Ou seja, ao que parece o problema é a associação cumprir aquilo para o qual foi criada, é haver muito quem recorra e sobretudo haver na Câmara a ideia mirífica de que devido a uma associação prestar solidariedade em forma de refeições a sua cidade se está a transformar numa capital dos arrumadores. Sendo que o raciocínio do Presidente da Câmara implica que todos os que recebem esta ajuda serão toxicodependentes e que todos os toxicodependentes são criminosos, dizendo o mesmo: “ninguém está contra a ajuda humanitária às pessoas, mas alguém quer mais instabilidade nas Caldas? Querem mais assaltos, querem mais roubos por esticão?”
Será que fechar estas portas serve para resolver a criminalidade ou a exclusão? Será que estigmatizar ainda mais a pobreza contribui melhora a vida de alguém?
Quem leva estes fantasmas destas cabeças?
A NATO, o Facebook e o "Bloco Negro" do centrão

A abrir caminho, barricou-se na opinião pública um discurso sobre o perigo dos manifestantes violentos. Um bloco negro de jornalistas, comentadores e de “especialistas em segurança”, tantas vezes omisso relativamente aos interesses económicos por detrás das guerras e aos seus crimes, jura que os vândalos se irão manifestar contra a NATO, procurando assim juntar no mesmo saco todas as formas de protesto. Este bloco fica à espera ansiosamente que qualquer pedrada justifique o seu discurso. E prepara-se para aumentar o impacto dessa pedrada, até a tornar num míssil das hordas bárbaras capaz de destruir todo o nosso modo de vida, assim como está disposto a minimizar, por exemplo, a morte de civis nas guerras da NATO e a tortura contra prisioneiros de guerra. O seu bom senso pseudo-pacifista é selectivo conforme as regiões do mundo e não se incomoda com a violência de Estado apenas com a das ruas." (...)
Hoje li isto no DN:"O perfil da Esquerda Anti-Capitalista (Madrid) no Facebook foi cancelado depois do partido ter publicado uma convocatória para a participação na Contra-Cimeira da NATO em Lisboa, que decorre este mês na capital portuguesa. (...)
Em comunicado, publicado na sua página na Internet, o partido explica que a decisão "arbitrária" de fechar a página "só pode ser entendida como uma forma de cortar a liberdade de expressão e o uso aberto desta ferramenta informática"."
We were gonna take it all and throw it all away
Doenças de nervos são doenças de ricos

Num país hiperdoente e hipermedicado (o que por si só faria sentido) não nos cansamos de ouvir que “já não se pode estar triste”, há países mais pobres e mais felizes, a especificidade de Portugal, o fado, a saudade...
Convinha antes de mais perceber porque é 23% dos portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica no último ano, se estão a ser mal diagnosticados, mal medicados, se os médicos são excessivamente zelosos ou simplesmente uma cambada de burlões.
Depois de ter revogado a portaria dos psicofármacos, Ana Jorge afirmou que ia “definir mecanismos reguladores” que beneficiassem quem realmente precisa, os doentes mais pobres e famintos, assim já a ver-se a barriga de kwashiorkor. Mas lembrando-se da frase da melhor poeta cá do burgo “Vinte anos de psiquiatria deixaram-me com mais 40 kg e uma distensão abdominal que me dá lugar sentado em todos os transportes públicos”, Ana Jorge resolveu reconsiderar e criar excepções para os doentes mentais graves, se assistidos no serviços público e “já" para o próximo ano.
Se o principal problema são as prescrições emotivas face às “prescrições racionais”, porque não implementar de vez a prescrição por princípio activo (ou de uma forma mais pomposa, por denominação comum internacional)? E longe de patentes e receitas trancadas à chave, criar um concurso prévio de modo a que ao princípio activo prescrito corresponda um só medicamento. Reproduzindo o que acontece nas farmácias hospitalares, evitavam-se as diferenças de biodisponibilidade que ocorrem mesmo quando se mantém o princípio activo e se muda de marca, a escolha subjectiva entre uma imensidão de fármacos equivalentes com preços muito variáveis, o problemas da mudança de caixas, paletes, cores ou sabores.
A birra

Andar aos toques

Um seguro automóvel que pensa nas mulheres porque isto de ser mulher é viver numa azáfama constante: a maquilhagem, os rolos, os saltos. A gente é muito distraída, umas cabeças de vento. Numa ida ao shopping, não há tempo para pensar se o carro ficou fechado, travado, estacionado, se bebe gasóleo, gasolina ou pepsi-cola. Uma canseira. Não me venham dizer que é cultural, lateralização cerebral, instinto maternal. É estrutural. “É de gaja”.
Eu, do alto das minhas 45 lições de condução, sou contra o plano cor-de-rosa-toques. É claramente insuficiente. Quero um seguro contra todos os riscos, arranhões ou estaladelas de verniz. Melhor, arranjem-me um motorista. Fica-nos mais em conta.
A Europa civilizada e os EUA bárbaros
O princípio do pagante mandante
O princípio enuncia-se facilmente: quem paga manda. Dito de outra forma poderia ser: manda quem paga e obedece quem deve. E quem manda? O mercado, o mercado, o mercado.
A estratégia para remediar a situação também se enuncia facilmente: finja-se. Daí que fosse mesmo melhor suspender a democracia por alguns meses, colocar actores no Parlamento e fingir que todos concordamos. Assim, o poderoso e parolo mercado cairia na esparrela e o país salvar-se-ia da crise. No meio disto tudo, já que já sabíamos que se considerava a subserviência a estes mandantes como a via única, a novidade é apresentar-se a democracia como um pormenor irritante do ponto de vista de um qualquer professor de finanças.
A política cavaquista é fingimento. E chega a fingir que é fingimento a tendência autoritária que deveras sente.
Apelo conjunto dos movimentos de trabalhadores precários à Greve Geral
Cavaco S. hasn't added any tips near Linda-a-Velha yet.

É isto que aparece quando clico numa das redes sociais da página do candidato Cavaco Silva. Pela conversa, percebe-se logo que é o Fernando Lima que está a gerir esta página.
Somos muito especiais



Viva a Minoria!