A liberdade está a passar por aqui



Comício de apoio à candidatura presidencial de AnnaLynne McCord em Santa Maria da Feira

Super Nojo II

Há dois anúncios da Super Bock Stout em discussão: o da televisão e o dos mupis. Aquilo que penso sobre o da tv está aqui. Sobre o outro, estou de acordo com o Bruno.
Há, no entanto, um pormenor que gostava de salientar no anúncio do mupi. Aqui, a mulher nem cara tem. Aceitando que os «olhos são o espelho da alma», esta mulher não existe sequer como sujeito. É apenas corpo. Falamos, portanto, de sexismo explícito.
Sobre a questão do poder que cada sexo tem, gostava de dizer que o dito poder da mulher não é verdadeiramente poder (se o fosse, há muito que seria cobiçado). O que as mulheres têm são pequenas margens de poder, como todos os grupos subordinados. A forma como o usam poderá, ou não, constituir-se em agência. E, que me lembre, não foram as mulheres que escolheram o poder doméstico; ficaram com os restos, com aquilo que ninguém quis. É que o poder público dá prestígio, estatuto, e o poder doméstico dá canseira.
Também me chateia essa exigência de excelência, que faz certo discurso meritocrático (às vezes envergonhado), para consentir às mulheres a entrada na esfera pública. O mundo não será necessariamente melhor se houver paridade ou se todo o poder estiver nas mãos das mulheres. Mas também há mais mundo para lá do mito de que os grupos subordinados apenas reproduzem o poder dos seus opressores. O mundo será necessariamente diferente porque a partilha do poder altera a natureza do próprio poder.

Onde há fumo, há fogo

Diz-nos a teoria do Agenda Setting diz-nos que os media têm o poder de definir os aspectos mais relevantes da vida pública (prioridades, preocupações...) desde que transmitam uma mesma ideia com intensidade suficiente e durante um período de tempo suficientemente alargado.

É precisamente isso que está a acontecer com as insistentes notícias acerca de comportamentos não democráticos e/ou não éticos do primeiro ministro. O tipo de reacções que a notícia da chamada do PM à Comissão de Ética da AR é esclarecedor. As notícias das alegadas pressões sobre a comunicação social não são isoladas, são apenas mais um episódio de uma longa novela (a licenciatura, os projectos de habitação assinados por Sócrates, o assessor na Madeira, o Freeport...) que parece não ter fim. Ora, se depois da primeira notícia ainda se mantinha algum saudável clima de inocente-até-prova-em-contrário, a insistência em notícias do género tem o grave efeito de fazer com que cada vez mais pessoas, confiantes num "onde há fumo, há fogo" se apressem em julgamentos caseiros. O clima de suspeita é, claramente, insuportável, mas ele deve-se, acima de tudo, aos que suspeitam, não aos suspeitos. Exercer a cidadania num constante clima de desconfiança em relação a decisores políticos e instituições deita por terra os próprios fundamentos da democracia e abrem caminho a propostas de organização política mais musculadas.

E o pior nisto tudo é que o governo, que tem tomado decisões que são politicamente criticáveis, é cada vez mais criticado pela forma e não pelo conteúdo. É mais uma acha para a fogueira que arde à custa das ideologias políticas e que deixa nada mais do que as características pessoais de candidatos como factor de decisão do voto.

E um último sobre a publicidade

Ergo-me contra o sexismo presente na publicidade da Super Bock Stout. Retrata-nos a nós, homens, como se fossemos seres desprovidos de cérebro que só se interessam por mulheres bonitas, futebol e cerveja. Esqueceram-se dos carros.

Afinal, a Lei do Aborto é... Constitucional!

Tinham sido apresentados dois pedidos de apreciação da conformidade constitucional de diversos aspectos da referida Lei, um por iniciativa de um grupo de trinta e três deputados à Assembleia da República (processo n.º 733/07), outro pelo Presidente da Assembleia Legislativa da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (processo n.º 1186/07). Este último processo foi incorporado no primeiro, por decisão do Presidente do Tribunal. Quanto ao pedido formulado no âmbito do processo n.º 733/07, nele foram alegados vícios de inconstitucionalidade formal e de inconstitucionalidade material. (...)

Ambas as arguições foram consideradas improcedentes.
Ler o Acórdão aqui.

Da anti-democracia


Seria bom que fizessem uma fiscalização a sério destas coisas e as tratassem como os crimes que são. Digo-o porque é todos os anos a mesma coisa e vejo, na escola onde dou aulas (ou melhor, às portas da escola onde dou aulas), todos os anos miúdos e miúdas a chorar ou com vontade disso.

Ainda a propósito da publicidade

A liberdade tem destas coisas. Quando funciona a sério, funciona tanto para a "emancipação" como para a "dominação" e isso é uma coisa que faz uma comichão desgraçada a alguma Esquerda. Ávidos leitores da imprensa alternativa e convencidos que descobriram a "matrix" da nossa realidade, armam-se em Keanu Reeves e desatam a disparar contra as conspirações feitas nas costas dos ignorantes indivíduos, desconfiando de tudo o que mexe e identificando opressão em cada buraco de estrada.

Mais do que defensores da liberdade, estes cruzados defendem, antes, uma esterilização purificadora e "emancipatória" da vida social, empenhados que estão em desmascarar, tudo e todos. Pior, acreditam que este tudo e todos é composto por indivíduos que ou são ingénuos ou fazem parte da trama maquiavélica. O distúrbio já está mais do que documentado na psicologia mas não é essa a perspectiva que aqui me interessa.

A crítica (discutida aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, por exemplo) aos anúncios publicitários da Super Bock e da Vodafone constituem material para um bom estudo de caso a este respeito. Na publicidade não vale tudo, é certo, mas daí a atribuir à publicidade uma capacidade estruturante na nossa sociedade, vai um bom bocado, tal como vai um bocado de não gostar de um determinado anúncio a acusá-lo de ser opressor de um determinado grupo social. Todos os dias, através dos meios de comunicação (não só através da publicidade que contêm mas também através dos próprios artigos) somos aliciados a consumir, somos confrontados com imagens que constituem referentes simbólicos aos quais queremos aderir através do consumo, esteja ele relacionado com a imagem do corpo, hábitos alimentares, práticas culturais, ou outra coisa qualquer. Ora, partindo do princípio que a publicidade não é, em si, maléfica (mas temo não ser acompanhado por toda a gente quando o faço), a grande questão põe-se ao nível da capacidade de interpretação destas mensagens de sedução. É precisamente aqui se estabelecem todas as diferenças. Mais do que "limpar" a esfera pública de todas as más influências da publicidade - que, como é óbvio, serve os interesses de capitalistas gordos que fumam charutos cubanos -, trata-se de garantir a liberdade de publicação destas mensagens num contexto social reflexivo e crítico que só pode ser alcançado através de boas políticas de educação. Mas isso é outra discussão e outros quinhentos. Creio, aliás, que os consumidores estão cada vez mais informados e cada vez mais capazes de ponderar as suas escolhas.

Agora, que não é possível ser-se pelo povo e, ao mesmo tempo, desconfiar de toda gente, isso parece-me evidente.

Da previdência




Programa Bioesfera (2008) sobre a Madeira

Going out with a bang!

"Ferreira Leite recusa retractar-se da comparação entre Portugal e Grécia"

Topete

Relativamente à indignação de muito boa gente com o anúncio da Super Bock, subscrevendo em grande medida a posição do Diogo Augusto, acrescentaria que o problema não está no objecto da mensagem publicitária, nem naquilo que ele simultaneamente testemunha e prescreve. São contas de outro rosário e a sociologia sabe há muito que os estereótipos não circulam por mero acaso ou por extravagância de fulanos ricos, brancos e mal-intencionados. O problema está nas derivas regulacionistas que muita da contestação política ao (sub)texto publicitário tende a alimentar e nessa matéria não alinho nem em chantagens judiciais (como já aconteceu) nem em respeitinhos cagões à la Freitas do Amaral. Se o anúncio é foleiro e sexista? É e não é pouco. Mas a liberdade tem destas coisas. Habituem-se.

Publicidade - regras do jogo

É ténue a linha que divide o puro mau gosto (sempre discutível, claro está, mas legítimo) e a reprodução de estereótipos que promovem desigualdades. Por exemplo, embora concorde plenamente com a Andrea Peniche em relação ao anúncio a que alude, não posso concordar com a crítica ao anúncio que o Bruno Sena Martins refere, nem (ou ainda menos) com o corporativismo do Tiago Mota Saraiva.

A publicidade joga habilmente com o relacionamento daquilo que excita com o produto publicitado e isso, parece-me, cabe nas regras do jogo. Apesar de toda a gente saber que os anúncios não pretendem ser um retrato fiel da realidade, é certo que têm (é esse mesmo o seu propósito) um poder de persuasão e sedução difícil de ignorar. Ainda assim, o sexo excita como excitam o dinheiro, o romance, a liberdade ou o luxo. Portanto, utilizá-los como forma de apelar ao consumo parece-me perfeitamente justificável. Menos justificável é a utilização de papéis de género estereotipados, reproduzindo-os da mesma forma que seria inconcebível um anúncio que utilizasse representações de superioridade étnica de um qualquer grupo.

Mas repito: a linha é ténue.

Super Nojo


O Bruno deu o mote e eu agarrei-o. Há semanas que ando irritada com o anúncio televisivo da Super Bock.

Neste anúncio percebe-se que as mulheres são extremamente úteis para servirem os homens. Para isso devem andar meias despidas e exibir um corpinho de fazer inveja. Eles, por sua vez, divertem-se bebendo cerveja, vendo futebol e falando entre si. Elas só servem mesmo para os servir, uma vez que nem sequer lhes dirigem a palavra.

Os estereótipos contidos neste anúncio proclamam o separatismo e a desigualdade: eles a curtir, elas a servir.
Que mundo estúpido nos reserva, a homens e mulheres, esta cerveja.

Judith Butler: My rabbi told me, 'you are not well behaved.


Philosopher, professor and author Judith Butler arrived in Israel this month, en route to the West Bank, where she was to give a seminar at Bir Zeit University, visit the theater in Jenin, and meet privately with friends and students. A leading light in her field, Butler chose not to visit any academic institutions in Israel itself. In the conversation below, conducted in New York several months ago, Butler talks about gender, the dehumanization of Gazans, and how Jewish values drove her to criticize the actions of the State of Israel.

Ler a entrevista aqui

Vai arranjar um trinta e um...

Sou só eu que temo o silêncio de Marinho Pinto?

Números! Gráficos! Tabelas!

Pordata - Base de dados Portugal contemporâneo.

População, saúde, educação, protecção social, emprego, empresas, despesas familiares, habitação, justiça, cultura, contas nacionais e contas do Estado. Dentro destes temas, a quantidade de dados disponíveis é impressionante e a interactividade do site permite cruzar dados, tratá-los, fazer tabelas clássicas e interactivas... Recomenda-se.

'tava a brincar, pá

Em Cuba como na France Telecom: o suicídio é terrorismo.

Nobre


Para ser sincero, muito me espantou o hype criado em volta de Fernando Nobre cujo nome nunca tinha visto sem que, na mesma frase, se falasse da AMI. É certo que parte da Esquerda ficou eufórica e a outra parte, histérica com o anúncio da sua candidatura mas, se na altura não percebi as reacções, hoje percebo ainda menos.

A declaração da entrada de Nobre na corrida parecia vazia de sentido mas é esse precisamente o problema: o vazio nunca é neutro, o neutro nunca é inócuo. Na história recente das sociedades ocidentais, as linhas divisórias entre políticos, partidos políticos e ideologias esbateu-se consideravelmente o que gerou, inevitavelmente, um discurso de descrença que, embalado por uma situação económica (e, portanto, social) frágil, leva tudo a eito. Ora, é precisamente nestas alturas que a ideologia mais faz falta. Porque os políticos não são técnicos, porque não há opções óptimas, porque não basta ser honesto, essencialmente, porque as escolhas privilegiam sempre umas coisas em detrimento de outras e as ideologias são conjuntos de orientações sociais (no sentido mais amplo) que nos permitem prever as posições dos nossos representantes em determinados contextos hipotéticos.

Ora, depois de se ter declarado nem de esquerda, nem de direita, nem do centro, Nobre vem agora dizer: "Eu vou por valores. Há muita gente que ainda não entendeu que já ninguém acredita nessas coisas da direita e da esquerda: acreditam em valores, em pessoas com carácter e com coluna vertebral.". É esta a grande diferença em relação à campanha de Alegre nas últimas presidenciais: para o bem e para o mal, afastou-se da lógica partidária mas não se afastou da ideologia.

Fernando Nobre, ou por ingenuidade, ou por calculismo político populista está prestar um péssimo serviço à democracia. Ao tentar federar os descontentes com os políticos, a política e os partidos, afirmando-se numa cruzada pela qualidade democrática, não faz mais do que corroê-la. Porque, na política, a neutralidade é muito mais venenosa e perigosa que a ideologia.

Esta semana há jackpot no Tachomilhões!

O absurdo feito lei

No dia em que se assinala o assassinato de Sandino e se lembra a esperança que percorreu (percorre) a América Latina, Amélia, uma mulher nicaraguense com 27 anos, enfrenta a estupidez transformada em lei. Amélia está grávida e tem um cancro. A lei não lhe permite o aborto e sem aborto a medicina não lhe permite o tratamento. Até 2006 a lei previa o aborto terapêutico; depois, já com os sandinistas no poder, a lei foi mudada e o aborto é proibido em todas as circunstâncias. Como podemos aceitar que um regime que exclui as mulheres da cidadania reprodutiva se reclame do socialismo?

Fantas...

Para quem, como eu, não poderá estar no Porto para assistir ao Fantas, esta pode muito bem ser uma boa solução para saber o que de melhor se exibiu por lá. O Jornal Universitário do Porto e o Rascunho associaram-se para uma cobertura especial a descobrir aqui.

Via Limpa Vias.

o combate ilustrado


O livro que reúne mais de 200 ilustrações publicadas na revista "Combate" tem lançamento marcado para esta quarta-feira às 21h30 na livraria Gato Vadio, no Porto. Para dar a conhecer mais de duas décadas da ilustração portuguesa de combate, lá estará o designer Jorge Silva, director de arte da revista e coordenador deste livro que pode ser visto e encomendado aqui.

Sobe para cima, filho, sobe para cima


Estarei enganado ou é da ordem biológica das coisas que as oposições estejam, por definição, derrotadas?

Quanto custa um pelourinho?

Sobre o que aqui se conclui do Prós & Contras de ontem à noite, devo dizer que Irene Pimentel não esteve em cima de ninguém. Teria aliás sido melhor espectáculo do que vê-la insinuar o absurdo do 13º mês: um sentido de justeza e justiça salariais extraordinário. Concordo que António Hespanha tenha sido quem mais se destacou, mas não foi com certeza devido à sua linda camisa à lenhador e blazer-de-bombazine-com-cotoveleiras (nos tempos que correm, irrepreensíveis). Caso Rui Herbon não tenha percebido ou estado atento, com todas as pontas soltas a que a coisa obriga Hespanha traçou um retrato luminoso das lógicas de preservação e reprodução das elites portuguesas (2 000 mil pessoas, atirou a esmo), sob um consenso de Estado mafioso e inquestionado. Economia política, censura e liberdade de imprensa é conflito balizado: o problema está na definição dos termos desse conflito e nisso não se toca.
Se há julgamento nos jornais? Nem podia ser de outra forma. Como bem referiu Rui Machete (!), que se não me engano foi quem levantou a questão da auctoritas (nada como revisitar os conceitos weberianos de dominação, legitimidade, poder e obediência, em vez de especular infantil e inconsequentemente sobre o tema), factos juridicamente relevantes para fins judiciais não são factos politicamente relevantes na prestação de contas pública do poder, com toda a porosidade que caracteriza a sua relação articulada, tipicamente conhecida como judicialização da política e politização da justiça.
Agora a «percepção dessa legitimidade socialmente reconhecida pode ser facilmente manipulada
»? A legitimidade é sempre construída e confeccionada, grosso modo e ao detalhe. Não há legitimidade natural, perturbada pelos media. Se há estratégias apostadas na decapitação de um governo, há duas soluções: aos tribunais cabe o apuramento das irregularidades e à política cabe o contraditório. E no contraditório, cabe a Sócrates todo o ónus da prova que restitua o mínimo de confiança política aos cidadãos. É tão grave julgar no pelourinho como tentar comprá-lo.

Too old to...

O Diário As Beiras de Domingo passado trazia a seguinte chamada de capa: "Prostitutas de 66 anos". Se a chamada não fosse já de si um gritante exemplo do jornalismo mais chauvinista, resolvi ler a notícia que dava conta de uma incursão policial numa casa de Tábua, concelho de Coimbra, por suspeita de práticas de lenocínio.

Na impossibilidade de fornecer o link para a notícia original, remeto-me à notícia do Diário de Coimbra que optou por um título mais sóbrio na sua edição de 20 de Fevereiro.

Quando lemos a notícia, num e noutro jornal, torna-se evidente que as nossas sociedades, de uma forma global, ainda não adquiriram uma linguagem para facilitar a compreensão e a articulação da realidade da prostituição.

Começo pelas aspas - o símbolo do eufemismo por excelência - que abraçam, ao longo dos dois textos, expressões como "meninas" e "má fama" que, além do evidente mau gosto, revelam a hipocrisia e um laivo de provincianismo da parte de quem escreve.

As aspas voltam a repetir-se - e aqui remeto-me já ao texto do Diário de Coimbra - na citação do jargão técnico que as polícias usam para designar os e as intervenientes em redes de prostituição: "operacionais de serviço", "profissional de serviço no exterior" e prostituição em regime de "itinerância" são paliativos que, ao pretender designar de forma anódina, mais acentuam essa inabilidade e o postiço dos termos técnicos.

O tema não é consensual, tão pouco dentro dos activismos feministas. Quando, em 2002, prostitutas se manifestaram em Madrid pela regulamentação do sector de actividade e pela dignificação dos seus direitos, a palavra de ordem que usaram foi "Nem vítimas, nem escravas". A pretenção era legítima e revelava uma sobriedade inequívoca quanto à necessidade de se estabelecer um regime de regulamentação legal e tributária da actividade que, simultaneamente, desencorajasse e punisse as redes de tráfico, provendo pelos direitos básicos à protecção social e sanitária de mulheres e homens envolvidos nos negócios do sexo.
Pretensões legítimas se não se quiser falar de mais nada, dadas as configurações morais que (também legitimamente) rodeiam esta questão.

Voltando à chamada de capa do Diário As Beiras, a pergunta que se impõe é: mas com tantos anos de Caixa, essas senhoras não deviam já estar em casa, a tratar dos netos?

PIGS

Da entrevista de Miguel Sousa Tavares a Sócrates retirei uma informação valiosíssima para a compreensão da situação económica do pais. Aparentemente Portugal faz parte do PIGS. Passou a ser o meu acrónimo preferido.

Declaração de princípios

Aproveito para fazer a minha declaração de princípios a la Charles Foster Kane.

1 - As minorias a que pertenço são absolutas.
2 - Vi, com gosto, alguns episódios da última temporada dos Ídolos.
3 - A qualidade dos meus posts não está garantida.
4 - Não respondo pelo meu passado político (nem pelos outros).
5 - As minhas referências podem ir de Orson Welles a Manuel Moura dos Santos.
6 - Gosto de tudo um pouco, desde que tenha qualidade.

Humildade democrática

Recebi na minha caixa de correio electrónico a seguinte mensagem: "Você foi convidado a contribuir em Minoria relativa". Acedo. Contribuo, mas aviso que me vou vitimizar, 'tá?

Jovem, deputado, socialista e promissor

O inefável neoboy socialista voltou-se agora para a hermenêutica económica. Palavra de honra que nunca vi tamanha inferência. Meia dúzia de lições de lógica aristotélica poderiam ajudar - e só ajudar - a resolver o problema. O pior é que lá no fundo tem a sua razão: uma economia aberta e semiperiférica como a portuguesa exibe vulnerabilidades acrescidas à crise internacional, que por sua vez exigem vontade, competência e inteligência política na atenuação dos seus efeitos sociais mais catastróficos: atributos amplamente deficitários lá em casa. Continue a ler o livro, que lhe fará bem.

sociedade de risco

Fernando Nobre é cidadão exemplar e estimo muito que seja feliz, se possível na companhia de Laurinda Alves. Em matéria presidencial, é lacónico e portanto insultuoso: não sabemos com o que contamos. Já o Estado Estratega e a trajectória política recente de Manuel Alegre fornecem pistas mais claras sobre o seu pensamento ideológico, sublinhando a importância das funções redistributivas do Estado, da protecção e expansão dos direitos sociais, da correcção dos desequilíbrios laborais injustificados, do primado dos serviços públicos em sociedades democráticas e inclusivas. Engraçado: continuamos sem saber com o que contamos. Incerteza por incerteza, eu voto AnnaLynne McCord.

Arte e salvação





A embaixada israelita em Espanha puxou as orelhas à organização da feira de arte contemporânea de Madrid, Arco, por ter colocado em exposição a obra “Stairway to Heaven” do artista plástico espanhol Eugenio Merino (em cima). Trata-se de uma escultura em que as três grandes religiões são representadas (ao estilo do totem?) em oração mas munidos do livro errado, ou melhor, trocado.
A provocação não é, no entanto, nova e já faz parte do modus operandi de Merino que usa a obra de outros artistas como ponto de partida para a sua reflexão. A mais evidente citação em “Stairway to Heaven” provém do trabalho de Maurizio Cattelan “The Ninth Hour", escultura de 2004 que representa o Papa João Paulo II derrubado por um meteorito. Da mesma forma, em “This is not a Philippe Starck” (visível ao fundo da foto acima) há uma espingarda de dentro da qual sai uma menorah, o candelabro judeu do Hanukkah, que segue de perto o registo bem humorado do designer Philippe Starck que usa armas como base para candeeiros.
Na missiva da embaixada, citada pelo El Pais, é denunciada a ofensa e relembrado ao mundo de que modo a liberdade de expressão pode esconder o preconceito e o estereótipo, crítica na qual Israel foi secundado pelos Reis de Espanha, primeiros visitantes da feira.

É sempre refrescante uma polémica em torno de peças de arte contemporânea mas esta não merecerá tanto alarido. Em primeiro lugar porque Merino não descobriu a chave do hiperrealismo, ela pertence, entre outros, a Ron Mueck e, de outro modo, também a Jeff Koons, a Jake e Dinos Chapman e a Damien Hirst (artista que lhe merece tantas críticas); em segundo lugar, porque são extemporâneas (e atentam, essas sim, contra a liberdade de expressão) as opiniões dos líderes religiosos acerca de uma matéria sobre a qual todas as religiões, sem excepção, procuraram desde sempre exercer censura e controlo. É que, se por um lado, todas deram o seu indiscutível contributo para a formação e para a fruição estética dos povos, também é certo que essa fruição e essa formação se operaram por exclusão, por silenciamento e censura.
Certo é, também, que estas polémicas ajudam a vender - a peça de Maurizio Cattelan “The Ninth Hour” rendeu 4 milhões de dólares em 2004 - e Merino já começou a ver os frutos do seu mau comportamento (ou ingenuidade, como o próprio denomina) porque a peça foi imediatamente adquirida por cerca de 45.000 Euros.

Assessores do governo, bloggers e recompensas

Moral da história: Afinal, o Carlos Santos era um gajo complicadex.

Fernando Nobre é Candidato?

Presidente da ONG Assistência Médica Internacional (AMI) quer ser Presidente da República e avança esta sexta-feira.

Afinal esta discussão de presidenciáveis será bem mais interessante do que se esperava.

O que fará um governo da esquerda socialista?

Anfiteatro do Liceu Camões, em Lisboa. Uma organização da CULTRA

27 de Fevereiro, Sábado

1. Na política do trabalho e da segurança social
10:00h Orador: Carvalho da Silva, Coordenador Nacional CGTP/IN
10:50h Comentador: Mariana Aiveca, deputada, Conselho Nacional CGTP/IN
11:10h Debate

2. Na política económica e financeira
11:40h Orador: Francisco Louçã, Professor do ISEG e deputado
12:30h Comentador: João Ferreira do Amaral, Professor do ISEG
12:50h Debate

3. Na política de saúde
15:00h Orador: João Semedo, médico, deputado
15:50h Comentador: Isabel do Carmo, médica
16:10h Debate

4. Na política das cidades e ordenamento territorial
16:40h Orador: Mário Vale, Inst. Geografia e Ordenamento do Território/UL
17:30h Comentador: João Seixas, geógrafo urbanista, ICS/UL
17:50h Debate

28 de Fevereiro, Domingo

5. Na política do ambiente e energia
09:30h Orador: Francisco Ferreira, QUERCUS
10:20h Comentador: Rita Calvário, engenheira agrónoma, deputada
10:40h Debate

6. Na política de desenvolvimento rural e das pescas

11:10h Orador: Fernando Oliveira Baptista, Professor ISA/UTL
12:10h Comentador: Pedro Soares, deputado, presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas
12:20h Debate

7. Na política de igualdade
14:30h Orador: Virgínia Ferreira, Professora CES/FEUC
15:20h Comentador: Manuela Tavares, UMAR
15:40h Debate

8. Na política de justiça
16:10h Orador: Conceição Gomes, investigadora CES/FEUC
17:00h Comentador: Teixeira da Mota, advogado
17:20h Debate

9. Na política de educação

17:50h Orador: António Nóvoa, Professor FPCE/UL, Reitor UL
18:40h Comentador: Ana Drago, deputada
19:00h Debate

10. Na política externa e de defesa
19:30h Orador: José Manuel Pureza, Professor da FE/UC, deputado
20:20h Comentador: Pezarat Correia, General do Exército
20:40h Debate

O meu fim de linha

Deixo a partir de hoje esta toca blogosférica. Aproveito para mandar um abraço forte aos companheiros e companheiras desta curta mas gratificante jornada. Vemo-nos por aí.

A Economia Real

O Homem mais rico de Portugal fez despedimentos preventivos à conta da crise que se anunciava. Os seus trabalhadores, especializados, com mais de 20 anos de empresa, levam para casa 600 euros todos os meses. Quando um, por sinal dirigente sindical, faz queixa à ACT por causa do incumprimento de disposições legais relativas à Higiene e Segurança no Trabalho, leva com um processo de despedimento em cima. Os outros trabalhadores, por se terem recusado a testemunhar contra o primeiro, apanham por tabela. O processo arrastar-se-á em tribunal, e mesmo que seja dada razão aos trabalhadores, não poderão ser reintegrados na empresa (Lembrem-se das mudanças mais recentes no Código do Trabalho). Isto é a violência social no seu extremo. A arrogância dos poderosos que consideram que os trabalhadores são descartáveis. Esta é a Economia Real, imoral, e não a das Bolsas de Valores e das Agências de Rating.


Daniel Bensaïd, o irredutível


«O último combatente da I Guerra Mundial acabou de falecer e agora vamos começar a contagem decrescente dos soixante-huitards», brinca aqui Bensaïd, filmado numa conferência com jovens quando já todos sabiam que ele não iria assistir a essa contagem. A sua presença no Maio de 68 foi o ponto de partida para um trabalho de resgate do pensamento marxista vivo e não dogmático nas décadas seguintes, de que deixou extensa obra. Nunca se desligou da acção política organizada, na LCR francesa - e agora no NPA - ou como dirigente da IV Internacional. «A tumultuosa história dos trotskismos gira em suma em torno de uma grande questão: como continuar “revolucionários sem revolução”?», escreve em "Trotskismos" (edição portuguesa aqui em pdf), o livro que resume a história e as controvérsias que atravessaram esta corrente.

Eu não devia estar aqui

Começou hoje o Carnaval da Nazaré. Esta foto do meu bisavô em 1940 fez-me lembrar como estou irremediavelmente condenado ao exílio. E isso só é bom no resto do ano.

World Press Photo


Pietro Masturzo receberá, no próximo dia 2 de Maio, o prémio World Press Photo. A fotografia que lhe valeu o galardão mostra uma mulher, debruçada de um terraço sobre Teerão, gritando, de mãos em concha à volta da boca, sobre a cidade, entre outras duas figuras femininas. Para além do necessário contexto - a mulher estaria a gritar, em coro com a multidão em baixo, em protesto contra a reeleição do Governo de Mahmoud Ahmadinejad, essencial à estrutura do evento, esta fotografia traz consigo um sentido de dignidade que, na minha opinião, nos concursos da World Press Photo (WPF) já ameaçava diluir-se num triste voyeurismo.

A tentação, em especial para os bons fotógrafos, de acreditar que a fotografia pode comunicar sem palavras é perigosamente recorrente e quando um bom fotógrafo é também um jornalista, o resultado surge, muitas vezes, minado por um expressionismo que se pode tornar grosseiro ou mesmo cruel. Lembro a fotografia vencedora do ano de 1963 em que, pese embora o contexto da sua produção, muita humanidade é, na minha opinião, sacrificada ao ensejo de comunicar. O delicado limite entre a comunicação e a denúncia deverá ser o ponto em que as fotografias da WPF acontecem e, atrevo-me a dizer, esse equilíbrio nem sempre existiu, por razões que se prendem com o próprio mercado da comunicação.

Nesta fotografia de Pietro Masturzo, o sentido operático da cena é sublinhado pela perspectiva que nos mostra sucessivas linhas de casas, em primeiro plano e ao fundo, criando um lastro para as figuras aparentemente solitárias num terraço. Plasticamente, é uma fotografia rica, de cores orgânicas, uma paleta que se associa facilmente a uma certa temperatura psicológica.
Não havendo nada de chocante ou perverso nesta fotografia, torna-se difícil deixar de lembrar outras imagens, das Mães da Praça de Maio argentinas, de momentos políticos e sociais em que a voz das mulheres foi determinante para a denúncia das condições de um país ou de uma comunidade.
Destaque ainda para a galeria de Retratos onde Willeke Duijvekam apresenta a série "Eva, the transgender teenager". É com muita alegria que vejo reconhecido o trabalho de Eugene Richards, galardoado com o primeiro prémio na categoria "Contemporary Issues" pela reportagem da Sunday Times Magazine acerca dos militares regressados do Iraque.

Do amor às coisas apócrifas

Uma passagem rápida pelo moribundo twitter fez-me dar com uma hilariante referência, feita pelo azeite: no seu último livro intitulado "De la Guerre en Philosophie", Bernard Henry-Lévy cita um obscuro filósofo francês - Jean-Baptiste Botul (1896-1947) - no contexto de um feroz ataque a Kant e ao modo como a (inexistência da) sua vida sexual o havia feito entrar em abstracções filosóficas vãs. Acontece que Botul mais não é do que uma personagem fictícia criada por um jornalista, como é hoje contado no jornal i. E as suas conferências aos "neo-kantianos do Paraguai" até estão traduzidas para português por José Mário Silva - com direito a notas circunspectas como esta. Ainda não li "A Vida Sexual de Emanuel Kant", mas a recordação das leituras da trilogia crítica do filósofo de Koenisberg faz-me suspeitar que alguma razão terá o fantasmático Botul. No entanto, neste caso como em muitos outros, convém não confundir o Manuel Germano com o género humano: a vida sexual de Jean-Baptiste Botul também foi assim a modos que inexistente mas os seus escritos aparentam ser bastante calorosos. Prometo que vou conferir.
(A ler esta recensão de Desidério Murcho publicada em tempos no Público, numa altura em que o jornal ainda tinha um suplemento literário).

Responder à ala esquerda do Tea Party

A manifestação de amanhã e o respectivo apelo de convocação têm levado a acesas discussões à esquerda. Fica o convite para uma ronda pelas caixas de comentários do 5Dias, Arrastão e Entre as Brumas da Memória, mas como nem toda a gente é masoquista deixo aqui o meu "estado de alma" sobre o assunto. Desde logo, reitero a estranheza pela ingenuidade de gente capaz de gastar horas a falar da dialéctica entre a táctica e a estratégia, a elocubrar imensamente sobre princípios, traições e desvios, a recusar dar um passo à frente sob pena de dar logo de seguida dois atrás e… à primeira casca de banana colocada pela direita (des)organizada vai logo testar a resistência do solo. Estranha-me que quem sempre teve o cuidado da “suspeita”, de ler nas entrelinhas, de analisar concretamente cada situação concreta, venha agora reclamar-se da literalidade do apelo e se queira imune das intenções e implicações políticas da "tarde branca". Faz-me confusão que pessoas efectivamente preocupadas com o jornalismo que temos e a relação entre o poder político e a comunicação social, aceitem marchar sobre esse espectro porque também se quer derrotar Sócrates. Preocupa-me que não percebam que os efeitos difusos disso servirão sempre para alimentar um populismo anti-políticos que a direita naturalmente cavalga e que em nada contribuirá para discutir aqueles assuntos numa perspectiva de esquerda. Por fim, não posso deixar de me sentir confrangido por antecipação com a agonia que irão sentir ao desfilar ao lado dos apoiantes de Santana Lopes, o da central de informações, Ferreira Leite, a que quer suspender a democracia, e Passos Coelho e Paulo Rangel, os impolutos que se proporão refundar o PSD e pôr o país na ordem, sob o beneplácito interferente ou longíquo do Presidente, antigo chefe de Fernando Lima e em processo de preparação da sua recandidatura a Belém.
Tal como o discernimento político, o humor também tem dias. E vai daí não resisto a postar esta foto manhosa que apanhei agora na rede. Que amanhã não vos corra tudo mal!

Nova campanha da ILGA

O mais lúcido post...

...sobre o assunto blogosférico da semana é este, do Ricardo Noronha. Deixo dois excertos (mas vale a pena ler tudo):

Acolho com algum cepticismo as denúncias apaixonadas, mas tardias, do autoritarismo de Sócrates e da sua incapacidade de lidar com críticas. Foi precisamente esse um dos atributos que lhe mereceu mais elogios quando se tratou de reunir o consenso em torno das «reformas difíceis», contra os «interesses corporativos» e as «resistências à mudança». Nunca faltou apoio a Sócrates para «arrumar a casa», mesmo quando isso implicou uma ofensiva generalizada contra o movimento sindical e contra todos os que se atreveram a denunciar o aprofundamento das desigualdades sociais que acompanhava a sua proposta de «modernização». É verdade que não lhe foi então necessário «silenciar», «afastar» ou «perseguir» pessoas que escreviam nos jornais. Pela simples razão de que os jornais foram há muito higienizados contra esse tipo de opiniões, arcaicas e teimosas, tendo ficado apenas meia dúzia de consciências de esquerda para compor uma duvidosa imagem de pluralismo.


Se é de princípios que se está a falar, então é bom relembrar que a alternativa a Sócrates nas últimas legislativas gosta de fazer humor a propósito da suspensão da democracia e acha um abuso que os jornalistas escrevam as notícias como querem. Por princípio, parece-me indesejável participar numa manifestação dedicada à causa da liberdade, promovida por pessoas que consideravam Manuela Ferreira Leite a melhor solução para os problemas do país e que se dirigem explicitamente a Cavaco para que ele salve a pátria. É sabido que o homem do leme nunca revelou grandes preocupações com o tema e, no que diz respeito ao combate pela liberdade, chega tarde ao seu encontro com a história. Nenhum episódio de calhandrice será suficiente para fazer dele um democrata. A liberdade não vai passar por aqui. Cuidado com as más companhias.

Sobre o manifesto da liberdade

Não assinei o manifesto “pela liberdade” nem conto desfilar de branco frente à Assembleia da República na próxima quinta-feira. Explico sucintamente sob pena de me confundirem com um agente encapotado do engenheiro ou – pecado capital – um “inimigo da liberdade”. Devo dizer, antes de mais, que acho preocupantes as tentativas de condicionamento da liberdade de que temos ouvido rumores e é uma boa notícia que já se esteja a preparar a hipótese de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o assunto. Por outro lado, não é pelo facto do evento ser protagonizado grosso modo pelo povo da direita que me abstenho de assinar. Admito o princípio da táctica; tento é não confundi-la com a ideia de que o inimigo do meu inimigo, meu amigo é.

A verdade é que esta movimentação tem uma leitura do tema, por um lado, e uma intencionalidade política, por outro, que não são as minhas. Em primeiro lugar, os problemas que o assunto convoca – as fronteiras entre o poder judicial e o poder político, as relações entre o Estado e a comunicação social e o condicionamento actual da informação – parecem-me deficientemente abordados. Ainda que algumas formulações do texto me sejam simpáticas, perpassa nele uma vontade de investir Cavaco do papel de defensor das liberdades que depois do episódio Fernando Lima só nos devia fazer rir. Em segundo lugar, e não obstante o tom solene e consensualizado do “apelo à liberdade”, temo que a esquerda esteja não tanto a atacar o nosso Berlusconi “caseiro” – figura que agradará, suponho, a muitos dos “assinantes” da petição – mas a alimentar a ideia de que o que precisamos é de alguém que “venha pôr ordem nisto”. Um Berlusconi anti-Berlusconi para depois de amanhã.

And now for something completely different

A propósito do aparente "cuidado" de José Sócrates em lidar com a comunicação social, vai realizar-se uma manifestação esta quinta-feira, junto à Assembleia da República contra o PM (aka "Todos pela liberdade"). Já há Manifesto. Entre os/as signatários/as encontramos sobretudo malta de direita. Não é uma crítica, por quem sois; apenas uma constatação. Contudo, asseguram "Da esquerda à direita rejeitamos a apatia e a inacção". Não sei se poderei estar presente, mas se fizerem uma manifestação "Todos/as pela liberdade, embora não gostemos do Mário Crespo", contem comigo.

Experimentem procurar em "Jacinto Godinho Capelo Rego"

"CDS desconhece donativos de Manuel Godinho"

A night in Bertrand

Ao contrário do que pensava, O Grande Fedor não é a biografia de Dostoievski mas - badana dixit - uma espécie de O Perfume invertido. Ao contrário do que pensa a moça das prateleiras, Pastoral Portuguesa não é um livro salvífico mas uma compilação de inanidades bem escritas. Ao contrário do que pensa o autor, Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar? não é um título lá muito bem esgalhado mas parece que continua a vender que nem ginjas. Eu próprio só não o comprei porque o voucher era magro e já tinha a suposta história de vida do russo na mão.

Manuel Serra (1931-2010)

Faleceu Manuel Serra, militante da Juventude Operária Católica, lutador antifascista implicado em tentativas militares de derrube do regime, preso político por longas temporadas, membro destacado do Partido Socialista no pós-25 de Abril, do qual viria a sair em 1975 para criar a Frente Socialista Popular (FSP). A Joana Lopes faz aqui um retrato do homem que partiu há umas horas levando consigo um pedaço da história do país.