Relembrar
Há 20 horas
A recente aquisição da Volvo por parte de uma quase desconhecida empresa automóvel chinesa - a Geely International - poderia suscitar diversos tipos de abordagem. A primeira é feita pelo Editorial de hoje do Público. A imagem da Volvo tinha subjacente uma preocupação com a inovação tecnológica e com a segurança. Assim o que se intui nesse editorial é a preocupação (legítima) de que a associação da Volvo a uma empresa que é conhecida pela produção de automóveis baratos e poluentes, que teve que adiar a sua entrada no mercado europeu e norte-americano por causa do incumprimento de standards mínimos, possa toldar definitivamente a cultura organizacional da organização Sueca. A questão final colocada é esta «Ficam em todo este processo, no entanto, uma dúvida e uma nostalgia: serão os Volvo do futuro automóveis requintados e "amigos" dos condutores como o foram na era dos suecos?»
Toma lá mais dois bifes:(Isaías 43,2)
O diploma que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi enviado para o Tribunal Constitucional. Fico contente. O diploma representa um retrocesso, afirma um escalonamento de cidadania ao impedir a adopção. Mesmo que ele seja vetado pelas razões erradas, o resultado é positivo. Só tenho pena que muita Esquerda tenha ficado eufórico com umas migalhinhas envenenadas que lhes foram atiradas aos olhos.
Comentava comigo uma psiquiatra-em-construção (que não é pateta) que nem Freud chegou a tanto. Pensando bem, Bruno Sena Martins, conhecedor reputado da História da Sexualidade, jamais diria esta enormidade:

M'espanto às vezes, outras m'avergonho da indiferença blogosférica relativamente ao suicídio do miúdo de 12 anos, na sequência de episódios repetidos e focalizados de perseguição e humilhação pelos colegas. Se a violência na escola ganhou proporções mediáticas extravagantes por causa de problemas disciplinares essencialmente anedóticos (mas não por isso menos merecedores de censura social), tal como alimentou um debate metafísico e não raras vezes oportunista sobre o assunto (peço desculpa à esquerda que não gosta de traidores mas não incluo aqui Helenas Matos, que às vezes até sabem o que dizem e dizem-no bem), o conhecido fenómeno do bullying tem entrado na agenda pública bem mais de mansinho. Arrisco pensar que o facto de não baralhar o (importante) esquema de autoridades formais no contexto escolar e de beneficiar do mito rousseauniano aplicado aos catraios o tem feito gozar de uma tolerância generalizada verdadeiramente bárbara. Embora acredite que a vigilância e a atenção prestada ao fenómeno sejam progressivamente maiores, gostaria de ver Pinto Monteiro tão empenhado na resolução deste problema tal como o vimos há uns anos alertar os parlamentares para o défice de autoridade dos professores, motivo pelo qual conferiu (contra a vontadinha de Lurdes Rodrigues) prioridade de investigação criminal à violência escolar (cf. art. 3º, alínea a).
Este trocadilho dos «milhões» funciona melhor em lingua inglesa. Milhões = pessoas/dinheiro. Vocês sabem do que eu estou a falar, não é?
A comemoração do centenário Dia Internacional das Mulheres é um óptimo pretexto para, perante amigas e amigos com quem tenho travado acesas discussões acerca da pertinência das teorias feministas, dar mais umas achegas ao debate e ajudar a desmitificar algumas considerações e assombros que ainda subsistem em relação ao tema.
Pedro Adão e Silva indignou-se. Que medo. Parece que o apuramento da verdade e da mentira no discurso público do Primeiro Ministro sobre a aquisição da Media Capital pela PT é psicose da oposição. É perversa de cabeça, como diria a falecida Ferreira Leite. Ora por muito que lhe pareça escabroso, eu queria aqui dizer faxabor que os negócios do Estado (bom-dia centenário da República) não são exactamente o mesmo que uma felação de Monia Lewinsky a Bill Clinton. Quer-me parecer, vá.
À excepção do generalismo, da lapalissada e do lugar-comum, não percebo patavina da vida interna do PSD. Como na grande maioria das coisas, caladinho é que estou bem. Mas não podia deixar de alertar os mais esquecidos ou distraídos para um momento imperativo dos tempos que se avizinham: «à porta da secção H e Oriental há umas caixinhas com dinheiro e pagam ali às pessoas. As pessoas [acabam] de votar, [dizem] ‘já votei' e [dão-lhes] umas notinhas». Entre 25 e 30 euros. Como diria Ana Drago na saudosa Conversa Privada, parece pouco mas faz bem a diferença ;)