Futebol e a paz entre os povos
G20/Toronto: Aonde é que pára a polícia?
Absentismo escolar? Suspende-se o abono de família.
"Não vivemos acima das nossas possibilidades"
Será que o Governo e, já agora, o "PPD PSD" leram este e outros estudos? O de Alfredo Bruto da Costa Um olhar sobre a pobreza , por exemplo, também lhes dava jeito e permitiria já agora ao CDS deixar de (só) ser, se é que consegue, demagógico e intelectualmente desonesto quando fala à boca cheia do Rendimento Mínimo. Mmhh...Não me parece.
Sim, esse mesmo governo que negoceia e subscreve uma Estratégia UE 2020 em que os Estados Membros se comprometem a reduzir de 25% o número de europeus/eias vivendo abaixo dos limiares de pobreza nacionais. Não estou bem a ver como pretendem lá chegar, se bem que ainda falta muito para 2020 não é? Na verdade, também não parecem ter grande noção que o salário médio em Portugal é de menos de 680 euros. Ah , e que estamos em 9º lugar no ranking europeu da pobreza. E que estamos no TOP 3 dos países mais desiguais da UE. Que apenas 9% dos/as nossos/as empresários/as têm uma licenciatura. Que 65% dos/as trabalhadores/as por conta de outrém tem um nível de instrução inferior ao ensino primário ou secundário inferior. Essas coisas que o António Barreto, por exemplo, sempre disponível para botar faladura poderia com o seu Retrato Social de Portugal actualizado dizer-lhes. Enfim, minudências ...
Fica aqui um excerto:
Este estudo diz nos duas coisas:
A primeira é evidente para quem conheça o País: os portugueses não vivem acima das suas possibilidades. Vivem abaixo delas. Há uma minoria, isso sim, que garante para si a quase totalidade dos recursos públicos e privados. Somos, como se sabe, o País mais desigual da Europa. Temos dos gestores mais bem pagos e os trabalhadores que menos recebem. Somos desiguais na distribuição do salário, do conhecimento, da saúde, da justiça. E essa desigualdade é o nosso problema estrutural. É esse o nosso défice. Ele cria problemas económicos - deixando de fora do mercado interno uma imensa massa de pessoas -, orçamentais - deixando muitos excluídos dependentes do apoio do Estado -, sociais, culturais e políticos.
Adenda: já agora também vale a pena ler esta notícia sobre o mesmo estudo e esta.
Honduras: 1 ano depois
G20 em Toronto: Mais imagens que não passam no telejornal
Reportagem da Real News Network sobre a repressão policial aos manifestantes e jornalistas na cidade que acolheu a reunião do G20.
Independência ou morte!

Flor do Deserto - a Mutilação Genital Feminina em filme
Fui ontem à antestreia do filme A Flor do Deserto. Este filme, em exibição por toda a Europa, e, a partir de hoje, nos cinemas em Portugal, baseia-se no best seller de Waris Dirie em que a autora conta a sua história: nascida na Somália, numa família vivendo em pobreza extrema, excisada aos 5 anos, vendida para casar aos 13. Waris foge, quase morre, recorre à sua avó que pouco mais faz do que colocar Waris a trabalhar, sob exploração, junto de diplomatas somálios em Londres. Com o regresso dos/as diplomatas à Somália Waris fica na rua sem qualquer tipo de rede de apoio. Não entrando muito em pormenores, a história de Waris é conhecida: acaba por se tornar numa supermodelo e, simultaneamente, usa a sua notoriedade para contar a sua história e alertar para o grave problema de saúde pública, de violência contra as mulheres, de atentado aos direitos humanos que constitui a MGF, sendo escolhida para Embaixadora das Nações Unidas.
É um filme forte que ao mesmo tempo pode parecer, por vezes, demasiado "leve" no tratamento desta temática e das outras que são abordadas (tráfico, uso do corpo das mulheres, situação das/os refugiados/as, etc), contingências de um filme que quer chegar ao grande público. Ainda assim, claramente, recomendo. Estar nos circuitos da grande distribuição e querer chegar ao "grande público", baseando-se num livro autobiográfico, é também a sua mais valia: porque informa, alerta, sensibiliza quem possivélmente não o estava e para quem estava, ou pensava estar, volta a reforçar o sentimento de que é urgente (ainda que saibamos muito díficil) acabar com esta prática.
E salienta dados que nenhum/a de nós deve esquecer: 6000 crianças/jovens, por dia, são vítimas desta prática. 130 milhões por ano...
E se estivessem quietinhos?
Para poupar trabalho, posso avançar já que não, não incorro no mesmo erro que aponto em cima. É precisamente por condenar a violência policial (até porque, embora não de forma física, já fui alvo dela) que alguns argumentos me parecem perfeitamente disparatados.
E pronto, espero que a violência deste vídeo ofenda menos que o sexo de outros.
Saramago? Qual?
Adorava o José Saramago-político.
Gostava assim-assim do José Saramago pessoa.
Tinha uma opinião francamente positiva em relação ao José Saramago homem.
O José Saramago-jardineiro era um desastrado.
O José Saramago-contador-de-anedotas-em-castelhano era um prato!
Era impecável o José Saramago-vizinho.
O José Saramago-colega-de-quarto era um desleixado inacreditável.
O José Saramago-marido era muito atencioso mas deixava sempre o tampo da sanita levantado.
Com que então, quiseram apoiar o Manuel Alegre né?
“essas medidas de ataque ao estado social, não vão resolver o problema e vão conduzir a uma outra crise.”
O ex-Presidente da República diz estar de acordo com o desagrado manifestado pelas centrais sindicais e acusa o Governo de estar a privilegiar políticas neo-liberais que só protegem os ricos.
Com que então quiseram, ainda que tarde e a más horas, apoiar o Manuel Alegre não é? Não perdem pela demora..:)
Agarram'as mamas!
Apoios sociais? Apoios quê? Mmhh...Não. Não conheço.
1 — O presente decreto -lei estabelece as regras para a determinação dos rendimentos, composição do agregado familiar e capitação dos rendimentos do agregado familiar para a verificação das condições de recursos a ter em conta no reconhecimento e manutenção do direito às seguintes prestações dos subsistemas de protecção familiar e de solidariedade:
a) Prestações por encargos familiares;
b) Rendimento social de inserção;
c) Subsídio social de desemprego;
d) Subsídios sociais no âmbito da parentalidade.
a) Apoios no âmbito da acção social escolar e da acção social no ensino superior público e não público;
b) Comparticipação de medicamentos e pagamento de taxas moderadoras;
c) Pagamento das prestações de alimentos, no âmbito do Fundo de Garantia de Alimentos a Menores;
d) Comparticipação da segurança social aos utentes das unidades de média duração e reabilitação e aos utentes das unidades longa duração e manutenção, no âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
e) Apoios sociais à habitação atribuídos pelo Estado quando tal atribuição dependa da verificação da condição de recursos dos beneficiários;
f) Outros apoios sociais ou subsídios atribuídos pelos serviços da administração central do Estado, qualquer que seja a sua natureza, previstos em actos legislativos
ou regulamentares
Mais violência nas esquadras, agora na Amadora
Faites vos jeux, rien ne va plus
«Escrevo este texto de Dusseldorf.»
Ai sim? Eu escrevo da casa de banho, que tenho wireless.
Admirável Mundo Novo
José Saramago - Este mundo da injustiça globalizada

Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja. Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém da aldeia se encontrasse em vias de passamento. Saíram portanto as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens as lavouras e os mesteres, e em pouco tempo estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera de que lhes dissessem a quem deveriam chorar. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. "O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino", foi a resposta do camponês. "Mas então não morreu ninguém?", tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu: "Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta."
Que acontecera? Acontecera que o ganancioso senhor do lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras, metendo-os para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada. O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à protecção da justiça. Tudo sem resultado, a expoliação continuou. Então, desesperado, decidiu anunciar urbi et orbi (uma aldeia tem o exacto tamanho do mundo para quem sempre nela viveu) a morte da Justiça. Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem excepção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada. Um clamor tal, voando de casa em casa, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, saltando por cima das fronteiras, lançando pontes sonoras sobre os rios e os mares, por força haveria de acordar o mundo adormecido... Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias. É bem certo que a História nunca nos conta tudo...
Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do mundo, um sino, uma campânula de bronze inerte, depois de tanto haver dobrado pela morte de seres humanos, chorou a morte da Justiça. Nunca mais tornou a ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias. Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando. De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça. Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exacto e rigoroso sinónimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo. Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em acção, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste.
Mas os sinos, felizmente, não tocavam apenas para planger aqueles que morriam. Tocavam também para assinalar as horas do dia e da noite, para chamar à festa ou à devoção dos crentes, e houve um tempo, não tão distante assim, em que o seu toque a rebate era o que convocava o povo para acudir às catástrofes, às cheias e aos incêndios, aos desastres, a qualquer perigo que ameaçasse a comunidade. Hoje, o papel social dos sinos encontra-se limitado ao cumprimento das obrigações rituais e o gesto iluminado do camponês de Florença seria visto como obra desatinada de um louco ou, pior ainda, como simples caso de polícia. Outros e diferentes são os sinos que hoje defendem e afirmam a possibilidade, enfim, da implantação no mundo daquela justiça companheira dos homens, daquela justiça que é condição da felicidade do espírito e até, por mais surpreendente que possa parecer-nos, condição do próprio alimento do corpo. Houvesse essa justiça, e nem um só ser humano mais morreria de fome ou de tantas doenças que são curáveis para uns, mas não para outros. Houvesse essa justiça, e a existência não seria, para mais de metade da humanidade, a condenação terrível que objectivamente tem sido. Esses sinos novos cuja voz se vem espalhando, cada vez mais forte, por todo o mundo são os múltiplos movimentos de resistência e acção social que pugnam pelo estabelecimento de uma nova justiça distributiva e comutativa que todos os seres humanos possam chegar a reconhecer como intrinsecamente sua, uma justiça protectora da liberdade e do direito, não de nenhuma das suas negações. Tenho dito que para essa justiça dispomos já de um código de aplicação prática ao alcance de qualquer compreensão, e que esse código se encontra consignado desde há cinquenta anos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aquelas trinta direitos básicos e essenciais de que hoje só vagamente se fala, quando não sistematicamente se silencia, mais desprezados e conspurcados nestes dias do que o foram, há quatrocentos anos, a propriedade e a liberdade do camponês de Florença. E também tenho dito que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tal qual se encontra redigida, e sem necessidade de lhe alterar sequer uma vírgula, poderia substituir com vantagem, no que respeita a rectidão de princípios e clareza de objectivos, os programas de todos os partidos políticos do orbe, nomeadamente os da denominada esquerda, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar as realidades brutais do mundo actual, fechando os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro está a preparar contra aquela dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos. Acrescentarei que as mesmas razões que me levam a referir-me nestes termos aos partidos políticos em geral, as aplico por igual aos sindicatos locais, e, em consequência, ao movimento sindical internacional no seu conjunto. De um modo consciente ou inconsciente, o dócil e burocratizado sindicalismo que hoje nos resta é, em grande parte, responsável pelo adormecimento social decorrente do processo de globalização económica em curso. Não me alegra dizê-lo, mas não poderia calá-lo. E, ainda, se me autorizam a acrescentar algo da minha lavra particular às fábulas de La Fontaine, então direi que, se não interviermos a tempo, isto é, já, o rato dos direitos humanos acabará por ser implacavelmente devorado pelo gato da globalização económica.
E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingénuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo? Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos. Nada mais certo, sob condição de que fosse efectivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que actualmente vimos chamando democracia. E não o é. É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo. Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de acção democrática começa e acaba aí. O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa: refiro-me, obviamente, ao poder económico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.
Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e actuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica. E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder económico, com a objectiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes...
Que fazer? Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo. Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute. Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo.
Não tenho mais que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio. O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar. Ouçamo-lo, por favor.
É já este sábado! Às 17h no Principe Real, Lisboa. Marchar. Marchar!
Apelo à libertação do consumo de carne de porco. Não haja paciência para esta gente!
Agora, porém, as autoridades enfrentam novos problemas, porque grupos de extrema-direita decidiram convocar para amanhã, sexta-feira, apéros saucisson et pinard(aperitivos salpicão tintol) claramente anti-muçulmanos, em diversas cidades.
Em Paris, a reunião foi proibida por ter sido marcada para o dia de oração dos muçulmanos, para uma praceta em frente a uma mesquita da "Goutte d'or", um bairro do norte da cidade maioritariamente habitado por muçulmanos (Expresso online)
Ketchups, prognósticos e assopradelas

Para, como nos telejornais, acabar num tom mais leve, pode-se sempre voltar ao assunto de abertura e declarar: "Epá, mas aquela do Ketchup é mesmo digna de um Philip Roth, não é?". A malta ri-se toda, acaba a cerveja e vai para casa inundada daquele sentimento ambíguo de ser tão bom que até dói.
ENCRUZILHADA

DE ROMA
Em Beja, os ciganos foram transladados para um bairro na periferia, logo ao lado do canil municipal, separados da vista e do coração da cidade por um muro de 3 metros de altura. Prometeram-lhes jardins, quintais e se calhar até água canalizada!
Se se portarem bem, daqui a 5 anos são reintegrados noutras zonas, para o bem deles. Por um lado, não se acomodam demasiado ao local, por outro “nós sabemos que nem os ciganos gostam de viver uns com os outros”. Este inefável senhor devia passar uns dias nesta colónia:
Vuvuzelas

Demorou mas percebi: a vuvuzela é um artefacto que, ao produzir um ruído irritante e ensurdecedor, demonstra a paixão de um povo pelo futebol. Continuo é sem perceber a novidade da coisa. Não é isso que todos os noticiários (e até blogs respeitáveis, meu Deus!) fazem de cada vez que há um grande evento futebolístico?
Ó povo metanalítico!
Obra social

Bem me parecia que as críticas à obra social da igreja eram ignominiosas. Atentem cépticos, atentem:
As irmãs Nanteza e Rita foram presas na cidade de Masaka, no Uganda, depois de ter sido descoberta uma plantação de canábis no quintal do convento onde residem. As freiras ainda tentaram dizer aos polícias que a planta não servia para consumo, mas sim para alimentar os porcos do convento, mas a desculpa não foi aceite pelas autoridades. Foram levadas para a esquadra, depois de uma acesa discussão. Nanteza e Rita defendiam que os agentes entraram no convento sem permissão. No entanto, acabaram por ser libertadas apenas com um aviso e com a informação de que é proibido plantar marijuana.
E assim se reforçam os estereótipos de género..
Assim sendo, para além de deixar aqui o hino do mundial para animar a malta , aqui vai o ensaio de um post futebolístico.
Consciente, contudo, das minhas limitações neste campo, vou só deixar umas notas (tipo fax), que isto não dá para muito mais. Ah, e também para evitar que o Bruno do tasco do lado me dê uma esfrega.
Jogo Uruguay- França (0-0):
- Jogo equilibrado; pouco empolgante. Poucas ocasiões de golo (ainda assim a França teve mais). Melhor a 1ª parte do que a 2ª. Jogadores em boa forma física. Bom ritmo de jogo mas ambas as equipas não conseguiram "encontrar o seu jogo"/imprimir o seu ritmo. Dificuldades em construir jogadas. Demasiados remates de longe, percas de bola.
Anelka teve muito fraquinho. Henry devia ter entrado mais cedo. Ribery teve bastante áquem do esperado. O número 10 do Uruguay destacou-se.
- Vuvuzelas: barulho de fundo MUITO irritante que até deve incomodar vários jogadores e retira qualquer hipótese às claques de animar o jogo de outra forma.
- O Uruguay acabou com 10 jogadores devido a uma justa expulsão. O Arbitro ñao estava para grandes brincadeiras ainda que me tenha parecido que 2 ou 3 amarelos foram dados sem necessidade quando 2 ou 3 outros ficaram por dar. Dúvida sob possível penalty no fim do jogo com mão, ainda que não intencional (pareceu-me) de um jogador do uruguay.
- Gourkuff e Gignac: bem giros.
Pronto, era isto:) ah, e....WAKA, WAKA.
Sem cair do palco

Quanto à Ministra, a política é um palco, a sociedade um espectáculo. Já se antevê a condecoração “póstuma” do Presidente da República. Mas em matéria de divas e colares de pérolas, não chega aos calcanhares da Maria de Belém.
Lição do 10 de Junho: Nunca deixar que a verdade estrague uma boa história
O arrastão policial de Carcavelos faz hoje cinco anos.
Em casa de cego, semiótica de surdo

Parece-me bem

E a seguir era tirar o RSI a quem já tenha sido visto a cuspir para o chão, a fazer aviões de papel na aula ou a soltar um "Foda-se!" depois de ter entalado o dedo mindinho na porta do carro.
O totalitarismo de base moral que floresce em todos os "Ponto de Encontro" e "Café Central" deste país bem como no Largo do Caldas, num contexto de recuo de prestações sociais tem o claro objectivo de fazer divergir o foco responsabilizador para os "malandros", para os que "não viveram uma vida honesta como eu". Não há maneira de dar o benefício da dúvida em relação às intenções dos actores políticos que veiculam este tipo de ideias. Correndo o risco de desiludir muita gente (vá. algumas pessoas) e socorrendo-me do número 4 do artigo 46º da CRP queria só dizer aqui fáxabôr que não só esta proposta é anticonstitucional como um partido que defende este tipo de alarvidades não pode ser deixado de ser considerado também como tal.
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10

Não surpreende que se multipliquem as bocas salivadas a disparar as palavras "mérito", "justiça", "calões" e "preguiçosos" à velocidade de 600 palavras por minuto. Não surpreende também que, do outro lado se dispare a palavra "oportunidade". Por isso também não surpreende que ninguém pare dois segundos para pensar no impacto que esta medida terá tendo em conta os objectivos a que a escola de uma sociedade democrática se propõe. Eu também não seria capaz de o fazer mas creio que uma medida deste género ignora por completo que a escola democrática não se deve resumir a uma instituição que valida competências e reconhece méritos. A tentativa de diminuir o abandono escolar precoce anulando parte do percurso que deve ser percorrido não faz, desse ponto de vista, sentido rigorosamente nenhum. E isto nada tem a ver com "mérito", tem, antes, tudo a ver com a compreensão de que o que justifica a existência de uma escolaridade obrigatória é o reconhecimento da escola como formadora de cidadãos com competências académicas mas também cívicas e sociais e, portanto, políticas.
Encerramento de Escolas
O Município de Gouveia não aceita o encerramento de dez escolas do primeiro ciclo proposto pelo Ministério da Educação para o Concelho de Gouveia. Álvaro dos Santos Amaro, Presidente da Câmara Municipal de Gouveia, classifica a medida como «injusta, sem ter em conta a realidade territorial sendo penalizadora para a capacidade de desenvolvimento social e educativo do Concelho.»
A proposta do Ministério da Educação propõe o encerramento de dez escolas no Concelho de Gouveia, duas delas com projecções de 20 alunos ou mais no próximo ano lectivo. Esta realidade é classificada pelo Presidente da Câmara Municipal de Gouveia como incoerente com o próprio princípio subjacente à proposta do Ministério da Educação.
Álvaro dos Santos Amaro afirma que «é diferente encerrar uma escola em Gouveia ou em Lisboa, o impacto social desta medida têm um peso elevado para os territórios do interior, contribuindo, ainda mais, para a sua desertificação. Temos um País a duas velocidades e este tipo de políticas contribui para agudizar as diferenças entre litoral e interior, propondo o autarca que o governo deve encontrar juntamente com as autarquias soluções diferentes para problemas iguais.»
Cadê você Esther?

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